Solidão faz com que o cérebro responda de forma diferente a estímulos
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A solidão faz com que o cérebro responda de forma diferente a estímulos visuais. Pelo menos, é essa a afirmação de um estudo publicado na revista Psychological Science. Para chegar a essa descoberta, os pesquisadores fizeram um questionário com 66 universitários e conduziram ressonância magnética.
- O que acontece com o cérebro quando se tenta ler em um lugar barulhento
- Nosso cérebro usa cálculo para controlar movimentos rápidos
A solidão pode ser definida como "o estado de angústia ou desconforto que resulta quando alguém percebe uma lacuna entre os desejos de conexão social e as experiências reais disso”, e para o desdobramento do estudo, os pesquisadores dividiram os alunos em dois grupos: “solitários” e “não solitários”, com base no questionário.
Os pesquisadores então compararam os resultados dos exames cerebrais de cada um, apenas para descobrir que, quanto mais solitária uma pessoa é, mais distintos seus resultados, em comparação aos dos outros voluntários.
Conforme afirmam os autores, os indivíduos não solitários eram muito semelhantes entre si em suas respostas neurais, enquanto os indivíduos solitários eram notavelmente diferentes — não apenas em comparação com os não solitários, mas também em comparação com os demais solitários.
“Pessoas solitárias podem ver o mundo de uma maneira diferente de seus pares. Essas descobertas levantam a possibilidade de que estar cercado predominantemente por pessoas que veem o mundo de maneira diferente de si mesmo pode ser um fator de risco para a solidão, mesmo que se socialize regularmente com elas”, escreveram os pesquisadores.
Os autores também observaram que indivíduos solitários tinham respostas cerebrais atenuadas em regiões subcorticais ligadas ao sistema de recompensa. “Uma possibilidade é que indivíduos solitários não encontrem valor nos mesmos aspectos de situações, talvez por causa de diferenças em suas preferências, expectativas e memórias que podem moldar como eles atendem e interpretam estímulos”, especularam.
Ciência desvenda solidão
Na pandemia, muitos olhares da ciência se voltaram ao isolamento social e seus efeitos. Em 2021, o instituto de pesquisa Ipsos apontou que os brasileiros foram os que mais sentiram solidão durante esse período tão conturbado. O instituto ouviu 23 mil pessoas, de 28 países diferentes. Dentre os brasileiros, 50% dessas mil disseram sentir solidão "muitas vezes", "frequentemente" ou "sempre".
Segundo estudo publicado na Aging, a solidão pode envelhecer mais rápido que o cigarro. A pesquisa incluiu 16 biomarcadores, incluindo níveis de colesterol e glicose, pressão arterial e Índice de massa corporal (IMC). Fumantes aparentam ser 15 meses mais velhos do que não fumantes, mas sentimentos que giram em torno de depressão e infelicidade levam a um envelhecimento biológico mais avançado que o do próprio cigarro.
Anteriormente, um estudo também levantou um alerta: a solidão pode ser tão prejudicial quanto a fome. Na prática, oito horas de solidão podem ser tão prejudiciais quanto oito horas sem comer, esgotando a energia e aumentando a fadiga com a mesma intensidade.
Fonte: Psychological Science via Freethink