Ômicron: nova cepa recombinante é encontrada em criança na cidade de São Paulo
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 27 de Abril de 2022 às 10h20
Após análises genômicas, um laboratório da rede Dasa identificou uma nova cepa recombinante da Ômicron. Registrada pela primeira vez no mundo, esta subvariante do vírus da covid-19 foi coletada em uma criança de 3 anos na cidade de São Paulo. O teste foi realizado no dia 16 de fevereiro deste ano.
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"Trata-se de um [vírus] recombinante ainda não descrito e não há no GISAID [banco internacional de dados com genomas do vírus da covid-19] nenhuma amostra idêntica", explica a Dasa, em comunicado. Apesar da descoberta, a cepa ainda não pode ser considerada um nova linhagem. Para isso, é necessário que pelo menos 5 amostras de diferentes indivíduos contenham esta mesma recombinante, o que ainda não aconteceu.
Além disso, o laboratório identificou duas amostras da cepa recombinante XE — combinação entre as subvariantes da Ômicron, BA.1 e BA.2. Ambas amostras são de crianças de 10 anos, que também estavam em São Paulo. A coleta foi feita no dia 11 de março deste ano.
No mundo, a variação do vírus da covid-19 foi descoberta, inicialmente, em janeiro de 2022, no Reino Unido. Mais tarde, o Instituto Butantan também encontrou a cepa XE no Brasil.
O que é um vírus recombinante?
As três amostras identificaram vírus recombinantes da covid-19. Vale explicar que este tipo de cepa surge quando um agente infeccioso apresenta um pedaço de seu genoma provindo de uma linhagem parental e outro pedaço de uma outra linhagem distinta.
Entre os mais famosos, esta o Deltacron. A cepa é uma recombinação entre um vírus Delta e um vírus Ômicron e, muito provavelmente, surgiu a partir de um caso de coinfecção — a pessoa foi infectada pelos dois vírus ao mesmo tempo.
Se, após a recombinação, o vírus recombinante tem viabilidade biológica, ele se dissemina e infecta outras pessoas, isso caracteriza uma linhagem. No entanto, a maioria dos casos não evolui dessa forma e se limita a poucos infectados.
Como as novas cepas da covid foram descobertas?
Como parte das atividades de vigilância genômica da covid-19, a Dasa desenvolve o GENOV. A iniciativa funciona em moldes similares ao que o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizam.
A diferença é a abrangência, já que as amostras são provenientes apenas de pacientes que procuraram uma das unidades da rede Dasa para realização de teste de RT-PCR para SARS-CoV-2 e foram selecionados aleatoriamente através do algoritmo usado pelo GENOV.