Temos vacina contra a COVID-19? Pfizer completa testes com 95% de eficácia
Por Fidel Forato |
Na corrida por uma vacina eficaz e segura contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), os primeiros "vencedores" começam a aparecer. Nesta quarta-feira (18), a farmacêutica norte-americana Pfizer em parceria com a empresa alemã de biotecnologia BioNTech anunciaram os resultados finais (de fase 3) do imunizante contra a COVID-19 desenvolvido. A vacina obteve uma taxa de eficácia de 95%.
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De forma geral, os resultados anunciados pela Pfizer sugerem que a vacina funcione igualmente bem em pessoas de todas as idades e etnias. Além dessa taxa de eficácia geral, o imunizante contra a COVID-19 pode proteger 94% dos adultos com mais de 65 anos, ou seja, o principal grupo de risco da infecção por coronavírus.
Vale destacar que essa taxa representa a proporção de redução de casos entre o grupo de pessoas vacinadas comparado com o grupo não vacinado (que recebeu o placebo, como é protocolar em estudos duplos-cegos). Dessa forma, ao afirmar que uma vacina apresenta 95% de eficácia, pode ser entendido como: uma pessoa vacinada tem 95% menos chances de contrair esta infecção, quando comprada com quem não recebeu o imunizante.
Na semana passada, a Pfizer e a BioNTech publicaram dados preliminares mostrando que a vacina oferecia 90% de proteção contra COVID-19 e não havia problemas de segurança. Agora, a Pfizer deve solicitar nos próximos dias uma autorização de uso emergencial da vacina contra a COVID-19 junto à agência de regulação de drogas norte-americana (FDA). Esta será a primeira vacina genética, caso seja regulada pelas agências de saúde.
Só com essa liberação, será possível pensar em vacinação em massa contra o coronavírus, mas inicialmente para grupos que apresentam maiores riscos, já que a produção de doses ainda é limitada. Ou seja, a vacina não deve ser distribuída para todos no primeiro momento.
Pesquisa sobre a vacina da Pfizer
Esses resultados são baseados em um estudo clínico que envolveu mais de 41 mil pessoas em todo o mundo. Especificamente, os dados que sugerem que a vacina da Pfizer é 95% eficaz foram baseados em 170 casos da COVID-19 diagnosticados entre os voluntários da pesquisa. Desse total, apenas oito pessoas que contraíram a infecção estavam no grupo que recebeu a vacina (e não o placebo).
É isso que sugere uma boa proteção do imunizante, já que a maior parte dos voluntários que adoeceram (162 pessoas) receberam o placebo. Entre todos os doentes, foram notificados 10 casos graves da COVID-19 no estudo, novamente, houve grande diferença entre os grupos. Afinal, nove dos casos graves ocorreram no grupo de placebo e somente um no grupo vacinado.
Durante o anúncio, a farmacêutica também afirmou que não houve problemas sérios de segurança, mas notaram dores de cabeça e fadiga em cerca de 2% dos voluntários que receberam a vacina. Esses efeitos são similares a uma "ressaca forte", conforme relatado.
Quanto a diversidade do estudo clínico, o que é fundamental para a distribuição do imunizante para diferentes países, 42% de todos os participantes são de diversas origens étnicas e 41% têm idades entre 56 e 85 anos. Entre os testados, estiveram voluntários dos EUA, Alemanha, Turquia, África do Sul, Brasil e Argentina.
Vale lembrar que a vacina BNT162 imuniza contra a COVID-19, a partir de duas doses. Este imunizante carrega um RNA mensageiro (mRNA) que estimula o organismo a produzir uma proteína específica do coronavírus. Depois de produzida, o sistema imunológico passa a reconhecer o coronavírus como um antígeno e, assim, cria imunidade contra a doença.
Entretanto, nem o estudo clínico foi publicado em uma revista científica e nem teve suas informações revistas por pares. Essa divulgação científica deve ocorrer nos próximos dias. Mesmo com esses resultados, a pesquisa ainda não foi concluída e pelos próximos dois anos serão coletados dados sobre segurança e eficácia dos imunizados.
Distribuição da vacina da Pfizer
“Os resultados do estudo marcam um passo importante nesta jornada histórica de oito meses para apresentar uma vacina capaz de ajudar a acabar com esta pandemia devastadora. Continuamos avançando na velocidade da ciência para compilar todos os dados coletados até agora e compartilhar com os reguladores em todo o mundo”, afirma Albert Bourla, presidente e CEO da Pfizer, em comunicado.
Agora, as empresas esperam produzir até 50 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 ainda neste ano e até 1,3 bilhão de doses até o final de 2021. O próximo passo será definir quais países devem receber o imunizante, já que tanto os EUA quanto o Reino Unido fizeram encomendas significativas para os primeiros lotes. Quanto o Brasil, é possível que o imunizante só chegue em março.