Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

"Sangue puro" | Movimento quer criar bancos de sangue para não vacinados

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Fevereiro de 2023 às 17h15

Link copiado!

 seventyfourimages/Envato
seventyfourimages/Envato

As vacinas contra a covid-19 são seguras, eficazes e já salvaram milhões de vidas na pandemia. Apesar das inúmeras evidências científicas, grupos antivacina continuar a disseminar desinformações e fake news, especialmente nas redes sociais. A última proposta desses indivíduos é a criação de um banco de sangue, onde apenas pessoas não imunizadas possam fazer doações. É a busca por um suposto "sangue puro".

Por trás do conceito de um banco de sangue exclusivo para pessoas não vacinadas, esta a errônea ideia de que os imunizantes e os anticorpos produzidos tornam o sangue do indivíduo "impuro". Na verdade, a questão não é mais um conceito das redes sociais. Isso porque já existem empresas no mercado — que não citaremos o nome —, criadas com a promessa de conectar doadores de sangue não vacinados com receptores. Estas atuam nos EUA, na Europa e na Austrália, por exemplo.

Aparentemente, o foco do movimento é o sangue de pessoas que tomaram vacinas com a tecnologia do mRNA (RNA mensageiro), como as fórmulas da Pfizer e da Moderna. Outras estratégias de imunização, como o uso de um vetor viral (AstarZeneca/Oxford) ou o uso de um vírus inativado (CoronaVac), parecem ser menos preocupantes.

Continua após a publicidade

Faz sentido pensar em "sangue impuro" após vacinação?

Antes de seguirmos, é necessário retomar o sentido das vacinas. Basicamente, um imunizante é desenvolvido para que a pessoa vacinada e a sua comunidade tenham menor risco de serem infectadas por determinados agentes infecciosos, como o vírus da covid-19.

Embora a fórmula induza a uma resposta imunológica e esta produza anticorpos, o sangue da pessoa não é modificado, e isso também não modifica o tipo sanguíneo ou o fator Rh de ninguém. Se analisado, apenas conterá anticorpos ou outras proteínas específicas contra aquela doença e, ao passar dos meses ou anos, a concentração vai diminuindo até não existir mais. Por isso, doses de reforço são necessárias.

Continua após a publicidade

"Semelhante a outros imunizantes, a vacina contra covid-19 foi projetada para gerar uma resposta imune que ajuda a proteger um indivíduo contra a doença, mas os próprios componentes da vacina não são encontrados na corrente sanguínea", explica Jessa Merrill, porta-voz da Cruz Vermelha, para a agência de notícias AFP. “As doações de sangue de indivíduos que receberam a vacina são seguras", completa.

Aqui, vale reforçar também que os imunizantes contra covid-19 não são a porta de entrada para um chip, com conexão 5G, e nem fazem com que as pessoas brilhem no escuro, como vaga-lumes.

Movimento anti-vacina na Nova Zelândia

Talvez, o maior símbolo do movimento antivacina pelo "sangue puro" seja o caso de um casal da Nova Zelândia que tentou impedir que o filho fosse operado, de forma emergencial, no mês de dezembro do ano passado. O motivo: a criança precisaria de transfusão de sangue no pós-operatório e, eventualmente, o sangue doado seria de uma pessoa vacinada. O caso foi à justiça e, no fim, a criança passou pela cirurgia necessária.

Continua após a publicidade

“Casos como esse se espalham como fogo em sites de notícias e, em seguida, nas mídias sociais, chamando a atenção para as teorias da conspiração antivacina”, comenta Katrine Wallace, epidemiologista e professora assistente da Universidade de Illinois em Chicago. "O movimento 'sangue seguro' é baseado 100% na desinformação", acrescenta.

Fonte: France24/AFP