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Miocardite: entenda o raro efeito adverso de algumas vacinas da covid

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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FabrikaPhoto/Envato
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Não é segredo que algumas vacinas de mRNA (RNA mensageiro) contra a covid-19 podem causar como efeito adverso raro a miocardite, ou seja, uma inflamação no músculo cardíaco. Agora, uma equipe de cientistas da Universidade Yale, nos Estados Unidos, descobre o porquê do efeito indesejado e apresenta soluções para reduzir ainda mais o risco.

Aqui, vale destacar que a miocardite somente foi observada após a imunização com as fórmulas da Pfizer e da Moderna, ambas conhecidas por usarem a tecnologia de mRNA. Os dados disponíveis sobre os sistemas de vigilância indicam que o efeito adverso raro é mais incidente em adolescentes e homens jovens (de até 20 anos), além de ser mais comum após a segunda dose.

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Antes de seguirmos, é preciso pontuar que o efeito adverso é raro o suficiente para que o uso das vacinas de mRNA contra a covid-19 seja mantido. Isso significa que, hoje, as autoridades de saúde entendem que os benefícios de estar imunizado contra a doença é maior que o potencial risco da inflamação.

Inclusive, esta análise já foi feita tanto pela agência Food and Drug Administration (FDA), nos EUA, quanto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil.

Na própria bula da vacina da Pfizer, disponibilizada para todos brasileiros no site da Anvisa, é destacado: “Geralmente, os casos [de miocardite pós-vacinação em homens jovens] são leves e os indivíduos tendem a se recuperar dentro de um curto período de tempo após o tratamento padrão e repouso”.

O que causa o raro efeito adverso da vacina de mRNA?

Publicado na revista científica Science Immunology, o estudo de Yale envolveu a coleta de amostras de sangue de 23 pacientes do sexo masculino que desenvolveram miocardite ou pericardite após serem vacinados com as fórmulas de mRNA. Os participantes tinham idades entre 13 e 21 anos.

O objetivo das análises foi compreender, de forma detalhada, a resposta imunológica dos pacientes. Diferente do que se acreditava, a inflamação do tecido cardíaco não foi provocada pelo ataque proveniente de anticorpos gerados pela vacina contra o coronavírus SASR-CoV-2. Na verdade, o dano foi provocado pela ativação de uma resposta imunológica generalizada envolvendo células imunes e inflamatórias.

“O sistema imunológico desses indivíduos fica acelerado demais e produz citocinas [proteínas] e respostas celulares em excesso”, explica Carrie Lucas, professora associada de Yale e uma das autoras do estudo, em comunicado. Entre as células de produção elevada, os autores destacam as células de defesa T e NK, além dos monócitos inflamatórios.

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Para mitigar os riscos, uma das estratégias é aumentar o período de intervalo entre as vacinas para pelo menos oito semanas, sugere a pesquisa. Outro ponto é que a própria covid-19 pode causar miocardite. “Espero que essa nova descoberta permita otimizar ainda mais as vacinas de mRNA, que, além de oferecer claros benefícios à saúde durante a pandemia, têm um tremendo potencial para salvar vidas em inúmeras aplicações futuras”, acrescenta Anis Barmada, outra autora do estudo.

Fonte: Science ImmunologyUniversidade Yale e Anvisa