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O que são alimentos ultraprocessados e como eles agem no corpo e cérebro

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Novembro de 2021 às 14h30

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oizostudios/envato
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Todo mundo já ouviu falar que comer alimentos não naturais faz mal para a saúde. Mas, quais são essas comidas? Os efeitos são sentidos a longo ou curto prazo? O que, de fato, acontece no nosso corpo ao ingerirmos?

Primeiro é necessário saber que as comidas têm uma classificação industrial — e que nem todas apresentam o mesmo risco. Elas podem ser divididas em:

  • In natura ou minimamente processados: são alimentos que não sofreram alterações industriais após deixarem a natureza ou que sofreram alterações mínimas, como: limpeza, remoção de partes não comestíveis, refrigeração);
  • Ingredientes culinários: alimentos fabricados pela indústria a partir de extração do alimento in natura ou ingredientes presentes na natureza: óleos vegetais, gorduras, sal e açúcar com finalidade de temperar alimentos in natura e nunca consumidos isoladamente;
  • Processados: alimentos feitos essencialmente com a adição de sal, açúcar, óleo ou vinagre a um alimento in natura para aumentar seu tempo de conservação. Legumes, peixes, cereais, leguminosas, frutas em caldas, carnes salgadas, queijos, pães são alguns exemplos;
  • Ultraprocessados: alimentos que passaram por técnicas e processamentos com alta quantidade de sal, açúcar, gorduras para realçar o sabor e texturizantes. Eles são facilmente aceitos pelo paladar da maioria da população — em especial das crianças — porém, danificam os processos que sinalizam o apetite e a saciedade e provocam o consumo excessivo de calorias, sal e açúcar. Esse grupo faz mal à saúde e é justamente dele que iremos falar.
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O que são alimentos ultraprocessados?

Essas comidas são consideradas pobres em micronutrientes, ou seja, vitaminas, sais minerais, água e fibras. Os alimentos podem ser encontrados em enlatados, embutidos, congelados, sorvetes, preparações instantâneas, refrigerantes, salgadinhos, frituras, doces, gelatinas industrializadas, refrescos em pó, temperos prontos, margarinas, iogurtes industrializados, macarrão instantâneo, bolachas recheadas, achocolatados e outras guloseimas. Tais alimentos são fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis — diabetes, colesterol, hipertensão, obesidade e câncer.

As crianças são especialmente prejudicadas por esses alimentos. Em estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP, em parceria com o Imperial College London, no Reino Unido, os pesquisadores avaliaram o consumo de ultraprocessados em longo prazo, da infância até o início da vida adulta, e seu efeito nos indicadores de obesidade.

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A pesquisa envolveu 9.025 crianças britânicas de 7 anos, que foram estudadas até completarem 24 anos. Os resultados mostraram que os indivíduos que consumiam mais ultraprocessados na infância tinham piores padrões de obesidade. Não só isso, foram os que mais apresentaram problemas de saúde, além do aumento do peso.


Como esses alimentos agem no corpo?

Para saber quais efeitos as comidas ultraprocessadas podem ter no corpo, o médico Chris van Tulleken, do Reino Unido, adotou uma dieta que consistia em 80% de consumo de alimentos ultraprocessados durante 30 dias, resultando em uma série de mudanças negativas em seu corpo e cérebro. Ele já começava o café da manhã com um cardápio repleto de uma variedade de produtos químicos, como glutamato monossódico, presente no frango frito. Além disso, ele seguiu o mês inteiro se alimentando de comidas que seu paladar adorava — mas seu organismo começou a mostrar efeitos em pouco tempo.

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Desde a alteração do apetite, quando passou a sentir fome com mais frequência do que antes, a vontade de comer "comida de verdade" também aumentava. Além disso, Van Tulleken logo ficou gripado e teve alterações no sistema digestivo. Ele explicou que, embora o seu teste pareça extremo, essa “é a mesma dieta de uma em cada cinco pessoas no Reino Unido".

Ao final do teste, o médico estava com 6,5 quilos a mais, sendo cerca de três quilos relacionados à gordura corporal. Com base nesse resultado, ele calcula que manter essa dieta por seis meses faria com que ele engordasse mais seis quilos.

Resultados dos exames

As mudanças não se restringiram ao ganho de peso. Em exames de sangue, após os 30 dias, os resultados mostraram um aumento de 30% nos “hormônios da fome” — que dão vontade de comer. Além disso, em varreduras cerebrais, comparadas antes e depois do experimento, a pesquisa revelou que a dieta desencadeou a criação de novas conexões funcionais entre certas regiões do cérebro.

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O resultado disso é algo que Van Tullenken aponta como "parecido com um vício". “A dieta conectou os centros de recompensa do meu cérebro com as áreas que levam ao comportamento automático e repetitivo”, relatou. "Comer comida ultraprocessada se tornou algo que meu cérebro simplesmente me dizia para fazer, mesmo sem eu querer.”

Fonte: Organização Mundial da SaúdeUSP; IFL Science