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O que a ciência sabia sobre o movimento dos espermatozoides está ERRADO! Entenda

Por| 10 de Agosto de 2020 às 13h52

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Maxisciences
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Parece difícil de acreditar, mas o que a ciência entendia sobre o movimento dos espermatozoides há mais de 350 anos estava equivocado. Isso porque uma pesquisa conjunta entre a Universidade de Bristol, no Reino Unido, e a Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), provaram que a cauda dos gametas masculinos não se movimenta de um lado para o outro, como uma cobra ou uma enguia.

A partir da microscopia 3D e muitos cálculos, a pesquisa que contou com um matemático brasileiro foi pioneira na reconstrução de como acontece o movimento da cauda dos espermatozoides na hora da reprodução. A verdade é que eles se parecem com um pião rodopiando. Pelo menos é o que se viu nas imagens gravadas com uma câmera de alta velocidade e que pode gravar mais de 55 mil quadros por segundo. Dessa forma, escanearam um espermatozoide nadando em 3D.

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"Em nenhum momento, sabíamos o que íamos encontrar e isso nos pegou de surpresa", comenta o brasileiro Hermes Gadêlha, que é professor sênior de matemática aplicada e modelagem de dados da Universidade de Bristol, para a BBC. "O problema é que acreditamos cegamente no que vemos e pensamos que o que vemos é a realidade definitiva e esquecemos que isso ainda é apenas parte da realidade", completa.

Conceito antigo

Por que houve uma confusão tão antiga com o movimento dos espermatozoides? Simplesmente, porque a visão humana sobre aquele movimento estava limitada pela precisão dos instrumentos com os quais foi observado. No século XVII,  Anton van Leeuwenhoek fazia suas análises a partir de microscópios bidimensionais. Nessas imagens, o movimento rápido e sincronizado do gameta masculino criava uma ilusão de que a cauda se mexesse, de um lado para o outro, de forma simétrica, "como enguias na água".

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Ao longo do tempo esse equívoco se perpetuou, porque os sistemas de análise assistidos por computador ainda em uso continuam usando imagens em 2D, na maioria dos casos, para a observação do movimento dos espermatozoides. Essa é a primeira pesquisa a demonstrar o movimento assimétrico. 

Movimento saca-rolhas

A reconstrução do movimento dos espermatozoides descobriu que a sua cauda é instável e só se movimenta para um lado. Segundo a mestre em Comunicação e divulgadora científica Luiza Caires, esse movimento faria com que esses gametas nadassem em círculos, igual a um barco, remando com um único remo. Sim, em uma primeira análise, esse movimento faria com que os espermatozoides nadassem em círculos, mas eles continuam se impulsionado para a frente na natureza. Esse é um processo conhecido, na física, como precessão. É um movimento similar ao que acontece com a órbita da Terra.

No final, os espermatozoides desenvolveram uma técnica para se movem na espiral, de forma bastante semelhante a de um saca-rolhas, uma broca espiralada ou uma lontra. "De uma maneira matemática, bonita e elegante, a natureza nos diz que existe uma assimetria intrínseca que pode ser graciosamente regulada para que o movimento avance. Uma simetria da assimetria", explica Gadêlha. Isso porque esse movimento corrige a assimetria do nado desses gametas e o impulsiona para frente.

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Novos conceitos

Essa rotação deve ser, agora, um novo ponto de estudo para especialistas em fertilidade e é possível que problemas nessa locomoção estejam, diretamente, relacionados à infertilidade. "Por enquanto é hipotético... Mas se espera que inspire especialistas em reprodução, biólogos, matemáticos e engenheiros a olhar e perguntar se isso é relevante para a saúde humana", pensa Gadêlha.

"Esta descoberta revolucionará nossa compreensão da mobilidade espermática e seu impacto na fertilização natural. Pouco se sabe sobre o ambiente intrincado no trato reprodutivo feminino e como o nado do espermatozoide afeta a fertilização", afirma Alberto Darszon, da Universidade Nacional Autônoma do México, sobre os efeitos da descoberta.

No entanto, Gadêlha comenta que o artigo científico publicado na revista científica Science Advances é apenas 10% do que eles descobriram a partir do uso das novas técnicas de visualização 3D. Inclusive, seus estudos são desenvolvidos no Laboratório de Robótica Suave da Universidade de Bristol, onde pesquisadores estudam a criação de espermatozoides robóticos.

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Fonte: Science BBC