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É rinite, gripe, covid-19 ou virose? Saiba diferenciar!

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Novembro de 2021 às 17h15

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Rawpixel/Envato
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Chegamos à época de frio, em que algumas doenças dão as caras com mais frequência, como a gripe ou a rinite. Mas em um momento tomado pela COVID-19, entender as diferenças entre essas doenças pode ser de grande importância.

Semelhanças e diferenças

Para entender as semelhanças e as diferenças entre cada uma delas, o Canaltech conversou com Ana Elisa Almeida, professora de infectologia da Jaleko, uma plataforma para estudantes de medicina. Essas três doenças (rinite, gripe e COVID-19) se assemelham porque acometem o trato respiratório, causando sintomas similares, como coriza e obstrução nasal. Em alguns casos, como na gripe e na COVID-19 (mas não na rinite), a febre é comum.

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A rinite é a inflamação da mucosa de revestimento do nariz, caracterizada por alguns dos sintomas nasais: obstrução nasal, coriza, espirros, coceira nasal e hiposmia (perda parcial do olfato). Geralmente, segundo a especialista, os sintomas ocorrem durante dois ou mais dias consecutivos, por mais de uma hora na maioria dos dias.

Enquanto isso, o Ministério da Saúde descreve a gripe como uma infecção aguda do sistema respiratório, provocada pelo vírus influenza, com grande potencial de transmissão. "O vírus da gripe (influenza) propaga-se facilmente e é responsável por elevadas taxas de hospitalização. Existem quatro tipos de vírus influenza/gripe: A, B, C e D", explica a pasta.

Já a COVID-19 é descrita pelo Ministério como uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. "O SARS-CoV-2 é um betacoronavírus descoberto em amostras de lavado broncoalveolar obtidas de pacientes com pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, província de Hubei, China, em dezembro de 2019", aponta o site oficial.

A professora de infectologia explica que essas doenças estão mais presentes no inverno porque a queda da temperatura nesse período favorece a disseminação dos vírus nesse período. "No inverno, as pessoas ficam mais tempo em espaços fechados, aglomerando mais e ficando menos ao ar livre, facilitando a transmissão de infecções respiratórias, como resfriados, gripe e COVID-19. Em relação à rinite alérgica, o contato com o ar frio pode piorar a inflamação da mucosa nasal, desencadeando sintomas como a coriza e a obstrução nasal", aponta.

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Sintomas

Segundo Almeida, pacientes com rinite, gripe e COVID-19 podem ter sintomas leves, mas nos casos de gripe e COVID-19, os sintomas podem se tornar graves. Em relação à transmissão, o vírus da gripe pode se espalhar mais rápido que o da COVID-19. Além disso, a alteração no olfato pode ocorrer na rinite e na COVID-19, porém é mais proeminente na infecção pelo coronavírus.

A especialista aponta que, na gripe, o aparecimento dos sintomas é mais rápido. Em relação à rinite, a genética e fatores ambientais têm grande influência. "No caso de surgimento dos sintomas, é fundamental avaliação médica para diagnóstico e manejo adequados", relembra Ana Elisa.

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Segundo a médica, na gripe, o paciente tem comprometimento de vias aéreas superiores (estruturas compreendidas do nariz até à laringe) associado a pelo menos um sinal de comprometimento sistêmico. Os sintomas comuns são: coriza, tosse não produtiva, rouquidão, dor de garganta, febre súbita, mialgia, calafrios, mal-estar geral, apatia, fadiga e dor de cabeça.

"A síndrome gripal, usualmente, é um quadro autolimitado e a maioria das pessoas afetadas recupera-se em três a cinco dias, embora a tosse e mal-estar possam persistir por até duas semanas. Em alguns casos, o paciente pode evoluir para falta de ar ou sinais de gravidade, queda da saturação de oxigênio, aumento da frequência respiratória, piora clínica ou hipotensão, caracterizando a síndrome respiratória aguda grave", explica a infectologista.

Já entre os pacientes com COVID-19 sintomáticos, dor muscular difusa e dor de cabeça são os sintomas mais comumente relatados. "Outros sintomas, incluindo diarreia, dor de garganta e alterações no cheiro ou paladar também são relatadas. A pneumonia é a manifestação grave de infecção mais frequente, caracterizada principalmente por febre, tosse, falta de ar, geralmente uma semana após o início dos sintomas, e alterações nos exames radiológicos do tórax", acrescenta.

A professora de infectologia ressalta que as rinites são classificadas em: infecciosas (agudas, autolimitadas, causadas por vírus, e menos frequentemente por bactérias), rinite alérgica (forma mais comum, induzida por inalação de alérgeno em indivíduos sensibilizados), rinite não alérgica não infecciosa (grupo heterogêneo, pacientes sem sinais de infecção e sem sinais sistêmicos de inflamação alérgica, exemplos: rinite induzida por drogas, rinite do idoso, rinite hormonal, rinite da gestação, rinite ocupacional não alérgica, rinite gustatória, e rinite idiopática) e rinite mista (expressão significante em pacientes com rinite crônica, com mais de um agente etiológico, conhecido ou não).

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Tratamentos

Segundo Ana Elisa, as rinites de origem infecciosas devem ser manejadas com sintomáticos (lavagem nasal com soro fisiológico, corticoide intranasal). Antibióticos são recomendados apenas em rinite causada por bactéria. Em relação à rinite alérgica, que é a forma mais comum, podem ser utilizados anti-histamínicos, descongestionantes nasais e corticoides tópicos nasais. Medidas não farmacológicas, como evitar tapetes e bichos de pelúcias no quarto, eliminar mofo e umidade, quarto bem ventilado e ensolarado, entre outras, são fundamentais.

Já o tratamento da infecção pelo vírus influenza (gripe), além das medidas de suporte, hidratação e repouso, analgésicos e antitérmicos (com exceção do ácido acetilsalicílico pelo risco de eventos adversos, em especial da síndrome de Reye, uma doença rara e grave que causa confusão mental, inchaço no cérebro e danos ao fígado), é baseado no uso de antivirais específicos.

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Em relação à COVID 19, as atuais evidências científicas recomendam que pacientes com sintomas leves a moderados sem risco de progredir para doença grave devem fazer tratamento de suporte com sintomáticos (analgésicos e antitérmicos). "Em pacientes não internados com COVID-19 leve a moderada que apresentam alto risco de progressão da doença, as terapias baseadas em anticorpos podem ter o maior potencial de benefício clínico durante os estágios iniciais da infecção", descreve a médica.

Nesse caso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem disponibilizado o casirivimabe mais imdevimabe (anticorpos anti-SARS-CoV-2) para os hospitais. Já para pacientes internados que necessitam de oxigenioterapia, a médica conta que tem se indicado o remdesivir (agente antiviral), dexametasona (corticoide) e tocilizumabe (anticorpo monoclonal).

Noves fora, e se for virose?

A confusão também pode se estender à virose, que o Dr. Bernardo Almeida, infectologista e chefe médico da Hilab, descreve como um termo genérico utilizado para descrever o grupo de doenças causadas por vírus. "Tende a ser mais usado para os vírus causadores de infecções respiratórias das vias aéreas superiores, como o rinovírus, influenza, vírus sincicial respiratório, coronavírus, parainfluenza, adenovírus, metapneumovírus e até o SARS-CoV-2, ou para os causadores de gastroenterite como os enterovírus", conta.

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O especialista ressalta que a infecção causada pelo vírus influenza, o agente etiológico da gripe, é indistinguível das infecções respiratórias causadas por outros vírus na maioria das situações, se não for investigado com exame complementar, por isso alguns desses diagnósticos de “virose” podem ser de gripe.

Quanto aos sintomas, as doenças mais prevalentes causadas por vírus incluem as infecções das vias aéreas superiores, que cursam com tosse, coriza, rouquidão, dor de garganta podendo ou não estar associadas a febre. Já as gastroenterites causam diarreia, vômitos, dor de barriga e eventualmente febre. "Porém, nem todos esses sintomas ocorrem em todos os casos. Na maioria das vezes são poucos sintomas, eventualmente até a febre isolada", lembra o médico.

Os tratamentos incluem analgésicos e antitérmicos, e as medidas que reduzem complicações são hidratação e repouso. "Há alguns sinais de alerta que indicam a procura médica, como falta de ar, febre persistente associada a mal estar intenso, desidratação e qualquer sinal de alteração do nível de consciência. Pacientes que possuem fatores de risco como os extremos de idade (neonatos e idosos) ou que possuem comorbidades devem ter um limiar mais baixo para busca de assistência", alerta dr. Almeida.

É válido perceber que apenas exames laboratoriais conseguem distinguir as diferentes causas de virose. "Isso tem se tornado mais comum com o SARS-CoV-2, já que há indicação de isolamento dos casos reagentes. Porém, ainda não há de forma rotineira a investigação de outros microrganismos. A tendência é que, com a popularização de testes que diferenciam os agentes, o termo 'virose' entre em desuso", aposta o profissional.

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Fonte: Com informações do Ministério da Saúde (1, 2)