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Próxima pandemia? Varíola dos macacos não é a nova covid, dizem especialistas

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Passado o momento mais grave da pandemia da covid-19, muitos cientistas e milhares de pessoas se perguntam se outro vírus poderia representar um risco tão grande para a humanidade. Afinal, o coronavírus SARS-CoV-2 foi responsável por mais de 6,2 milhões de mortes oficiais. No entanto, este não parece ser o caso da varíola dos macacos (monkeypox), segundo especialistas.

Independente de não ser um desafio tão grande quanto a covid-19, é inegável que a varíola pode representar um risco e, no momento, a plataforma Global.health contabiliza pouco mais de 200 quadros oficiais da infecção, espalhados pelo mundo. No passado, a GAVI Alliance chegou a incluir este vírus entre os 10 com maior potencial para se tornarem uma pandemia. Só que existem diferenças significativas entre os dois agentes infecciosos.

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"O principal risco para as pessoas hoje em dia, com relação aos vírus, continua sendo a covid”, afirma Angela Rasmussen, virologista e professora da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, para o jornal The New York Times. “A boa notícia é que muitas das mesmas medidas que reduzirão o risco da covid — como distanciamento social, uso de máscaras em espaços públicos, boa higiene das mãos e desinfecção de superfícies — também reduzirão o risco de contrair a varíola”, explica.

O conhecimento difere as duas doenças

“Depois de mais de dois anos vivendo uma pandemia, é compreensível que a notícia de um novo vírus se espalhando pelo mundo possa causar alarme, mas especialistas em saúde dizem que é improvável que a varíola crie um cenário semelhante ao do coronavírus, mesmo se mais casos forem encontrados", afirma Maria Van Kerkhove, diretora técnica da Organização Mundial da Saúde para a covid-19.

“À medida que a vigilância se expande, esperamos que mais casos sejam vistos. Mas precisamos colocar isso em contexto, porque não é a [nova] covid”, acrescenta. Para justificar o argumento existem diferentes pontos, mas o foco está no conhecimento sobre o agente infeccioso.

A principal diferença entre a covid-19 e a varíola dos macacos é que o primeiro foi um completo desconhecido. Em outras palavras, no começo da pandemia, ninguém sabia como ele era transmitido, não se entendia como a infecção evoluía no organismo, não existiam vacinas e, hoje, ainda busca se compreender as sequelas da infecção. Agora, a "nova" ameça já é conhecida pela ciência desde 1970 e já existem imunizantes para combatê-la.

Se os casos continuarem a subir, uma hipotética questão seria a necessidade de produzir as vacinas contra a varíola — sim, porque o mesmo imunizante da doença humana protege contra a varíola dos macacos — em larga escala e distribuir as doses entre os países. Desde a erradicação da varíola humana, as pessoas não são mais imunizadas contra a doença e, por isso, ela pode ser bastante transmissível.

Mutações genéticas no vírus da varíola dos macacos?

Outro ponto necessário é entender o que levou a este surto de casos da varíola dos macacos. Nesse sentido, pesquisadores ainda analisam o genoma do vírus da varíola dos macacos encontrados nos pacientes. É necessário entender se existem mutações de risco, como aquelas que favorecem a sua transmissão.

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No momento, não há nenhuma evidência indicando que o vírus da varíola dos macacos tenha evoluído ou se tornado mais infeccioso, explica Luis Sigal, da Universidade Thomas Jefferson, nos Estados Unidos. O cientista também comenta que vírus de DNA, como a varíola, são mais estáveis ​​e evoluem de forma extremamente lenta em comparação com os vírus de RNA, como o coronavírus.

Inclusive, Sigal espera que as amostras genômicas mostrem que o vírus da varíola dos macacos do atual surto seja igual ao agente infeccioso já conhecido anteriormente. Caso o palpite se confirme, o vírus não mutou em questões que envolvem a sua infecciosidade ou a gravidade da infecção para o hospedeiro.

Muito provavelmente, a explicação para a nova onda de casos está relacionado com o aumento da urbanização e do desmatamento, o que coloca os seres humanos em maior contato com animais selvagens e os seus vírus. Hoje, “há mais oportunidades para patógenos relativamente raros entrarem em novas comunidades, encontrarem novos hospedeiros e viajarem para novos lugares”, lembra a especialista Rasmussen.

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Vale lembrar que a varíola dos macacos já foi encontrada não só em primatas, mas também em roedores. Por exemplo, em 2003, um surto foi causado nos EUA, após a importação de animais selvagens da África para serem criados como animais domésticos.

Também não é o novo HIV

Pesquisadores também sugerem que a onda de surtos da varíola dos macacos não represente o novo HIV, o vírus causador da Aids. É verdade que, no momento, a maioria dos casos ocorreu em homens jovens e que estes se identificam como homens que fazem sexo com homens, mas não foi o único perfil infectado, segundo a OMS.

No momento, os especialistas ainda são cautelosos em sugerir que a transmissão da varíola dos macacos pode ocorrer através do sêmen, durante o sexo. É mais provável que a infecção ocorra, a partir do contato com as lesões da pele — o principal marcador da doença.

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“Esta não é uma doença gay, como algumas pessoas nas mídias sociais tentaram rotulá-la”, pontua Andy Seale, consultor do Programa de HIV, Hepatite e DSTs da OMS. “Qualquer um pode contrair varíola dos macacos através de contato próximo”, completa.

Fonte: NYT  

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