Se uma guerra nuclear explodisse, do que a humanidade se alimentaria?
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 02 de Fevereiro de 2024 às 11h04
O que seria da humanidade se ocorresse a primeira guerra nuclear, em escala global, e dezenas ou mesmo centenas de bombas atômicas fossem lançadas? Este seria o fim imediato de milhões de pessoas e outras tantas desenvolveriam complicações devido à radiação. Os sobreviventes, muito provavelmente, iriam precisar comer algas marinhas, o futuro da alimentação humana em caso de catástrofes.
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Em até 14 meses do início da guerra nuclear, as algas vermelhas da espécie Gracilaria tikvahiae estariam prontas para suprir 45% das demandas globais por materiais orgânicos — isso envolve fonte alimento, ração e biocombustíveis —, segundo simulações publicadas na revista Earth's Future.
A seguir, veja se você iria encarar uma refeição feita com essa alga:
O estudo que busca impedir o fim da humanidade foi desenvolvido pela Aliança sem fins lucrativos para alimentar a Terra em desastres (Allfed). Sim, esses cientistas realmente levam a sério o risco de uma destruidora guerra nuclear.
Por que algas como alimento?
No primeiro momento, as explosões em formato de cogumelo podem parecer o maior problema de uma guerra nuclear, mas estão longe de ser. O maior desafio será permitir que os sobreviventes encontrem formas de resistir.
Afinal, a radiação nuclear irá causar sérios danos nos arredores dos locais atingidos por bombas nucleares, o que afetará o meio ambiente. Uma vasta nuvem de fuligem — semelhante ao que ocorreu quando o meteoro atingiu a Terra e contribui com a extinção dos dinossauros — deve se instalar no céu.
A luz solar não mais chegará até a superfície do planeta nos padrões atuais, dando origem ao “inverno nuclear”. As temperaturas devem cair mais de 10 °C e tudo isso durará por muitos e muitos anos. É o prenúncio da fome e de mais guerras entre os humanos, mas, agora, feitas apenas com pedras e paus, como já previu o físico alemão Albert Einstein.
No entanto, os poucos raios de sol que conseguirem atravessar essas barreiras poderão ser suficientes para o crescimento das algas marinhas, criadas em pequenas fazendas marinhas nas costas dos países. Outra vantagem é que o oceano deve esfriar menos que as últimas terras cultiváveis, o que facilitará o crescimento.
Onde usar as algas marinhas no pós-guerra?
Como apontam os pesquisadores da Allfed, as algas marinhas devem compor 15% da alimentação humana, 10% da alimentação animal (através de rações) e 50% da geração de biocombustíveis.
Para os humanos e os animais, as algas são bastante nutritivas, já que contêm carboidratos básicos, proteínas, gorduras boas e inúmeros nutrientes, como magnésio, zinco, vitamina B12, iodo e ácidos graxos.
O problema é que o iodo, em excesso, pode causar complicações, então, outras fontes de alimento teriam que ser usadas de forma complementar, como fungos e cogumelos. Além disso, valerão outros alimentos que forem possíveis reproduzir nessa nova realidade, onde supermercados não mais existirão.
Risco de guerra nuclear
Desde o fim da Guerra Fria, nos anos 1990, o risco de uma guerra nuclear global diminuiu, mas os novos conflitos em andamento podem novamente elevar essa probabilidade, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e o conflito entre Israel e Palestina.
Segundo o Relógio do Juízo Final, faltam apenas 90 segundos para o fim do mundo. Esta não é uma previsão real, mas uma metáfora que aponta os desafios que a humanidade está prestes a enfrentar devido a disputas internas — sem nenhum alienígena envolvido.
Antes que isso aconteça, “investir na construção de fazendas de algas marinhas poderia prevenir a fome global em cenários de redução abrupta da luz solar, evitando potencialmente um número significativo de mortes por fome”, aposta David Denkenberger, membro da Allfed e professor na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, em nota.
Fonte: Earth's Future e Universidade de Canterbury