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O que é próstata aumentada e quando a cirurgia é necessária

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Dezembro de 2022 às 19h30

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Madi7779/Envato
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Diferente do que muitas pessoas pensam, a próstata aumentada é algo natural para os homens — que se intensifica com a idade — e nem sempre demanda uma intervenção cirúrgica. Também não deve ser encarada como um sinônimo para câncer. Apenas alguns casos devem ser resolvidos de forma cirúrgica e, hoje, já existe até uma técnica que consegue preservar a capacidade de ejaculação do paciente, a Urolíft.

Nos últimos anos, diferentes tecnologias têm melhorado a qualidade de vida de homens que precisam operar a próstata, reduzindo o tempo de recuperação, por exemplo. Neste campo, são bastante promissoras as cirurgias robóticas, que dão para o cirurgião uma visão tridimensional da região.

Para entender o porquê do aumento da próstata e conhecer as mais novas técnicas para este tipo de procedimento, o Canaltech conversou com o urologista e oncologista Bruno Benigno, especialista em cirurgia robótica.

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Por que a próstata começa a aumentar depois de uma certa idade?

No organismo masculino, a próstata é um órgão que está presente tanto no sistema urinário quanto no genital masculino. Basicamente, a glândula é uma espécie de conector. Além disso, é responsável por produzir uma substância que alimenta os espermatozoides, o líquido seminal.

Para cumprir as suas funções, a próstata sofre influência direta do hormônio testosterona. Este começa a ser produzido a partir da puberdade e atinge o pico quando o indivíduo completa 21 anos. Na própria glândula, a testosterona é convertida em uma enzima com 100 vezes mais potência que ela mesma, a di-hidrotestosterona (DHT).

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“A próstata de todos os homens cresce devido à conversão da testosterona em DHT. Só que existem outros fatores que podem acelerar o crescimento, por exemplo, a síndrome metabólica", explica Benigno. Isso ocorre, por exemplo, quando o paciente tem um estilo de vida sedentário ou está dormindo mal. Ambos os comportamentos, quando contínuos, contribuem com esse crescimento.

De forma geral, "o principal motivo que faz a próstata crescer é o efeito biológico da testosterona. No entanto, existem outras substâncias, como a insulina [quando cronicamente aumentada no sangue] que pode funcionar como um fator de crescimento", acrescenta.

O que é uma próstata aumentada?

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Falar de aumento prostático é uma expressão bastante genérica, já que não permite comparações. Em um homem saudável de até 30 anos, a próstata tem o tamanho de uma noz, pesando entre 25 a 30 gramas. Vale observar que, na urologia, cada grama é equivalente a um centímetro cúbico de próstata. Então, as duas formas de dimensioná-la são aceitas.

"Com o passar do tempo, a próstata vai crescendo e, geralmente, cresce num ritmo de 0,7 a 1 grama por ano", detalha o médico. Apesar da estimativa, esta é uma taxa bastante variável e sempre deve ser entendida dentro do contexto do paciente.

Agora, uma próstata grande pode ser definida como aquela que pesa mais de 60 gramas. Já uma muito grande, hiperplasiada, pesa mais que 100 gramas. “A próstata pode chegar a volumes gigantescos, com 300 a 350 gramas. São quadros mais raros", comenta.

Todo aumento da próstata exige tratamento?

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É muito comum as pessoas pensarem que todo aumento da próstata deve ser resolvido na mesa de cirurgia, só que isso não é necessariamente verdade. A intervenção cirúrgica depende, entre outros fatores, dos sintomas relatados pelo paciente e da intensidade dessas queixas — quando se sabe não ser uma neoplasia maligna.

“Nem todo crescimento da próstata vai levar a uma necessidade de tratamento. Esta necessidade acontece quando a próstata vai crescendo e esse crescimento leva ao estreitamento do canal que passa dentro da próstata, a uretra", detalha o médico. “O tratamento é baseado não só no tamanho da próstata, mas na intensidade dos sintomas", reforça.

De forma geral, são três categorias de sintomas relacionadas com o aumento da próstata:

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  • Leve;
  • Moderado;
  • Intenso.

Na maioria dos casos, o tratamento medicamentoso ou cirúrgico é indicado apenas para aqueles indivíduos com sintomas moderados e intensos. Nestas circunstâncias, o homem pode apresentar infecção de repetição, filtração do rim dificultada, pedra no canal da uretra ou dificuldade em urinar, por exemplo.

Para casos leves, o tratamento consiste em propor uma mudança no estilo de vida do indivíduo. Isso pode ser traduzido como dormir melhor, adotar uma rotina de atividades físicas e ter uma dieta balanceada. Estas intervenções “são muito eficientes para homens com próstatas grandes e sintomas leves", afirma Benigno.

Como a próstata pode crescer?

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Uma curiosidade que está diretamente ligada com a necessidade de intervenção cirúrgica é o sentido para o qual a próstata cresce:

  • Para dentro: tende a provocar o estreitamento da uretra, desencadeando diferentes tipos de sintomas;
  • Para fora: costuma manter o canal amplo e não implica em sintomas urinários.

Como saber se é um crescimento benigno ou cancerígeno?

Outro mito relacionado com a próstata é que todo crescimento consiste em um caso de câncer, o que não representa a realidade. Inclusive, um homem pode ter próstata pequena e ter câncer na glândula. "O tamanho não se correlaciona com o risco de ter câncer ou não", pontua Benigno.

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No entanto, saber se o paciente está ou não com câncer de próstata é fundamental para estabelecer qual será o tratamento adotado. Para responder a esta pergunta, é preciso investigar o quadro — incluindo a idade e o histórico familiar.

A investigação clínica tende a começar pelo exame de PSA (Antígeno Prostático Específico). Nele, vale observar se o indicador está muito alto e em qual velocidade está crescendo. O urologista também pode recorrer ao exame de toque, sendo que, normalmente, a próstata tem uma consistência macia e é mole. Ultrassom e ressonância magnética também podem ser considerados. Por fim, é feita uma biópsia.

Como funciona a cirurgia para próstata aumentada?

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Quando o médico finalmente descarta o risco de câncer, é o momento de entender como a hiperplasia benigna da próstata será corrigida. Para as intervenções cirúrgicas que ampliam o canal, é fundamental entender o tamanho da glândula.

Próstatas de 80 a 90 gramas

Para próstatas com essas dimensões, a cirurgia tende a ser feita a partir da uretra e consiste, basicamente, na ampliação do canal. A raspagem pode ser feita por um bisturi ou com a ajuda de um laser — o green laser. Além disso, a Urolift é uma opção recém-chegada ao mercado brasileiro, mas comum em outros países, como os Estados Unidos.

Diferente da raspagem, a nova técnica utiliza uma espécie de grampo que não agride o tecido, enquanto abre o canal por dentro. "É rápida, dura menos de 20 minutos, e pode ser feita com a sedação leve", detalha Benigno. Nestas circunstâncias, o paciente tem alta no mesmo dia e, de forma inédita, consegue preservar a ejaculação. "Isso não é possível com as outras técnicas existentes", afirma.

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No entanto, a técnica, que desembarcou em agosto no Brasil, apresenta um risco maior de retratamento, ou seja, em algum momento o paciente pode precisar recorrer novamente ao procedimento. Outro fator limitante é o preço, já que apenas o material custa em torno de 25 mil reais.

Próstata com mais de 90 gramas

Para próstatas maiores, as intervenções iniciadas pela uretra ou o Urolift não estão disponíveis. Nesses casos, a principal estratégia envolve cirurgias abdominais. A mais tradicional consiste em realizar uma incisão abaixo do umbigo até o púbis, através da qual o cirurgião irá remover a parte de dentro da próstata.

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O procedimento pode ser menos invasivo, quando uma microcâmera é utilizada. Nessas circunstâncias, o equipamento de vídeo entra pelo umbigo e alguns orifícios são feitos na região para acomodar as pinças. Mais recentemente, este tipo de cirurgia por vídeo foi atualizada com a ajuda de um robô.

Na cirurgia robótico da próstata, o profissional de saúde também não precisa abrir o abdômen do paciente e somente introduz a câmera e as pinças robóticas — uma espécie de mão em miniatura, que dá maior mobilidade para o médico. Neste caso, é possível ter uma visualização em 3D da região e maior nível de definição, o que melhora a taxa de sucesso do procedimento.