Pfizer começa a testar delivery de vacinas contra COVID-19 nos EUA
Por Fidel Forato |
Em parceria com a empresa alemã BioNTech, a farmacêutica Pfizer, que anunciou recentemente eficácia de 90% em sua candidata a vacina, começa a testar um serviço de entregas especial para sua o imunizante Estados Unidos. Por depender de temperaturas muito baixas, essa logística será desafiadora — e fundamental — para a distribuição do imunizante, quando aprovado, principalmente em regiões tropicais do globo.
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Por enquanto, a farmacêutica deve testar o serviço de delivery em quatro estados nos EUA e, para essa etapa, foram selecionados: Rhode Island; Texas; Novo México; e Tennessee. A seleção foi feita a partir de critérios que envolvem questões como diversidade de populações e infraestrutura de imunização, além de desafios em alcançar indivíduos tanto em áreas urbanas quanto rurais.
“Os quatro estados incluídos neste programa piloto não receberão doses de vacina antes de outros estados em virtude deste piloto, nem receberão qualquer consideração diferencial”, esclarece a Pfizer, em um comunicado. “Temos esperança de que os resultados deste piloto de aplicação da vacina servirão de modelo para outros estados dos EUA e governos internacionais, enquanto se preparam para implementar programas eficazes de vacinas contra a COVID-19”, completa a farmacêutica. Inclusive, a empresa confirma negociações com o Brasil.
Por que testar um serviço de delivery de vacinas?
Os testes para a entrega de vacinas contra a COVID-19 são fundamentais para o imunizante da Pfizer, porque ele precisa ser armazenado em uma temperatura de -70 °C para se manter estável. Em termos comparativos, essa temperatura de armazenamento é similar à do Polo Sul em um dia de inverno — e nenhuma das outras candidatas têm essa especificidade tão gelada.
Por causa disso, alguns especialistas nos EUA levantam preocupações sobre os desafios de distribuição associados à vacina da Pfizer. Nesse sentido, os testes de delivery serão uma prova prática dessa capacidade. Essas temperaturas tão baixas também podem representar um desafio extra para o transporte em países tropicais como o Brasil.
De acordo com o presidente da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, a farmacêutica também trabalha em uma alternativa para a questão dos transportes. A ideia é o uso de uma embalagem especial, com gelo seco, que será capaz de manter o imunizante na temperatura necessária por até 15 dias, de forma autônoma a freezers. Após o descongelamento, a vacina ainda se manterá estável por mais cinco dias em refrigeradores comuns. No total, do momento em que o produto chega ao país até ser aplicado, seriam 20 dias.
Além da Pfizer, uma outra vacina contra a COVID-19 também norte-americana começa a se preparar para a eventual distribuição, a da farmacêutica Moderna. A vantagem deste outro imunizante é que pode ser armazenado em temperaturas mais viáveis para o transporte, já que precisa se manter em uma temperatura de -20 °C, em um freezer comum.
No entanto, antes de qualquer vacinação contra a COVID-19, vale lembrar que o imunizante ainda precisará obter uma licença de uso com as agências sanitárias de cada país. Nesse sentido, a farmacêutica norte-americana espera obter com a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, uma autorização emergencial de uso neste ano, já que planeja produzir e distribuir cerca de 50 milhões de doses até o final de 2020.
Fonte: The Guardian