Covid pode começar pela tosse ou pela febre dependendo da variante, diz estudo
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 20 de Dezembro de 2021 às 15h39
Primeiros sintomas da covid-19, como tosse ou febre, podem mudar dependendo da variante que a pessoa contraiu, segundo estudo da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. Dessa forma, rastrear a ordem de sintomas da infecção é uma estratégia para facilitar a identificação de novos casos e impedir futuros surtos.
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Publicado na revista científica PLOS Computational Biology, o estudo norte-americano analisou a varição de sintomas de milhares de pessoas que testaram positivo para a covid-19. A ideia inicial era entender se características do paciente, a localização geográfica e até mesmo o clima poderiam afetar os sintomas.
No entanto, os autores do estudo descobriram que a maior influência nas manifestações clínicas da doença estavam na variante pela qual a pessoa era infectada. As descobertas foram validadas com as primeiras cepas conhecidas do coronavírus SARS-CoV-2.
Sintomas das variantes
Segundo os pesquisadores, a primeira versão conhecida do coronavírus, descoberta na cidade de Wuhan, na China, causava como primeiro sintoma a febre. Em seguida, o paciente infectado relatava tosse e, em alguns casos, náuseas e vômitos.
No entanto, a primeira variante que se tornou dominante em todo o mundo, nos primeiros meses de 2020, a D614G, se manifestava através de uma ordem diferente de sintomas. Por conta da época, esta cepa não chegou a receber o nome de uma letra do alfabeto grego pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No caso da variante D614G, o paciente infectado apresentava os sintomas, na seguinte ordem: tosse, febre e diarreia. Para os autores do estudo, esta ordem era válida para a maioria das pessoas, mesmo que existissem algumas alterações específicas.
Como os profissionais da saúde aguardavam a febre como o primeiro sintoma da covid-19, a mudança desse quadro inicial com a D614G pode ser uma das responsáveis pela disseminação da doença, segundo os pesquisadores. Inclusive, isso pode ter permitido que a variante se tornasse dominante em muitos locais.
Como chegaram aos sintomas?
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores analisaram os sintomas originalmente descritos nos casos iniciais do primeiro surto da covid-19 na China. Em seguida, estabeleceram a ordem de sintomas mais prováveis entre um conjunto de 373,8 mil casos da doença, nos EUA, entre janeiro e maio de 2020, quando a variante D614G se tornou dominante.
Além disso, foram utilizados dados adicionais do Brasil, de Hong Kong e do Japão, incluindo a ordem dos sintomas e a variante dominante, nessas regiões, durante o mesmo intervalo de tempo.
Em comum, os resultados demonstraram que os primeiros sintomas da covid-19 dependem principalmente da variante do que de fatores externos. "O clima, a idade e as comorbidades não afetaram as previsões de nosso modelo sobre a ordem dos sintomas", defendem os autores.
Variantes e os fatores de identificação
“O estudo da ordem provável dos sintomas pode aumentar nossa compreensão de como a doença se espalha e informar ainda mais pesquisas futuras e cuidados de saúde sobre como os indivíduos podem ter a doença”, explica o cientistas Joseph Larsen, da Universidade do Sul da Califórnia, em comunicado.
“Com o surgimento de novas variantes e a probabilidade da covid-19 se tornar endêmica na população, é importante que os pesquisadores continuem a mostrar como as variantes virais afetam a progressão dos sintomas e da doença em indivíduos e populações”, acrescenta o pesquisador Peter Kuhn, da mesma universidade.
Fonte: PLOS Computational Biology