Filhos herdam o tipo sanguíneo do pai ou da mãe?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •

Filhos herdam as informações genéticas dos pais e, a partir destes dados, desenvolvem suas próprias características. Basicamente, metade do material genético vem da mãe e outra metade do pai. Entendendo este conceito simples de genética, é possível fazer algumas previsões sobre o tipo sanguíneo de um bebê, apesar da variabilidade genética.
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Quando pensamos nos tipos sanguíneos — a mãe pode ser A+, enquanto o pai é O- —, o que usamos é o Sistema ABO. Através dele, entendemos que cada indivíduo possui duas vezes a informação genética que vai determinar o seu tipo: A, B, AB ou O. Esta informação está contida no gene ABO.
Vale explicar que quem é do tipo A possui em seus glóbulos vermelhos a molécula aglutinogênio (o antígeno) A e, por isso, recebe esta nomenclaturara. O mesmo vale para quem tem o tipo B, já que possui o aglutinogênio B. O AB carrega os dois aglutinogênios. Agora, quem não tem nenhum dos antígenos recebe o nome de O.
Entenda qual tipo sanguíneo os filhos podem herdar dos pais
Como explicamos, o filho receberá dois genes que controlam a produção dos antígenos do sistema ABO, sendo um da mãe e outro do pai. Para descobrir as possibilidades do tipo sanguíneo de um filho, basta saber que os genes A e B são dominantes. Por outro lado, o O é o recessivo. Em outras palavras, o primeiro grupo vai se sobrepor ao segundo.
Agora, podemos ir aos exemplos práticos. Por exemplo, quando o pai e a mãe são O, o bebê deverá nascer com o mesmo tipo sanguíneo dos pais, ou seja, o O. Agora, se a mãe for A e o pai for O, é possível que a criança seja tanto O quanto A, mas não será B e nem BA.
A seguir, confira uma tabela de possíveis combinações de tipos sanguíneos, construída a partir de um artigo da Encyclopaedia Britannica:
Dá para usar como exame de paternidade?
Apesar da simplicidade da tabela, a natureza humana é mais complexa e a variabilidade genética pode atrapalhar os resultados do sistema ABO, com algumas exceções. Por exemplo, é possível que filho O ("falso O") nasça a partir de pais AB. Este é o famoso caso do Efeito Bombaim e um dos argumentos contrários ao uso desse modelo em testes de paternidade.
"O Efeito Bombaim ocorre quando, apesar de possuir informação genética para produção do aglutinogênio A ou B (ou ambos), a pessoa não apresenta nenhuma dessas moléculas em seus glóbulos vermelhos, sendo enquadrada no tipo sanguíneo O", explica um artigo da Genera sobre o tema.
Inclusive, situações como essas podem gerar "complicações com relação a questões como a transfusão sanguínea, e também podem gerar confusão em casos de dúvida de paternidade", explica a Genera. Nestas circunstâncias, um teste de DNA é a melhor opção para sanar a dúvida.
Como funciona a hereditariedade do Fator Rh?
"Além dos antígenos do sistema ABO, outro tipo de antígeno também é encontrado nas hemácias: o Fator Rh. O termo Rh origina-se do nome de um macaco, Rhesus, onde originalmente esse antígeno foi encontrado", explica um artigo da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Para entender os sinais positivos e negativos que acompanham as letras A, B, AB ou A, é preciso saber que quem é do tipo sanguíneo positivo possui uma molécula Rh em suas hemácias. Por outro lado, aqueles indivíduos que não a têm, são considerados negativos. O positivo é dominante nesta equação.
A seguir, confira como funciona a hereditariedade do Fator Rh:
Exercício prático para determinar o tipo sanguíneo
Por exemplo, um pai com o tipo sanguíneo A+ e uma mãe com o A- podem ter um filho O-? Adiantamos que a resposta é sim, mas, para isso, é preciso ir por etapas.
Através da tabela do Sistema ABO, é possível observar que, quando os dois pais são A, o filho deve ser O ou A. Em seguida, deve-se checar a possibilidade na tabela de Fator Rh. Nela, podemos observar que um pai com tipo positivo (RhRh ou Rhrh) e uma mãe com tipo negativo (rhrh) conseguem gerar um filho do tipo positivo ou negativo. Dessa forma, concluímos que é possível a existência desta criança hipotética com tipo sanguíneo O-.
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Fonte: Encyclopaedia Britannica, Universidade Federal do Ceará e Genera