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Remédio baratinho atrasa envelhecimento cerebral em macacos

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Erik Karits/Pixabay
Erik Karits/Pixabay

Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, parecem ter encontrado uma forma de brecar o envelhecimento do cérebro com um remédio bastante popular e baratinho: a metformina, também conhecida como cloridrato de metformina. Por enquanto, os resultados foram observados apenas em macacos.

Avaliada em animais como estratégia antienvelhecimento, a metformina é normalmente prescrita para o tratamento do diabetes tipo 2 em humanos, já que reduz os níveis de açúcar no sangue. A cartela com 30 comprimidos custa R$ 4,99 em farmácias. 

Os resultados da pesquisa, publicada na revista Cell, reforçam a ideia de que a metformina (o “remédio baratinho”) tem efeitos no organismo que vão além do controle da glicemia. Inclusive, os testes com humanos já começaram, mas a conclusão deste segundo estudo é esperada para 2028. 

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Efeitos dos remédio para diabetes no cérebro

No estudo, os pesquisadores chineses avaliaram a resposta do medicamento em macacos da espécie Macaca fascicularis. Para isso, foram selecionados 12 machos idosos para receber doses diárias de metformina, outros 16 macacos idosos e 18 macacos jovens.  

Os animais medicados receberam a mesma dose padrão de metformina para o controle de diabetes em humanos. O uso contínuo da medicação se prolongou por 40 meses, ou seja, pouco mais de três anos. No relógio biológico dos primatas, esse tempo equivaleria a 13 anos humanos.

Durante a pesquisa, foram coletadas amostras de 79 tipos de tecidos e órgãos dos primatas. Também foram realizados exames de imagem do cérebro e exames físicos para avaliar a evolução, durante o processo de envelhecimento. A partir desses dados, a equipe criou um modelo computacional que determinava a idade biológica de cada tecido (o que pode diferir da idade cronológica).

Segundo os autores, a metformina retardou o envelhecimento biológico de inúmeros tecidos, como da pele, dos rins, do lobo frontal do cérebro, do fígado e dos pulmões. A medicação foi responsável por controlar a inflamação crônica, que é outra marca do envelhecimento natural.

É como se o remédio pudesse “rebobinar efetivamente a idade dos órgãos” em macacos, comenta Guanghui Liu, biólogo e autor do estudo, para a revista Nature.

Em paralelo, foi observado que o declínio cerebral desacelerou entre os animais idosos medicados e que a atividade neuronal desse grupo era mais próxima que a de macacos cerca de seis anos mais jovens do que a esperada para a idade cronológica. 

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Entre as explicações, os especialistas avaliam a importância de reduzir os níveis de açúcar no sangue e a ativação de uma proteína no cérebro, a NRF2. Ela é responsável por proteger os tecidos contra danos celulares causados por lesões e inflamações.

Descoberta antienvelhecimento para humanos?

Embora os resultados em macacos sejam muito animadores, o estudo pré-clínico tem inúmeras limitações. Um número muito pequeno de animais foi avaliado (menos de 15) e apenas machos foram selecionados. A resposta pode ser outra em fêmeas, por exemplo.

Independentemente disso, a equipe de pesquisa já iniciou os testes clínicos, em humanos, para verificar se a medicação também é benéfica e retarda o envelhecimento cerebral em homens idosos. Cerca de 120 voluntários foram recrutados para o estudo que começou em junho deste ano e vai até julho de 2028.

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Fonte: Cell, Nature