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OMS passa a recomendar corticoides para casos graves de coronavírus

Por| 02 de Setembro de 2020 às 20h20

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Fernando Zhiminaicela/Pixabay
Fernando Zhiminaicela/Pixabay

A partir de estudos recém-publicados sobre a COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta quarta-feira (2) novas orientações de tratamento contra o coronavírus (SARS-CoV-2) para pacientes graves. Agora, há "forte recomendação" do uso de corticoides, que são anti-inflamatórios esteroides acessíveis, como a dexametasona.

Entre os novos estudos publicados no Journal of the American Medical Association (JAMA), em parceria com a OMS, está uma análise que reuniu dados de sete ensaios clínicos randomizados e que abrange 12 países, avaliando a ação de corticoides — como hidrocortisona, dexametasona e metilprednisolona — em mais de 1,7 mil pacientes da COVID-19. Segundo a análise, quando prescritos, esses medicamentos conseguiram reduzir o risco de morte do paciente, em casos graves de infecção pelo coronavírus.

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Na medicina, esses medicamentos são prescritos, geralmente, para controlar o sistema imunológico do paciente, porque aliviam inflamações, inchaços e dores. No caso da COVID-19, mesmo que não combatam especificamente o vírus, auxiliam e controlam os efeitos da reação exagerada do corpo à infecção. O quadro é conhecido como tempestade de citocinas e pode levar à falência múltipla de órgãos.

Agora, os corticoides, que são drogas baratas, devem integrar muitos tratamentos contra a COVID-19. Ainda nesses estudos, o único outro medicamento que se mostrou eficaz em pacientes gravemente doentes e ainda de forma modesta foi o remdesivir. Entretanto, este último custa uma pequena fortuna.

Resultado das pesquisas sobre a COVID-19

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Em junho, pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, observaram que a dexametasona melhorou, de forma significativa, as taxas de sobrevida de pacientes que enfrentavam casos graves da COVID-19. A partir de então, os pesquisadores começaram a investigar se outros corticoides, de fácil acesso e baixo custo, também poderiam auxiliar nesses casos.

Na análise dos dados em parceria com a OMS, a pesquisa com 1,7 mil pacientes revelou que os corticoides estavam, de fato, associados a uma redução de um terço nas mortes entre os pacientes com a COVID-19. Além disso, a dexametasona produziu os melhores resultados na recuperação dos pacientes. A droga apresentou, especificamente, uma queda de 36% nas mortes dos 1.282 pacientes tratados.

Já a hidrocortisona, testada em 374 pacientes somando os três ensaios, reduziu as mortes em 31%. Ainda na avaliação dos corticoides, o pequeno ensaio — de 47 pacientes — com a metilprednisolona resultou em uma queda de 9% nos óbitos em decorrência do novo coronavírus.

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Esses novos estudos devem aumentar a confiança no uso de corticoides, afirma o Dr. Todd Rice, professor associado de medicina e médico intensivista da Escola de Medicina da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos.

Pesquisa no Brasil

Entre os outros estudos publicados hoje, está um ensaio brasileiro que avaliou a eficácia da dexametasona em 299 pacientes que enfrentavam casos graves de coronavírus. Segundo a publicação, a dexametasona conseguiu atenuar a lesão pulmonar nesses pacientes.

Isso porque o uso do corticoide aumentou o tempo de vida dos pacientes tratados e reduziu a dependência de ventilação mecânica. Mais especificamente, o número de dias sem o respirador artificial foi maior nos pacientes tratados com o remédio do que no grupo controle, que recebia apenas o tratamento padrão.

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É essa a conclusão da Coalizão COVID Brasil, iniciativa que reúne uma série de pesquisadores e instituições brasileiras, como os hospitais Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês. Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa, além do Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).

Corticoide requer cautela

Mesmo com essa nova orientação, a OMS alerta contra o uso indiscriminado desses medicamentos. Afinal, pacientes que não estão gravemente doentes têm pouca probabilidade de se beneficiarem e ainda podem sofrer efeitos colaterais da automedicação. Além disso, esse uso indevido pode esgotar os suprimentos para pacientes que, realmente, precisam dos corticoides.

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Entre os desafios do tratamento, está o fato de que esses esteroides podem causar alguns efeitos colaterais indesejados, principalmente em idosos. Além disso, os medicamentos podem aumentar o risco de outras infecções surgirem e até mesmo elevar a taxa de glicose no sangue. Por isso, o uso deve ser ponderado pela equipe médica responsável para cada paciente.

Quanto aos outros grupos de doentes, como casos leves e moderados da COVID-19, ainda não se sabe se esses medicamentos podem trazer benefícios. Por enquanto, as doses ideais e a duração do tratamento também são discutidas pelos pesquisadores.

Fonte: BBC, OMS e The New York Times