Março azul-marinho: tudo que sabemos sobre o câncer colorretal
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O câncer colorretal, também conhecido como câncer de cólon e reto ou câncer de intestino, é um dos tipos de tumor mais comuns no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Apesar da elevada incidência, os principais sintomas e formas de prevenção são pouco conhecidos, o que deve mudar com as campanhas de conscientização do março azul-marinho.
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Vale destacar que, nos últimos meses, diferentes celebridades também compartilharam publicamente diagnósticos de câncer de intestino, como a cantora Preta Gil, de 48 anos, além dos ex-jogadores de futebol, Pelé e Roberto Dinamite, que faleceram em decorrência da doença. Medidas como essas são fundamentais, considerando que o diagnóstico precoce pode salvar vidas.
Aqui, também cabe dimensionar o quão comum a doença é no país. Para este ano, o Inca estima que 45,6 mil pessoas serão diagnosticadas com o câncer colorretal — o risco estimado é de 21 casos para cada 100 mil brasileiros. Para estes indivíduos, quanto mais cedo buscarem por ajuda médica, maiores serão as chances de cura.
Quem é mais afetado pelo câncer colorretal?
Na maioria dos casos, o câncer colorretal afeta pessoas a partir dos 50 anos e este risco tende a aumentar com o avanço da idade. No entanto, casos do tumor também estão aumentando entre os mais jovens, segundo estudo publicado na revista científica CA: A Cancer Journal for Clinicians. Liderada por pesquisadores da Sociedade Americana contra o Câncer (ACS), a pesquisa sobre a incidência de câncer de intestino revela que "um em cada cinco novos casos ocorre em indivíduos com 50 anos ou menos".
Quais são os sintomas do câncer de cólon e reto?
"Apesar da doença ser muitas vezes silenciosa, o paciente deve observar se há alteração nos hábitos intestinais", explica o oncologista Artur Ferreira, da Oncoclínicas São Paulo. Entre os sinais e sintomas mais comuns dos estágios iniciais da doença, o especialista destaca:
- Constipação (intestino preso);
- Diarreia
- Estreitamento das fezes por alguns dias (obstrução intestinal);
- Ausência da sensação de alívio após a evacuação, como se ainda tivesse fezes para sair;
- Nódulo no abdômen;
- Sangue nas fezes;
- Cólica;
- Dor abdominal;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Sangramento retal;
- Fraqueza;
- Sensação de fadiga.
É importante explicar que estes sintomas devem acender um sinal vermelho para o paciente e levá-lo a buscar atendimento médico. No entanto, não é porque ele apresenta alguns ou vários itens desta lista que o indivíduo está com câncer colorretal. Todas as possíveis causas devem ser investigadas antes do diagnóstico oncológico ser fechado.
Como é feito o diagnóstico deste tipo de câncer?
Quando o paciente chega ao consultório com alguma queixa relacionada ao intestino ou passa por algum tipo de triagem, o médico irá analisar o histórico daquele indivíduo para entender possíveis riscos. Inclusive, é comum que o profissional analise o abdômen, através do toque, para investigar eventuais nódulos, órgãos aumentados ou anormalidades na região. O especialista também pode solicitar o exame digital retal (toque retal).
"Além do exame físico e digital, pode ser pedido exames de sangue e fezes, biópsia, colonoscopia e de imagem, como raio-X, ultrassonografia, ressonância magnética, tomografia computadorizada e PET Scan", explica o médico.
Conheça cada fase do câncer colorretal
Após o diagnóstico, é preciso descobrir em qual fase do câncer de intestino o paciente está. Dependendo do estágio identificado, as chances de cura (remissão) são maiores ou menores. A seguir, confira quais são os quatro principais estágios:
- Estágio I: o tumor é identificado na mucosa (IA) ou na camada muscular (IB) do cólon ou reto, mas não há comprometimento dos linfonodos (gânglios);
- Estágio II: o tumor confinado à serosa que reveste o cólon ou reto (IIA) ou que atingiu órgãos vizinhos (IIB), sem afetar os linfonodos (gânglios);
- Estágio III: o tumor já compromete os linfonodos próximos do cólon ou reto;
- Estágio IV: Aqui, já existe comprometimento de órgãos distantes (metástase).
Ponto interessante relacionado é que a doença pode ser identificada em uma fase pré-câncer. "Diferente do câncer de mama, por exemplo, onde a doença é identificada geralmente em fase inicial com os exames de rotina, o tumor colorretal pode ser descoberto na fase pré-cancerosa com a colonoscopia", comenta Ferreira.
Nestes casos, o paciente passa por uma cirurgia de remoção dos pólipos, que podem surgir na parede interna do intestino grosso. "A boa notícia é que quando as lesões são precocemente removidas, o aparecimento do câncer pode ser evitado", explica.
Tratamentos disponíveis contra a doença
O tratamento de um caso de câncer de intestino depende, entre outros fatores, do estágio da doença. Dependendo do caso, a terapia pode ser localizada (age diretamente no tumor, sem afetar outras partes do corpo) ou sistêmica (generalizada):
- Tratamentos localizados: cirurgia de remoção, radioterapia, embolização ou ablação. Estes são prescritos quando a doença está em estágio inicial ou os tumores são pequenos, sem metástase;
- Tratamentos sistêmicos: quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo. Normalmente, são usados quando a doença está mais avançada e podem ser aplicados na veia (terapias endovenosas) ou por via oral (comprimidos).
Como prevenir o câncer de intestino?
No caso do câncer de cólon e reto, os hábitos e estilo de vida do paciente têm bastante influência no aumento de risco. Neste contexto, existem algumas medidas que podem diminuir o risco da doença, como:
- Adotar uma alimentação saudável (rica em fibras);
- Evitar o consumo de carnes vermelhas e de alimentos ultraprocessados;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Não beber em excesso;
- Não fumar;
- Tratamentos em casos de obesidade;
- Cuidado de doenças pré-existentes, como doença de Crohn ou colite ulcerativa.
Paciente com diagnóstico de câncer colorretal tem cura?
Embora a incidência deste tipo de câncer esteja aumentando entre os brasileiros, a chance de cura é alta, especialmente se o diagnóstico for feito de forma precoce. Por isso, é tão importante a conscientização sobre o tumor e dos possíveis indicadores da doença, como é feito durante a campanha do março azul-marinho.
Vale sempre lembrar que, em caso de dúvidas, sintomas relacionados ao câncer de intestino ou de suspeita deste tipo de tumor, é essencial que o paciente busque por atendimento médico especializado. O diagnóstico é o que vai determinar o melhor tratamento para aquele caso.
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