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Quanto tempo dura a tosse da covid-19?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Maio de 2022 às 16h15

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Tosses persistentes vêm acometendo não só pessoas que estão lutando contra a infecção pela covid-19, mas também quem já passou por ela: a chamada tosse pós-covid pode, em casos mais extremos, acompanhar pacientes até um ano após a doença, afetando a capacidade de trabalhar e interagir socialmente, além de exigir várias visitas ao médico. Ela é, também, um dos sintomas do que se conhece como covid longa.

Com variantes como a Ômicron, que fica na nasofaringe por mais tempo, as chances de desenvolver a condição só aumentam — as causas da tosse prolongada da covid, no entanto, ainda são misteriosas. Sabemos, no entanto, como identificar o tipo de cada tosse e formas de mitigar os seus efeitos, ou, ao menos, os gatilhos para eles.

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Tosses, vírus e tempo

Sendo um vírus que afeta o trato respiratório, era de se esperar que o SARS-CoV-2 causasse irritação na garganta: além de ser uma maneira do corpo se livrar de partículas indesejadas, a tosse acaba sendo também a forma que o patógeno tem de se espalhar, o que já sabemos que conseguiu fazer pelo mundo de forma bem eficiente.

Entre os mecanismos que geram a tosse pela covid, está a inflamação. Quando nosso sistema imune identifica um vírus como esse, os tecidos afetados se inflamam, inchando e produzindo fluido, em alguns casos mesmo depois do agente infeccioso já ter ido embora. Sabemos, ao menos, de quatro razões inflamatórias que causam e podem manter a tosse por períodos longos:

  • Vias áreas superiores: quando as fossas e seios nasais estão com inflamações, o fluido que produzem pinga no fundo da garganta — o gotejamento pós-nasal — e nos dá vontade de limpar a garganta, seja pigarreando, engolindo ou tossindo;
  • Pulmões e vias aéreas inferiores: se essa área do trato respiratório é afetada, a tosse é uma tentativa de livrá-la dos fluidos e inchaço local. Quando não há muito fluido, ocorre o que chamamos de "tosse seca", onde o inchaço do pulmão por si só já instiga a expectoração;
  • Vias neurais: quando a inflamação envolve o sistema nervoso, seja no cérebro ou nos nervos periféricos, a tosse não é causada pelos tecidos respiratórios;
  • Doença pulmonar intersticial: quando cicatrizes são formadas no tecido pulmonar — ou seja, fibrose — devido à inflamação, isso também pode causar tosse, mas é uma condição mais séria que deve ser diagnostica e tratada por especialistas.
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Além disso, muitas pessoas que sequer tiveram sintomas durante sua infecção pela covid-19 podem acabar desenvolvendo sintomas pós-covid, incluindo a tosse por períodos mais ou menos prolongados. Ela pode persistir por semanas ou até meses: um estudo recente mostrou que cerca de 2,5% dos pacientes continuaram tossindo um ano depois de se livrar do patógeno.

Mas é bom cuidar para não rotular a tosse como um mero sintoma pós-covid e deixar passar outras possíveis causas sérias para reflexos crônicos de expectoração. Há, por exemplo, a chance de uma infecção bacteriana secundária ocorrer junto com a covid, o que pode ser identificado quando os sintomas mudam, por exemplo:

  • Tipo de tosse: quando soa diferente ou fica mais frequente;
  • Tipo de catarro: aumenta em volume, apresentando sangue ou mais resíduos;
  • Surgimento de novos sintomas: febre, dor no peito, coração acelerado ou falta de ar gradualmente maior.
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Falência cardíaca e câncer de pulmão também são doenças sérias passíveis de causar tosses crônicas, então quando qualquer dúvida acerca da condição começar a surgir, o melhor a fazer é consultar um especialista da saúde.

Como combater a tosse da covid-19?

A depender do que causa o reflexo da tosse, há algumas medidas que podem ser tomadas para aliviar os sintomas. Quando o gotejamento pós-nasal é o problema, pastilhas para a garganta, soluções salinas e sprays nasais costumam ajudar, além de dormir em posição mais elevada.

Há casos em que a sensibilidade à tosse acaba ficando elevada, e o reflexo para tossir é desencadeado com muito mais facilidade. Isso é comum com resfriados e gripes e geralmente volta ao normal pouco tempo após a infecção terminar. Caso isso não ocorra, uma garganta seca ou que coça pode ser aliviada bebendo água em pequenos goles, comendo ou bebendo mel e respirando lentamente pelo nariz. Com o tempo, a hipersensibilidade deve passar.

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Ao respirar devagar pelas narinas, o ar que chega ao fundo da garganta é esquentado e umidificado pelas fossas nasais, tendo menos chances de ativar o reflexo da tosse. Se a causa vem da inflamação nos pulmões, então exercícios controlados de respiração e inalação de vapor (tanto em um banho quente quanto por um vaporizador) podem ajudar. O catarro mais grosso pode ficar mais líquido ao inalar soluções salinas por um nebulizador, que vaporiza líquidos e os leva diretamente ao local do muco, nos pulmões.

Não se recomenda, no entanto, utilizar antibióticos, que são úteis apenas no caso de uma infecção bacteriana secundária. Utilizar este medicamento sem necessidade é perigoso e pode fazer com que você desenvolva resistência a antibióticos. Apesar de durar por semanas e debilitar o corpo, a tosse pós-covid pode ser mitigada de maneiras baratas, simples e sem intervenção médica.

Medicamentos como a budesonida, um inalador de esteroides, podem ajudar logo que a covid é diagnosticada, diminuir a necessidade de cuidados urgentes e o tempo de recuperação, mas não há muitas evidências de sua eficiência na tosse pós-covid fora casos anedóticos de pacientes que não encontram outros alivíos para a condição.

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Vale lembrar que a vacina contra a covid diminui as chances de desenvolver tanto os sintomas da infecção quanto sintomas pós-covid, então fica a recomendação sempre: vacine-se!

Fonte: Cough, PNAS, BMC, BMJ, eClinicalMedicine, Physics of Fluids, PubMed