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Coronavírus pode infectar até a retina dos olhos, aponta estudo brasileiro

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Twenty20photos/Envato Elements
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Pela primeira vez, pesquisadores brasileiros identificaram a presença do coronavírus SARS-CoV-2 na retina humana. A descoberta, feita por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pode melhorar a compreensão sobre a dinâmica do vírus da COVID-19 e as possíveis sequelas causadas em pacientes infectados.

Publicado na revista científica JAMA Ophthalmology, o estudo encontrou três pacientes que tiveram COVID-19 e que a retina foi infectada pelo agente infeccioso. De acordo com o professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (EPM/Unifesp), Rubens Belfort Junior, "a descoberta revela um biomarcador importante, talvez, relacionado à presença do vírus em outras partes do organismo e causador de outras doenças provocadas pelo coronavírus". A pesquisa também foi coordenada por Wanderley da Silva, da UFRJ.

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Isso porque, a partir dessas evidências, é preciso investigar outras formas que o coronavírus tem de afetar o corpo humano. Por exemplo, o agente infeccioso pode causar algum dano para a visão humana que, até agora, não foi associado ao quadro clínico da infecção.

Como encontraram o coronavírus na retina?

Para identificar a presença do coronavírus na região, os pesquisadores realizaram enucleações post mortem de olhos, durante os meses de junho e julho de 2020. Estes experimentos foram realizados apenas na retina de pacientes que estavam internados em hospital e faleceram em decorrência da gravidade da COVID-19.

"As proteínas do vírus foram observadas nas células endoteliais, próximo à chama capilar e às células das camadas nucleares interna e externa da retina. Na região perinuclear dessas células, foi possível observar por microscopia eletrônica de transmissão, vacúolos de membrana dupla consistentes com o vírus", comentou o pesquisador da Unifesp.

Para o grupo de cientistas, a presença dessas partículas virais reforça possíveis manifestações clínicas oculares da infecção, mas também acende um alerta para a possibilidade de o vírus estar diretamente relacionados a novas complicações — inclusive, doenças neurológicas. Além disso, há a possibilidade da região se comportar como um reservatório dos coronavírus no corpo.

"Agora, está claro que após a infecção inicial no sistema respiratório, o vírus pode se espalhar por todo o corpo, atingindo diferentes tecidos e órgãos. Assim, as descobertas podem ajudar a elucidar a fisiopatologia do vírus e seus mecanismos etiológicos, o que pode permitir melhor entendimento das sequelas da doença e pode direcionar alguns caminhos de pesquisas futuras", completaram os pesquisadores Belfort e Wanderley de Souza, ambos coordenadores do estudo.

Para acessar o artigo completo sobre a descoberta de partículas do coronavírus na retina, clique aqui.