O tamanho do cérebro não determina o nível da inteligência humana
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

O cérebro humano é uma máquina extremamente potente e capaz de fazer conexões únicas, através dos neurônios. Inclusive, foi este órgão ainda misterioso que permitiu a humanidade chegar tão longe. No entanto, os cientistas ainda não sabem explicar o que o torna tão único, quando comparado a outras espécies. Muito possivelmente, a resposta não está apenas no tamanho.
Cérebros de humanos modernos
A resposta para a inteligência humana está, muito provavelmente, na presença de 86 milhões neurônios no cérebro e sua intrincada rede de conexões, enviando sinais para todos os lados. Estas complexas ligações começam a ser reveladas, agora, a partir dos conectomas, ou seja, mapas fluorescentes que detalham as conexões neurais, produzidos por cientistas.
A seguir, veja um conectoma do cérebro humano, algo tão surpreendente que parece uma obra de arte:
“Mesmo pequenas mudanças na conectividade [dos neurônios], especialmente na conectividade de longo alcance, provocam mudanças cognitivas e comportamentais realmente profundas”, afirma o neurocientista Nenad Sestan, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
A equipe de Sestan já investigou o que diferencia o cérebro humano e o dos chimpanzés em artigo publicado na revista PNAS. Segundo o pesquisador, as duas espécies compartilham muitos padrões de conectividade, mas os humanos têm um nível muito maior desse tipo de ligação em regiões envolvidas com a linguagem, dentro do córtex.
Genes específicos
Em pesquisas anteriores envolvendo os chimpanzés, foi comparado o genoma desta espécie com o dos humanos. Neste caso, foram descobertos inúmeros genes com funções específicas envolvendo o cérebro, como o SRGAP2C, que é exclusivo do gênero Homo.
A partir desta descoberta, pesquisadores da Universidade Columbia, nos EUA, incluíram no DNA de ratos este gene exclusivamente hominídeo. Com o experimento descrito na revista Nature, a equipe observou que o gene alterou significativamente o conectoma dos roedores. Novas conexões neuronais tinham se formado no córtex, o que muda o funcionamento do cérebro desses animais.
Agora, mais estudos são necessários para entender todos os mecanismos que levam o ser humano a ser tão inteligente, incluindo questões envolvendo o seu DNA. No entanto, já se sabe que o tamanho do cérebro não é um fator decisivo.
Fonte: PNAS, Nature e BBC Future