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Ligações e mensagens não bastam para livrar idosos da solidão

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Setembro de 2022 às 18h00

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Jpoquet/Envato
Jpoquet/Envato

Durante a pandemia da covid-19, os idosos estiveram entre os grupos mais afetados e, em muitos casos, passaram longos períodos sozinhos. Por outro lado, a ciência aponta que ter amigos e manter contato com a família são a chave para uma velhice saudável. Apesar de serem importantes e demonstrarem carinho, somente mensagens por WhatsApp e chamadas telefônicas não bastam para manter esse elo, segundo especialista.

O período de isolamento "agravou a tristeza, aumentou muito o número de depressão e ansiedade [nos mais velhos]. É preciso que a gente olhe para esse cenário com empatia, com cuidado, porque eles estão precisando de atenção, principalmente agora nesse pós-pandemia", afirma Denize Savi, especialista em ciência da felicidade e coordenadora da organização Doe Sentimentos Positivos, para a BBC.

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Contato físico vs WhatsApp e chamada telefônicas

O contato exclusivamente telefônico ou via WhatsApp e redes sociais não é o suficiente para proporcionar a sensação de felicidade e bem-estar aos idosos, aponta Savi. Quando se sentem abandonados, "[a distância] pode levar a doenças como Alzheimer, Parkinson, depressão, ansiedade, esquizofrenia e tantas outras doenças mentais", relata a psicóloga.

"É o contato físico, o afeto, principalmente o abraço e o olho no olho e o carinho, que fazem com que o ser humano floresça para uma vida com mais bem-estar. Então não adianta o familiar ligar para saber como o pai ou a mãe está se ele não fizer uma visita presencial. É extremamente importante estar junto de verdade. Muitas vezes é muito difícil porque moram em cidades distantes, mas é necessário se organizar para, pelo menos em algum momento, estar junto. Porque isso é fundamental", afirma.

Estudos comprovam a importância da rede social física

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Sobre a importância dos laços sociais e da amizade na terceira idade, pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, acompanham um grupo de pessoas a mais de 80 anos — desde 1938. Com o nome de Harvard Study of Adult Development, o projeto já descobriu que, por exemplo, pessoas que chegam na terceira idade com uma rede social física pequena (com poucos amigos) têm maior tendência para a depressão.

Em um dos estudos já desenvolvidos pelo grupo, "levantamos a hipótese de que mais tempo gasto com outras pessoas estaria associado a uma maior felicidade no dia a dia. Para homens e mulheres, as análises, em diferentes níveis, revelaram uma ligação que aproximou estatisticamente os relatos de passar mais tempo com outras pessoas em um determinado dia e ser mais feliz naquele dia, mesmo após contabilizar o nível de felicidade no dia anterior", explicam os autores em artigo publicado pela revista Psychology and Aging.

“Quando o estudo começou, ninguém se importava com empatia ou apego. Mas a chave para o envelhecimento saudável são os relacionamentos”, reforça o psiquiatra George Vaillant, que já liderou os estudos sobre o envelhecimento saudável de Harvard, em comunicado.

Para evitar depressão, idosos devem ter rotinas

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Para se manter saudável, a pessoa deve cultivar amizades — o que pode ser feito através de atividades para a terceira idade, disponibilizadas de forma gratuita por muitas prefeituras pelo Brasil — e, quando possível, a família deve estar próxima fisicamente.

Além disso, idosos devem manter algum nível de ocupação, mesmo que seja em atividades beneficentes. Esta rotina ajuda os indivíduos a encontrarem disposição todos os dias. "Às vezes, a idosa tem um talento para tricô. Ela pode fazer blusinhas e casaquinhos para crianças de creches. O maior segredo de tudo não é saber o que tem que ser feito. É ter disciplina. Ter disciplina é o mais difícil. Isso vale para todas as idades, mas em especial para os idosos", pontua Savi.

Fonte: BBC, Psychol Aging e Universidade de Harvard