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Varíola do macaco pode virar pandemia? O que sabemos até agora

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Maio de 2022 às 16h12

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Brian W.J. Mahy/OMS/CDC
Brian W.J. Mahy/OMS/CDC

A varíola do macaco, doença rara presente em alguns primatas no centro e oeste da África e que causa erupções cutâneas, tem causado preocupações com o registro de casos na Europa, nos Estados Unidos e na Oceania. É possível que se torne uma pandemia? Segundo os cientistas, não — e por uma série de motivos.

A primeira observação da doença em macacos foi em laboratório, em 1958, com o primeiro caso em humanos sendo observado na República Democrática do Congo em 1970. Desde então, alguns surtos atingiram o país africano e, por vezes, a Europa, sem, no entanto, chegar ao estado de pandemia. A primeira vez que o vírus chego ao Reino Unido, por exemplo, foi apenas em 2018.

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O que sabemos até agora

Até a última segunda-feira (23), 92 casos confirmados e 28 suspeitos da varíola dos macacos já foram reportados por todo o mundo, com nove deles confirmados no Reino Unido, a maioria em Londres. Em Portugal, há 14 confirmações e 20 suspeitas; na Espanha, há sete confirmados e 24 suspeitos. Na Itália, há dois casos suspeitos, e na Bélgica, também dois, com um caso confirmado. A Suíça confirmou seu primeiro caso também na segunda-feira.

Na França e na Suécia, um caso cada, enquanto os EUA têm um caso confirmado e um suspeito. No Canadá, há uma confirmação e 21 suspeitas. Na Austrália, há um caso confirmado e uma suspeita. Na Alemanha, o primeiro caso confirmado foi em um brasileiro. Os especialistas, no entanto, creem que possa haver mais casos, temendo uma subnotificação, especialmente porque alguns casos têm sintomas mais leves.

Quanto à ligação entre os casos, a primeira confirmação no Reino Unido veio de uma pessoa que havia viajado à Nigéria, infectando mais duas, mas os outros quatro casos não tem relação com nenhum outro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a transmissão é feita pela exposição a animais contaminados e através de gotículas infectadas do sistema respiratório.

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Como a varíola dos macacos é transmitida?

O CDC (Centers for Disease Control and Prevention, órgão estadunidense de saúde) informa que a doença é menos transmissível de pessoa para pessoa, e que o contato cara-a-cara prolongado é necessário, já que as gotículas não viajam para muito longe. Feridas na pele ou contato com materiais contaminados, como vestimentas, toalhas ou roupas de cama utilizados por pessoas infectadas também é perigoso.

Embora a doença não seja considerada transmissível sexualmente, o contato sexual é uma maneira provável de contraí-la, já que há contato prolongado de pele com pele e atividades íntimas com troca de saliva, o que é o suficiente para passar o patógeno. Órgãos de saúde britânicos alertam, inclusive, para que as pessoas fiquem atentas a feridas incomuns até mesmo em suas genitálias.

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Sintomas e tratamento

A varíola do macaco é uma doença com sintomas moderados, sendo que a variante do oeste africano — identificada como sendo a responsável no Reino Unido — é a menos mortal de todas, causando a morte de 1 em cada 100 casos. Como os sintomas podem ser mais leves, alguns especialistas alertam que é possível que seja menos mortal devido à subnotificação. Entre os infectados, as crianças têm mais chances de desenvolverem sintomas graves do que adultos.

Principais sintomas da varíola do macaco:

  • Lesões ulcerativas
  • Erupções cutâneas
  • Gânglios palpáveis
  • Gebre
  • Dores de cabeça
  • Dores musculares
  • Calafrios
  • Fadiga
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As erupções cutâneas costumam aparecer primeiro no rosto, espalhando para outras partes do corpo, incluindo os genitais, e, inicialmente, pode se parecer com catapora, antes de formar crostas. A doença também forma abcessos, ou seja, bolhas cheias de líquidos, geralmente contornadas por vermelhidão. Elas formam feridas e costumam durar até o fim da doença, ou seja, por duas ou três semanas, até desaparecerem sozinhas.

Para o tratamento da condição, há antivirais como o tecovirimat, utilizado contra catapora, varíola bovina e varíola do macaco. Além disso, há uma vacina, chamada Jynneos (também conhecida como Imvanex e Imvamune), aprovada para adultos na Europa e nos Estados Unidos.

E os riscos de pandemia?

Assim como outras ocorrências da varíola do macaco, como 2017, 2018 e 2021, os especialistas consideram ser possível conter infecção ao identificar os contatos que os pacientes tiveram com outras pessoas, e países como o Reino Unido têm providenciado vacinas a todos os possíveis infectados. Embora não se possa dizer com toda a certeza que uma pandemia não irá ocorrer, os cientistas acham isso altamente improvável.

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Na República Democrática do Congo, por exemplo, em 2001 e 2002, 485 casos foram registrados, com 25 mortes, mas a situação foi controlada. Estudos têm feito sequenciamento genético para descobrir se a variante atual é diferente das que já afetaram a África, Europa e EUA, já que ela parece se espalhar mais fácil, mas ainda não há dados conclusivos.

Fonte: NewScientist