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Por que a hanseníase, doença que tem cura, ainda não foi erradicada?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Janeiro de 2023 às 17h00

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Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A hanseníase, doença que já foi conhecida como lepra, tem cura e já foi alvo de metas e medidas da Assembleia Mundial da Saúde — um órgão de decisão da Organização Mundial da Saúde, OMS —, que buscava eliminá-la até o ano 2000, a começar no início da década de 1990. Por que, então, a condição continua afligindo centenas de milhares de pessoas todos os anos?

O combate à patologia envolveu a criação do Multidrug Treatment, ou tratamento multidroga, em tradução livre, combinação de remédios que conseguiu reduzir bastante a quantidade de casos. Mesmo assim, aproximadamente 200 mil pessoas acabam tendo o diagnóstico de hanseníase anualmente. O país com mais casos, atualmente, é a Índia, com metade deles, seguida do Brasil e da Indonésia. O último domingo de janeiro é o Dia Mundial de Combate à Hanseníase, usado para a conscientização da doença.

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O que sabemos sobre a hanseníase

Bem conhecida, a hanseníase é uma das patologias mais antigas do mundo. Histórias que figuram a condição datam de centenas de anos antes de Cristo, mas a medicina só descobriu sua causa em 1873 — a bactéria Mycobacterium leprae —, com o cientista norueguês Gerhard Armauer Hansen, cujo nome acabou batizando a doença.

Espalhando-se pelo mundo através das rotas comerciais mundiais, ela atinge pessoas com sistema imune mais fraco, especialmente as desnutridas, surgindo principalmente em estratos sociais fragilizados nos países que afeta. A transmissão é feita por gotículas infectadas, mas o contato tem de ser prolongado e próximo. Em 95% dos casos, um sistema imunológico adulto saudável consegue combater as bactérias e mitigar a infecção, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).

Há, também, um longo período de incubação até que os sintomas comecem. Isso pode levar, em média, de 2 a 4 anos, mas alguns casos podem chegar a até 20 anos. Isso torna o controle e erradicação mais difíceis, já que o número de infectados não pode ser estimado completamente.

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Uma doença está oficialmente sob controle quando afeta menos de 1 em cada 10 mil pessoas, reduzindo os programas de controle e medidas sanitárias em vigor. Quando muitos infectados saem do período de incubação e apresentam sintomas, então, a prontidão para o tratamento pode não ser efetiva, infectando ainda mais pessoas. O número de casos atual, por exemplo, é menor do que a carga real presente nas comunidades.

Diagnóstico, sintomas e tratamento

Um agravante na mitigação da patologia é o seu diagnóstico, frequentemente tardio. As bactérias da M. leprae pode ser detectadas no fluido linfático e no tecido da pele do paciente, mas o método de detecção nem sempre é confiável e as infecções podem se manter escondidas até os sintomas surgirem. Para piorar, os micróbios não podem ser cultivados em laboratório ou modelos animais facilmente, sendo quase impossível descobrir mais sobre a doença com experimentos de laboratório.

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Os sintomas são representados por alterações visíveis na pele e dano aos nervos, causando a perda da sensação de dor em partes específicas do corpo. Essa insensibilidade pode levar a lesões e inflamações crônicas mais graves, e, quando isso fica sem diagnóstico por muito tempo, o membro em questão pode acabar tendo de ser amputado.

Casos mais extremos podem levar a deficiências físicas, o que se alia a preconceitos e tratamentos desumanos para com os pacientes da condição. Historicamente, pessoas com hanseníase foram estigmatizadas e tornadas párias, e, em alguns lugares, os problemas sociais enfrentados continuam os mesmos. Uma das medidas para combater o estigma foi a abolição do termo "lepra" em documentos oficiais brasileiros, em 1995.

A hanseníase tem tratamento e cura via poliquimioterapia, que utiliza 3 medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina. A duração de seu uso vai depender da gravidade da infecção, podendo ir de 6 a 12 meses até a erradicação da bactéria. Pela dificuldade no estudo laboratorial, não há como, atualmente, criar novos medicamentos ou vacinas contra a doença, mas, a partir de sua detecção, a cura é relativamente simples, e o tratamento está disponível gratuitamente pelo SUS.

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Fonte: Com informações: Deutsche Welle