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Qual a diferença entre soro e vacina?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Abril de 2022 às 14h48

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Rthanuthattaphong/Envato Elements
Rthanuthattaphong/Envato Elements

Para melhorar o sistema imunológico de uma pessoa, os médicos podem contar com diferenças estratégias, como soros e vacinas. Ambos atuam na proteção do corpo contra "substâncias" estranhas, o que muda é a hora da aplicação. De forma geral, uma vacina é uma medida de prevenção, enquanto o soro é uma espécie de recurso extra contra emergências.

Vale lembrar que o sistema imunológico é responsável por defender o organismo contra invasores. Para isso, ele consegue detectar vírus, bactérias e toxinas e, em seguida, adota estratégias para eliminá-los. Na maioria das vezes, ele funciona muito bem, mas, às vezes, o corpo precisa de uma ajuda extra. Neste ponto, costumam entrar tanto a vacina quanto o soro.

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O que é uma vacina?

A vacina pode ser definida como um imunobiológico que atua de forma preventiva, já que a sua composição prepara o organismo para reagir em caso de infecção, seja ela viral ou bacteriana. Por isso, este tipo de proteção é conhecida como imunidade ativa. Por exemplo, uma pessoa nunca é imunizada quando se descobre uma infecção, porque isso não geraria uma redução imediata da gravidade do quadro.

"Você espera que a pessoa que recebeu o imunizante tenha a chamada imunidade celular, que é uma memória. Quando ela tiver contato com o vírus, vai formar uma grande quantidade de anticorpos", detalha a pesquisadora e diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski, em nota.

Vacinas conhecidas

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As vacinas são amplamente usadas contra doenças causadas por vírus — como a fórmula da gripe (influenza), da covid-19, do sarampo, da poliomielite (pólio) e do HPV —, mas também contra algumas bactérias — como a da tuberculose (BCG). Inclusive, se você é brasileiro, já deve ter recebido pelo menos 10 imunizantes diferentes ao longo da vida.

A seguir, confira uma lista de vacinas amplamente usadas no Brasil:

  • Vacina contra a gripe;
  • Vacina contra a covid-19;
  • Vacina contra a pólio;
  • Vacina BCG (Bacilo de Calmette & Guérin): protege contra as formas graves de tuberculose, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar;
  • Vacina contra o HPV;
  • Vacina Tríplice Viral: promove a proteção contra sarampo, caxumba, rubéola;
  • Vacina Tetra Viral: imuniza contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.

Como são feitas?

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Na maioria dos casos, as vacinas são produzidas a partir de antígenos (vírus ou bactérias) inativados ou com fragmentos deles. No nosso organismo, estes compostos estimulam a produção de anticorpos e células de memória do sistema imune. Através deles, o corpo estará imunizado. No entanto, é importante lembrar que a proteção nunca chega a 100%, mas pode ser fundamental para impedir complicações de uma doença e a morte.

Com a pandemia da covid-19, foram desenvolvidas as primeiras fórmulas com mRNA (RNA mensageiro). Nestes casos, apenas a molécula com informação genética é incluída na composição do imunizante, ou seja, nenhum fragmento do agente infeccioso é usado. Estes são os casos da vacina da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

O que é um soro?

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Diferente da vacina, o soro não promove a imunidade ativa. Na verdade, a pessoa recebe anticorpos previamente produzidos em outro organismo contra a doença ou substância que se quer proteger. Por isso, a imunização é passiva. Aqui, a estratégia também é usada para a proteção contra venenos (picada de cobra) ou para evitar a rejeição de órgãos em transplantes.

De forma geral, os soros são receitados em casos onde um tratamento rápido e eficaz é necessário. Em outras palavras, quando não é possível esperar que o organismo produza os seus próprios anticorpos contra uma determinada substância. Nesses casos, é preciso recorrer a antianticorpos que já estão prontos.

No Brasil, o Instituto Butantan é uma grande referência na área de produção de soros. "Os soros do Butantan são frações de imunoglobulinas purificadas e específicas, com apresentação na forma líquida, em frascos-ampola de 5, 10 ou 20 mililitros (dependendo do tipo de soro) e que devem ser conservados em geladeira até o seu uso", detalha o instituto sobre a apresentação. Basicamente, o frasco é similar ao das vacinas.

Como é produzido?

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O soro é produzido a partir da inoculação de um antígeno (toxina de animais peçonhentos, vírus ou bactérias), normalmente, em um mamífero de grande porte, como os cavalos. Com a invasão do agente infeccioso, o corpo do animal reage ao microrganismo e produz anticorpos para combater a infecção.

Em seguida, o sangue (plasma) dos equinos é coletado e os anticorpos produzidos são isolados. Este composto passa por um processamento industrial, utilizando métodos físico-químicos. Em seguida, são purificados, formulados e, por fim, envasados.

De forma geral, os outros elementos do sangue que não são usados, como as hemácias, os leucócitos e as plaquetas, são devolvidas para o animal. Afinal, apenas os anticorpos interessam para a formulação do soro.

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Tipos mais famosos de soros

Embora sejam menos comuns para a população, existem diferentes tipos de soros e a maior parte deles é adotada para o controle de reações causadas pelo veneno de animais peçonhentos, como cobras e escorpiões. A seguir, confira uma lista das fórmulas mais famosas:

  • Soro antibotrópico: age contra veneno de algumas cobras, como jararaca, jararacuçu e urutu;
  • Soro anticrotálico: atua contra veneno da cobra cascavel;
  • Soro antielapídico: age contra veneno da cobra coral verdadeira;
  • Soro antiescorpiônico: atua contra veneno do escorpião do gênero Tityus, como o escorpião amarelo;
  • Soro antilonômico: age contra veneno de lagartas do gênero Lonomia, como a taturana;
  • Soro antiaracnídico: atua contra veneno de algumas aranhas, como aranha armadeira ou a aranha marrom, além de escorpiões;
  • Soro antidiftérico: age para neutralizar a toxina da bactéria Clostridium difteriae;
  • Soro antirrábico: prescrito para a profilaxia da raiva humana após exposição ao vírus rábico.

Extra: anticorpos monoclonais

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Com a pandemia da covid-19, foi popularizada uma estratégia semelhante a dos soros: os anticorpos monoclonais. A principal diferença é que esta não depende de animais para a sua produção. Na verdade, os anticorpos são desenvolvidos em laboratórios, mas também ajudam o paciente a enfrentar determinadas doenças.

"Há mais de 30 anos, os anticorpos monoclonais são aprovados e usados ​​para tratar inúmeras doenças, como asma grave, artrite reumatoide, doença de Crohn, esclerose múltipla, doenças infecciosas e alguns tipos de câncer", lembra a farmacêutica AstraZeneca. No caso da covid-19, a empresa desenvolveu o AZD7442, também conhecido como Evusheld.

Quais as diferenças entre soros e vacinas?

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Em resumo, a principal diferença entre soro e vacina é que o primeiro produz imunidade passiva, enquanto a segunda promove a imunidade ativa. Por causa das finalidades que são divergentes, carregam componentes com funções diversas em sua formulação.

Por exemplo, o soro traz anticorpos prontos. Do outro lado, a vacina contém substâncias (os antígenos) que irão fazer com que o próprio corpo produza as suas defesas, mas não possuem nenhuma célula do sistema imune em sua formulação, como os anticorpos.

Em um cenário ideal, vacinas deveriam ser amplamente usadas, já que prepararam o corpo e impedem ou reduzem significativamente o risco de que doenças se manifestem. No entanto, emergências e situações não previsas podem acontecer, o que ressalta a importância dos diferentes tipos de soros. Dessa forma, a existência das duas alternativas é complementar.

Fonte: Instituto Butantan, Fapesp e AstraZeneca