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Nanocorpos: técnica pode ser chave para tratamento contra COVID-19

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Agosto de 2021 às 09h40

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Freepik/tawatchai07
Freepik/tawatchai07

Na busca de formas eficientes de controlar o coronavírus SARS-CoV-2 e as novas variantes, pesquisadores de todo o mundo investem em novas alternativas de combate, como os nanocorpos. Tratam-se de moléculas microscópicas que podem neutralizar o vírus da COVID-19 pelo menos em animais, de acordo com um estudo recém-publicado. 

No final do ano passado, a equipe da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, conseguiu extrair minúsculos e poderosos fragmentos de anticorpos de lhamas contra o SARS-CoV-2. Agora, os pesquisadores norte-americanos buscam transformar os nanocorpos  em um tratamento inalável que consiga prevenir e também tratar a COVID-19.

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A eficácia desta tecnologia já foi validada em hamsteres que contraíram o quadro grave da doença. No modelo animal, os nanocorpos conseguiram reduzir as partículas do coronavírus nas vias respiratórias dos animais quando comparados com o grupo de animais que não receberam o tratamento (placebo).

Além da COVID-19, "os nanocorpos são produtos biológicos versáteis e estáveis ​​que podem ser usados ​​em outras pesquisas, como do câncer”, explicou o professor da universidade norte-americana e um dos autores do estudo, Yi Shi. Na pesquisa, publicada pela revista científica Nature Communications, Shi e seus colegas demonstraram mecanismos pelos quais os nanocorpos podem desarmar o coronavírus, impedindo a infecção de células saudáveis.

Brasil também estuda os nanocorpos

Além dos pesquisadores dos EUA, grupo de cientistas brasileiros também investigam a tecnologia, mais especificamente membros da Fiocruz Ceará e da Faculdade de Veterinária (FAVET) da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Por aqui, a investigação também segue em fase inicial e ainda não foi possível desenvolver um tratamento específico contra a COVID-19, mas novas descobertas seguem em andamento.

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Vale explicar o porquê de tantas pesquisas usarem as lhamas como ponto de partida para a busca de nanocorpos. Isso acontece porque estes animais — e também as alpacas e os dromedários — são mais resistentes às variações de temperatura e produzem anticorpos capazes de reconhecer os antígenos de forma mais eficiente do que em humanos. Justamente por causa disso, pesquisadores de todo o mundo utilizam fragmentos de seus anticorpos.

“Nanocorpos são as menores frações de anticorpos capazes de reconhecer e neutralizar um antígeno. Eles possuem cerca de um décimo do tamanho do anticorpo inteiro, da imunoglobulina G. A partir do momento que identificarmos o nanocorpo de interesse, suas propriedades, como afinidade e solubilidade, são melhoradas em laboratório para viabilizar a formulação de um medicamento. Esses insumos podem ser usados tanto para a terapêutica como para o diagnóstico da doença”, explica a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Ceará, Carla Celedônio.

Investigando as vulnerabilidades dos nanocorpos

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Retomando os estudos da Universidade de Pittsburg, os pesquisadores norte-americanos analisaram, através de microscopia crioeletrônica, como os nanocorpos interagem com o coronavírus e de quais formas esse contato impede a infecção de células saudáveis. Outro objeto de análise foi a eficácia dessas partículas contra as novas variantes, como a Alfa (B.1.1.7), descoberta primeiro no Reino Unido, e a Delta (B.1.671.2), identificada na Índia.

“Descrever todas essas vulnerabilidades e formas de impedir o SARS-CoV-2 e os coronavírus em geral tem um potencial enorme”, explicou o professor Shi. “Isso não apenas ajudará nossa equipe a selecionar e refinar nanocorpos para tratar e prevenir a COVID-19, mas também pode levar a uma vacina universal, prevenindo não apenas COVID-19, mas SARS, MERS e outras doenças causadas por coronavírus”, aposta o pesquisador. Por agora, as partículas microscópicas demonstraram eficácia contra as novas variantes.

Para acessar o estudo completo sobre os nanocorpos de lhamas, publicado na revista científica Nature Communications, clique aqui.

Fonte: UPMC e Agência Fiocruz