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Qual é a diferença entre as máscaras PFF2, N95 e KN95?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Julho de 2021 às 10h30

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CDC/Pexels
CDC/Pexels

Para evitar a transmissão do coronavírus SARS-CoV-2, o uso de máscaras é o principal aliado tanto para profissionais da saúde quanto para os cidadãos comuns. Inclusive, a Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta o uso do equipamento de proteção desde o início da pandemia da COVID-19. No entanto, há uma infinidade de modelos, como as de pano (de uso não profissional), as cirúrgicas e ainda os respiradores — como o N95, o PFF2 e o N95.

Inicialmente, a recomendação era o uso da máscara caseira —  como a de pano — para a população em geral, enquanto os respiradores e máscaras cirúrgicas eram de uso exclusivo dos profissionais de saúde. Só que os protocolos foram alterados e, agora, novas dúvidas surgem sobre o equipamento ideal para cada situação. Por exemplo, uma máscara N95 é melhor indicação para quem vai correr ao ar livre? Já adiantamos que não, mas pode ser a melhor opção para entrar em um ônibus ou no metrô durante o horário de pico. 

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Para entender sobre o uso atual de máscaras na proteção contra a COVID-19, o Canaltech conversou com Carlos R. Zárate Bladés, pesquisador do Laboratório de Imunorregulação do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Ainda precisamos usar máscaras?

"Precisamos usar máscaras e também precisamos continuar com o distanciamento social, lavar as mãos com frequência, não aglomerar", lembra o professor da UFSC. Afinal, a pandemia da COVID-19 segue fazendo vítimas em todo o mundo e, no Brasil, o número de óbitos já ultrapassou a marca dos 550 mil mortos. Além disso, o pesquisador ressalta que "não sabemos a respeito das novas variantes e a Delta [identificada pela primeira vez na Índia e conhecida como B.1.671.2] ainda é uma incógnita sobre o quanto vai nos atingir". 

Diante desse cenário brasileiro, o professor defende a importância de se combinar o uso de máscaras, de acordo com as situações. De modo geral, o uso dos respiradores 100% do tempo fora de casa por parte da população não é necessário. Por outro lado, "é imprescindível usar um respirador N95 [o mais indicado] em algumas situações, como ir visitar alguém no hospital, ir a consultórios médicos, ir a bancos ou supermercados em horários de pico", destaca Bladés.

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N95, PFF2, FFP2 e KN95: qual a diferença?

N95/PFF2/FFP2

De modo geral, os respiradores N95, PFF2 (Peça Facial Filtrante com grau de filtragem 2) e FFP2 podem ser considerados sinônimos, já que foram aprovadas por um órgão regulador nos Estados Unidos, no Brasil ou na Europa, respectivamente. No caso brasileiro, este órgão é o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Para obterem essa classificação, os três tipos de máscaras precisaram mostrar uma eficiência mínima de filtragem de partículas de 94%.

Uma observação importante é que estes equipamentos de proteção individual (EPIs) podem ser reconhecidos tanto como máscara de proteção respiratória quanto respiradores para riscos biológicos.

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A seguir, assista a um guia de como usar um respirador N95 corretamente:

KN95

De acordo com o professor Bladés, este respirador "seria equivalente ao PFF2 brasileiro, mas diferentes fabricantes na China apresentaram diferentes composições para a KN95" no início da pandemia. Em outras palavras, esse termo foi usado para abranger uma gama diferente de produtos, sem uma padronização de materiais. "Isso gerou uma confusão aqui no Brasil e a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] chegou a publicar uma lista de fabricantes que não equivaliam o KN95 com o PFF2", explica. Nessa situação, é preciso conferir caso por caso.

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Não use máscaras com válvulas

Outra dúvida bastante comum sobre os respiradores é sobre a presença de válvulas ou não. Se o intuito de usá-lo é impedir as transmissões do coronavírus, o ideal é que o equipamento não tenha válvulas, o que favorece a contenção do agente infeccioso. "Sem válvula, porque se consegue conter muito melhor o vírus", orienta o professor no contexto da COVID-19.

Isso porque as válvulas permitem que o ar expirado pelo usuário seja eliminado para o ambiente e isso, potencialmente, pode permitir a saída do vírus, contaminando outras pessoas. Essa situação pode ocorrer em casos em que a pessoa com a máscara esteja contaminada, mesmo assintomática. 

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Como funciona uma N95 na proteção contra a COVID-19?

Os respiradores, como N95 e PFF2, foram desenvolvidos antes da COVID-19, mas o uso deles foi pensado para a proteção de inúmeros tipos de patógenos, incluindo vários tipos de vírus respiratórios. "O SARS-CoV-2 é mais um vírus respiratório. Por isso, é efetivamente contido por esses respiradores quando bem usados", afirma o professor da UFSC. 

“Basicamente, funcionam colocando uma barreira física entre as mucosas da pessoa e a chegada do vírus, barrando a passagem desse vírus do meio ambiente para o indivíduo que está usando a máscara", explica, sobre a funcionalidade mais conhecida desses equipamentos contra os agentes infecciosos. No entanto, "os respiradores também funcionam através de cargas eletroestáticas, de um mecanismo eletroestático, que atrai as gotículas de água que estão carregando os vírus dentro. Essa combinação entre barreira e carga eletroestática faz com que o vírus seja efetivamente retido", completa Bladés.

Como reutilizar um respirador?

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Os respiradores N95/PFF2 são descartáveis, mas foi necessário aprender a reutilizá-los diante da falta de equipamentos do tipo disponíveis para os profissionais da saúde. "Quando começou a pandemia, houve uma preocupação muito grande, porque os respiradores não existiam em número suficiente para todas as pessoas que estavam trabalhando na linha de frente nos hospitais. Então, houve muita pesquisa para entender se poderiam ser reutilizadas e o que poderia ser feito", detalha o professor. 

Inclusive, estudos científicos demostraram ser possível submeter os respiradores a determinados processos esterilizadores para um uso mais prolongado do equipamento. Por exemplo, um estudo desenvolvido pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, observou que 50 minutos de calor seco em uma panela elétrica pode ser suficiente para descontaminar máscaras N95, mantendo a capacidade de filtragem e os ajustes do equipamento.

Métodos mais simples de higienização das máscaras

Fora do contexto hospitalar, existem métodos mais simples para descontaminar e preservar os respiradores. De modo geral, "a pessoa precisa tomar cuidado para não danificar a máscara [como rasgar o tecido acidentalmente]", comenta o professor. Isso porque esse equipamento funciona muito bem quando veda adequadamente a região do nariz e da boca da pessoa.

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"A grande sacada de poder reutilizar um respirador é não usar um único respirador durante o todo o dia para evitar que ele umedeça demais", orienta. Se em algum momento ele umedece demais, o respirador pode perder a sua capacidade de filtragem.

Nesse contexto, é importante que a máscara seja trocada a cada período de trabalho. Idealmente, a pessoa deveria ter um respirador para a manhã e outro para a tarde, caso trabalhe nos dois períodos com exposição potencial ao coronavírus. Dessa forma, uma boa dica é ter dois respiradores para cada dia da semana, garantindo uma duração prolongada. 

Após o uso, o respirador pode ser guardado em uma sacola, por exemplo. Quando uma pessoa chega em casa, o equipamento deve ser pendurado em um lugar que idealmente pegue sol, mas não é necessário deixar do lado de fora da casa. Isso porque o sereno da madrugada pode umedecer a máscara. "O vírus que, potencialmente, tenha sido retido por esse respirador vai ficar inativado, apenas deixando o respirado quieto por três dias", explica Bladés. 

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Orientações da Anvisa 

Segundo nota compartilhada em janeiro pela Anvisa, "a orientação é que os profissionais de saúde utilizem as máscaras N95 ou equivalentes por um período maior que o indicado pelos fabricantes, desde que estejam íntegras, limpas e secas".

"A indicação, definida juntamente com representantes de associações de profissionais da área de controle de infecções e do Ministério da Saúde, é necessária devido aos estoques baixos em todo o país", comenta a agência sobre a medida que pode não ser considerada a ideal em outro momento.

Máscaras falsificadas? Sim, elas existem

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Se você tem dúvidas sobre a origem da máscara que está usando, é possível conferir uma série de dicas já apresentadas pelo Canaltech sobre o tópico, basta clicar aqui. Essas informações sobre a veracidade das máscaras foram compartilhadas, a partir de manuais divulgados pela Anvisa e pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (Niosh), nos Estados Unidos. Este é considerado como o Inmetro norte-americano. 

Agora, para conferir se uma máscara PFF2 está aprovada no Brasil, é possível checar, além da embalagem ou da inscrição no produto, diretamente no site do Inmetro. Para isso, o usuário deve entrar na página específica de produtos e selecionar na "Classe de Produto" a seguinte opção: “Equipamento de Proteção Individual – Peça semifacial filtrante para partículas”. Também é possível fazer a consulta pelo nome do fabricante. Para conferir, clique aqui.