Suplemento para ganhar massa muscular pode prevenir Alzheimer
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Usado por pessoas que buscam ganhar massa muscular e potencializar os efeitos da musculação, o ácido beta-hidroxi-beta-metilbutírico (HMB), também conhecido como HMBeta, pode ter efeito protetor contra o declínio cognitivo e contra a doença de Alzheimer. É o que aponta um estudo preliminar, publicado na revista científica Cell Reports.
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Liderado por pesquisadores da Rush University e do Simmaron Research Institute, ambos localizados nos Estados Unidos, o estudo mediu os benefícios do suplemento para ganhar massa muscular em roedores com Alzheimer, dentro do laboratório.
Ainda não se sabe se o mesmo mecanismo funciona em humanos e, caso a resposta seja positiva, a quantidade exata do suplemento que precisa ser ingerida para proteger o cérebro humano do declínio cognitivo ainda não foi estabelecida. Por isso, mais estudos ainda são necessários.
Entenda o que é o ácido beta-hidroxi-beta-metilbutírico
Antes de seguir, vale mencionar que o HMB não é um medicamento e nem um tipo de esteróide (hormônio). Na verdade, é um suplemento na forma de comprimidos, usado por pessoas que buscam formas de ganhar massa muscular, mesmo que existam controvérsias sobre os efeitos da ingestão extra nos músculos.
Independente dos efeitos práticos, este ácido é uma substância naturalmente produzida pelo organismo humano, durante a metabolização (“digestão”) da leucina, um dos componentes das proteínas, como carnes, peixes e ovos.
Dentro do organismo, a leucina é parte do processo de síntese proteica e, consequentemente, dos músculos. Conhecido este processo, existe a ideia de que a suplementação do HBM acelere o processo de ganho de massa muscular. Só que, neste novo estudo, o efeito protetor contra o Alzheimer não está associado aos músculos, como veremos ainda.
Pensando no universo das academias de musculação e do fisiculturismo, um outro grupo de cientistas descobriu recentemente que o suplemento taurina pode retardar envelhecimento e prolongar a vida em 12%, após testes em roedores e macacos.
Efeito do HBM em camundongos com Alzheimer
No atual estudo estadunidense, os cientistas experimentaram suplementar a dieta de camundongos com o Alzheimer com o HBM. Segundo os autores, isso reduziu o tamanho das placas beta-amiloides do cérebro — que estão associadas com a origem da doença neurodegenerativa. Além disso, o suplemento aumentou os fatores neurotróficos (um tipo de proteína) que estimulam o crescimento neuronal, e protegem o aprendizado e a memória.
“Nosso estudo descobriu que, após o consumo oral, o HMB entra no cérebro para aumentar as proteínas benéficas, restaurar conexões neuronais e melhorar a memória e o aprendizado em camundongos com patologia semelhante ao Alzheimer, como placas e emaranhados [de beta-amiloides]”, afirma Kalipada Pahan, professor de neurologia e um dos autores do estudo, em nota.
“Se os resultados de camundongos com HMB forem replicados em pacientes com doença de Alzheimer, isso abriria um caminho promissor para o tratamento desta devastadora doença neurodegenerativa”, acrescenta o pesquisador.
Agora, mais estudos são necessários para descobrir o impacto da estratégia que pode proteger o cérebro do Alzheimer em humanos. Recentemente, outro promissor estudo foi divulgado envolvendo testes em roedores: uma potencial vacina contra este tipo de demência, que reverteu mudanças comportamentais nos animais doentes.
Fonte: Cell Reports e Rush University