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Que desafios o Brasil ainda precisa enfrentar para ter uma vacina contra COVID?

Por| 05 de Outubro de 2020 às 18h00

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CDC/Unsplash
CDC/Unsplash

Na corrida por uma vacina contra a COVID-19, países e autoridades de saúde investem (e apostam) na pesquisa de um imunizante seguro e eficaz para ajudar a conter a pandemia. Até o momento, 11 vacinas estão na terceira e última fase de testes, quando milhares de pessoas testam suas fórmulas. Entre elas, estão: o modelo da Universidade de Oxford, do Reino Unido; a vacina CoronaVac, da Sinovac; o imunizante Sptunik V, da Rússia; a vacina norte-americana da Pfizer; e também o modelo da farmacêutica da Johnson & Johnson, da Janssen.

Antes de pensar na distribuição, é preciso desenvolver uma vacina contra o coronavírus que tenha concluído a última fase de testes — mesmo que alguns países, como a China e a Rússia, tenham autorizado algum imunizante de forma emergencial, nenhuma das candidatas concluiu as três fases. Entretanto, a etapa é fundamental para que se demonstre a eficácia e segurança da fórmula para o uso, em massa, nas populações.

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Concluída a questão do desenvolvimento, será preciso idealmente distribuir os imunizantes de acordo com as reais necessidades de cada e região, e não pela maior capacidade de compra de determinados países. Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está coordenando um programa de acesso igualitário para vacinas contra o coronavírus, chamado de Covax Facility. Até o momento, mais de 150 países aderiram oficialmente ou confirmaram o desejo de aderir a essa iniciativa, incluindo o Brasil. Conforme anunciado, a meta é que sejam distribuídos dois bilhões de doses de vacinas até o final de 2021.

Disputas por vacinas contra a COVID-19

Mesmo com a união de muitos países para a obtenção de vacinas contra a COVID-19, há algumas potências que discordam de práticas que visam promover o acesso igualitário ao imunizante. Por exemplo, Rússia, China e Estados Unidos não integram o acordo internacional de acesso a vacinas da OMS, porque buscam pelos seus próprios meios autossuficiência na questão.

Nesse cenário, os EUA já encomendaram parte significativa — pelo menos o estoque deste ano, caso seja aprovada —  de uma potencial vacina contra a COVID-19, desenvolvida pela farmacêutica Pfizer. “Isso é fruto de uma política individualista que rompe a sistemática com as organizações unilaterais”, explica o especialista em gestão de Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), Walter Cintra, sobre esse comportamento. 

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“Se for prevalecer esse tipo de individualismo, será realmente um problema, pois só vai agravar a desigualdade no mundo”, reflete o especialista sobre um possível futuro, quando cada país disputará doses da vacina, sem acordos entre nações, como o proposto pela OMS. "Atacar o multilateralismo é defender, direta ou indiretamente, o retorno da lei do mais forte no plano internacional, isso não é bom para o Brasil, nem para o mundo”,  explica Carvalho.

Vacinas mais próximas do Brasil

Contornando alguns problemas para o acesso aos imunizantes contra a COVID-19, o Brasil também investe em uma outra via além da OMS: as parcerias diretas com países ou farmacêuticas que desenvolvem as próprias vacinas. São os casos da vacina de Oxford e da CoronaVac, nos quais o país investe recursos para financiar parte da pesquisa e, posteriormente, receber a tecnologia para a produção interna das vacinas, buscando a autossuficiência nacional no combate a esse vírus.

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Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a simplificação dos procedimentos para a aprovação de uma potencial vacina contra a COVID-19, tornando o processo menos burocrático. Agora, os resultados dos estudos serão acompanhados em paralelo ao desenvolvimento deles.

Aproveitando as mudanças na forma de aprovação, a vacina de Oxford, produzida pelo laboratório AstraZeneca, foi a primeira a enviar os primeiros documentos para serem analisados de forma continuada pela Anvisa e que, um dia, levarão ao registro oficial da vacina no país. De acordo com o Ministério da Saúde, se for aprovada, 30 milhões de doses devem chegar ao Brasil ainda em janeiro de 2021. Além dese lote, outras 70 milhões de doses serão produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no primeiro semestre do ano que vem, já que o acordo prevê transferência de tecnologia.

Em seguida, a farmacêutica Sinovac, responsável pela vacina CoronaVac, enviou parte dos estudos clínicos para serem analisados pela Anvisa também nesse processo continuado. No Brasil, o acordo da CoronaVac é com o estado de São Paulo e coordenado pelo Instituto Butantan, prevendo o fornecimento de 46 milhões de doses do imunizante até o final deste ano. “As vacinas serão entregues pela Sinovac ao Butantan no próximo mês de dezembro”, anunciou o governador João Doria. Além dessa remessa, outras 14 milhões de doses serão fornecidas em fevereiro de 2021 e, posteriormente, o Butantan produzirá a vacina nacionalmente.

É possível que o Brasil também feche parceria similar com o imunizante russo, a Sptunik V. Nesse caso, os governos do Paraná e da Bahia já firmaram interesse com as autoridades da Rússia — entretanto, a pesquisa ainda não foi iniciada em nenhum estado brasileiro, segundo a Anvisa. 

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Fonte: Com informações de Correio Braziliense e The Guardian