O que explica o aumento de câncer em pessoas com menos de 50 anos?

O número de casos de câncer está aumentando globalmente, inclusive no Brasil. Só que, além do aumento geral, um novo estudo internacional revela que os quadros oncológicos em pessoas com menos de 50 anos também cresce de forma significativa — o que era, até então, mais raro.

• Como o câncer se desenvolve? Estudo já tem a resposta
• Casos de câncer devem crescer 12% no Brasil em 2023; veja tipos mais comuns

Entre 1990 e 2019, ocorreu um aumento de 79,1% nos casos de câncer precoce, segundo pesquisa publicada na revista BMJ Oncology. Nesse mesmo intervalo de aproximadamente 30 anos, as mortes por câncer de início em pessoas com menos de 50 anos também aumentaram 27,7%.

Para chegar a estas conclusões, os pesquisadores revisaram as estatísticas sobre o câncer em 204 países, através do banco de dados do programa Global Burden of Disease (GBD).

Cabe destacar que, no ano passado, outro estudo revelou a mesma tendência de aumento de casos de câncer entre os mais jovens, reforçando esta tendência (indesejada) dentro da área da saúde.

Tipos mais comuns de câncer em que tem menos de 50 anos

No atual estudo, os cientistas avaliaram as incidências de 29 tipos de câncer em pessoas jovens. Considerando apenas os dados de 2019, estes foram os cinco casos de tumores com maior taxa de letalidade na população global com menos de 50 anos:

• Câncer de mama;
• Câncer de traqueia;
• Câncer de brônquios e pulmão;
• Câncer de estômago;
• Câncer colorretal (intestino e reto).

Entre as faixas etárias mais afetadas pelos tumores, o risco de câncer precoce é particularmente mais alto entre aqueles indivíduos que têm entre 40 e 49 anos.

Aumento do câncer de mama em mulheres

“A descoberta de uma tendência crescente de incidência de câncer da mama em mulheres com menos de 50 anos é consistente com o que é observado no Reino Unido”, afirma Stephen Duffy, professor da Queen Mary University of London (QMUL), em nota para a plataforma SMC. Duffy não participou da atual pesquisa.

O interessante é que, no caso de câncer de mama, o aumento dos diagnósticos precoces não têm relação com o aumento de testes. “Como não realizamos exames rotineiros em mulheres com menos de 50 anos, isso não se deve ao aumento da atividade diagnóstica devido ao rastreamento”, pontua Duffy. Neste caso, outros fatores, ainda desconhecidos, devem impactar o aumento de quadros do tipo na população feminina.

Como reduzir os casos de câncer em jovens?

Para os autores, não existe um único motivo associado aos casos crescentes de câncer entre os mais jovens. O que se observa é um conjunto de fatores de risco envolvendo o estilo de vida, como:

• Dietas com excesso de carnes vermelhas;
• Baixo consumo de frutas;
• Dietas ricas em sódio e pobres em cálcio;
• Consumo excessivo de álcool;
• Tabagismo.

Para corrigir essas tendências, os autores defendem a importância de se “encorajar um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta nutritiva, restrição do consumo de tabaco e de álcool e atividades físicas ao ar livre”. Com essas mudanças, eles acreditam ser possível reduzir o fardo dos casos de câncer precoce.

No entanto, em alguns casos, pode ser necessário adiantar os exames de rotina que possibilitam o diagnóstico precoce, como os de câncer de mama. Só que, para isso, estudos mais detalhados e regionalizados ainda são necessários.

Fonte: BMJ Oncology e SMC