Quanto de cafeína tem no café? E quanto é seguro beber?
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
O nome já não deixa dúvidas: o café é a fonte da maior parte da cafeína que consumimos, apesar da substância estar presente em muitas outras bebidas comuns, como Coca-cola, chás verdes e pretos e chocolate amargo. A quantidade, é claro, varia conforme a bebida baseada em café da qual estamos falando, mas, em uma xícara da bebida pura, a média é de 95 mg de cafeína.
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A variação, no entanto, é grande, indo de quase zero a até 500 mg, e também depende de outros fatores, como o tipo dos grãos e a sua torra, por exemplo. Há, ainda, diferenças entre o café feito em casa e o consumido em cafeterias, especialmente as de franquias. E aí vai um spoiler: café descafeinado não é livre de cafeína.
O que influencia na quantidade de cafeína?
Entre os fatores que influenciam no quanto de cafeína estamos consumindo, podemos elencar alguns dos principais:
- Tipo de grão: cada variedade contém quantidades diferentes de cafeína;
- Torra: para fazer o café, os grãos são torrados, e torras mais leves têm mais cafeína do que as mais pesadas, apesar do sabor ser mais forte nestas últimas;
- Tipo de café: as variações da bebida, como café expresso, instantâneo e descafeinado, contém quantidades diferentes da substância;
- Tamanho da dose: uma xícara de café pode variar de 30 a 700 ml, o que influencia na cafeína presente em uma bebida.
Mas o fator mais determinante é o tipo de café que se está bebendo, levando em conta preparação e ingredientes. O café passado, por exemplo, é o mais comum no ocidente, que é feito ao adicionar água fervente em grãos moídos, geralmente em um filtro. Uma xícara de 230 ml de café passado contém de 70 mg a 140 mg de cafeína, ou seja, 95 mg, em média.
Já o café expresso é feito ao passar uma pequena quantidade de água quente por grãos moídos muito finos. O volume de cafeína dessa bebida é maior do que um café "normal", mas costuma ser menor por dose, já que é servida em pequenas quantidades. Uma dose varia de 30 a 50 ml, tendo em média 63 mg de cafeína. Um expresso duplo, então, leva 125 mg.
Há, também, as bebidas baseadas em expresso, que misturam quantidades e tipos diferentes de leite, como lattes, cappuccinos, macchiatos e cafés longos. Como o leite não traz mais cafeína consigo, a quantidade de cafeína nesses preparados não muda, seguindo a média de 63 mg por dose e 125 mg nas versões duplas.
No café instantâneo, o café, após filtrado, é seco pelo congelamento ou spray, e vem em peças secas solúveis em água. Bebidas com base nesse tipo de café geralmente têm menos cafeína, variando de 30 a 90 mg por xícara — isto é, adicionando o recomendado, que são duas colheres de chá de café seco em água quente.
Então chegamos ao café descafeinado, cujo nome, na verdade, é uma pegadinha: ele não é desprovido totalmente da substância. A variação vai de 0 mg a 7 mg por xícara, com uma média de 3 mg. Algumas variedades ainda conseguem trazer mais cafeína consigo, a depender do método de descafeinação, tamanho da xícara, entre outros.
Além disso, algumas marcas famosas de café contém mais cafeína do que a preparação caseira — um dos motivos é o tamanho das xícaras dos estabelecimentos, maiores do que o normal e podendo chegar a até 700 ml, o que equivale a três ou até cinco xícaras de tamanho comum. O café do Starbucks, por exemplo, contém 180 mg de cafeína a cada 230 ml da bebida. Uma exceção é o McDonald's, que, apesar de não ter um padrão comercial a seguir, contém em média 109 mg em seu café pequeno, de 340 ml.
Café faz bem?
Como praticamente tudo na ciência, não há um consenso sobre o consumo de café ser mais benéfico ou mais maléfico. Há quem diga que a bebida só tem a fazer bem, sendo fonte de nutrientes como manganês, potássio, riboflavina, e antioxidantes; alguns estudos também ligam o seu consumo a menos chances de desenvolver câncer e doenças crônicas, como diabetes tipo 2, Alzheimer e Parkinson, além de insuficiência cardíaca.
Mas nem tudo são flores. Apesar de ajudar na atenção e no estado de alerta, o café pode te deixar mais cansado se consumido continuamente ou em grandes quantidades, já que o corpo se adapta às doses consumidas. Além disso, tomar café demais está ligado a riscos maiores de demência, derrame e outras condições neurológicas — e é possível ter até overdose da bebida.
Ansiedade, distúrbios do sono, palpitações e inquietação também são efeitos adversos do consumo excessivo do café. Consumir de 400 a 600 mg de café por dia não é considerado muito e não é ligado a esses efeitos, o que dá cerca de 6mg/kg de peso corporal, ou de 4 a 6 xícaras por dia. A cafeína, no entanto, afeta cada um à sua própria maneira, principalmente por conta de diferenças genéticas.
No fim das contas, o café não é uma fonte da juventude e nem um veneno, caso consumido em quantidades moderadas. Aprecie a sua cafeína com moderação e a probabilidade de sofrer com esse consumo será muito baixa — só não espere que apenas isso irá te salvar de doenças ou do cansaço, sendo que levar uma vida saudável é sempre recomendado.
Fonte: Trends in Food Science and Technology, PubMed 1, 2, 3, 4, 5