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Afinal, o que a ciência conclui, até o momento, sobre ivermectina contra covid?

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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HalGatewood/Unsplash
HalGatewood/Unsplash

Na busca por remédios contra o coronavírus SARS-CoV-2, inúmeras medicações foram estudadas e desenvolvidas para combater a infecção. Nesse sentido, alguns fármacos foram usados para causarem efeitos off label, ou seja, diferente do que é orientado na bula. Passado mais de um ano de pandemia da covid-19, algumas apostas iniciais deixaram de ser promissoras no combate à doença, como é o caso da ivermectina, um remédio utilizado para combater parasitas.

Até agora, não existem evidências sólidas de que comprimidos do vermífugo são considerados antivirais, ou seja, têm capacidade de combater algum tipo de vírus. Por outro lado, são seguros e eficazes, em doses específicas, para o tratamento de alguns vermes e outros tipos de parasitas, como piolhos, e para doenças de pele, como a rosácea (uma doença inflamatória crônica da pele).

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Retrospectiva do uso da ivermectina contra o coronavírus

Nos primeiros meses da descoberta da covid-19, alguns estudos iniciais em animais ou em laboratório sugerirem que a ivermectina também poderia ajudar a combater o coronavírus. No entanto, o cenário in vitro pode ser bastante diferente do que ocorre no organismo e a maioria das drogas são descontinuadas quando testadas in vivo, segundo especialistas.

De acordo com uma equipe de pesquisadores, incluindo membros da Universidade de Londres, os principais estudos sobre a ivermectina não encontraram nenhum efeito real na mortalidade ou na prevenção de infecções por covid-19. Por outro lado, as pesquisas que pareciam atestar o efeito do antiparasitário foram questionadas em seus resultados.

“Contar com estudos de baixa qualidade ou questionáveis ​​no cenário global atual apresenta danos graves e imediatos”, afirmam os autores, em artigo publicado na revista científica Nature Medicine. “O enorme impacto da covid-19 e a consequente necessidade urgente de demonstrar a eficácia clínica de novas opções terapêuticas fornecem um terreno fértil para que mesmo alegações de eficácia mal evidenciadas sejam ampliadas, tanto na literatura científica quanto nas redes sociais”, completam.

Análise dos estudos feitos com ivermectina contra covid-19

No artigo da Nature Medicine, cientistas do Reino Unido, Austrália, Suécia e Estados Unidos destacaram, entre aqueles que foram publicados, dois estudos suspeitos, mas que chamaram bastante atenção sobre os possíveis efeitos da ivermectina contra a covid-19. Foram eles: um ensaio clínico feito no Egito, retirado da plataforma de preprints — estudos que ainda não foram avaliados por outros cientistas — em que foi disponibilizado; e o outro foi feito no Irã. Inclusive, os autores iranianos teriam se recusado a disponibilizar os dados dos pacientes incluídos na investigação.

Por mais evidente que seja o problema destes dois estudos sobre o uso de ivermectina contra a covid-19, os autores do novo artigo explicam que essa é apenas a ponta do iceberg. Segundo eles, existem inúmeros estudos em que, apenas um olhar mais atento nos dados, revela dados inconsistentes e que podem ser falsos.

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É verdade que ainda existem ensaios clínicos em andamento com a ivermectina, nos EUA e em outros lugares. Isso significa que, em algum momento, pode ser descoberto um benefício da droga, mas este deve ser modesto e não justifica o atual cenário. “A pesquisa [em geral] criou confiança indevida no uso de ivermectina como profilático ou no tratamento para covid-19, usurpou outras agendas de pesquisa e, provavelmente, resultou em tratamento inadequado ou cuidados precários para os pacientes”, pontuam os autores.

Revisão sistemática

Não levantando a questão sobre a qualidade dos estudos sobre ivermectina, um grupo de pesquisadores, incluindo membros da Escola de Farmácia da Universidade de Connecticut, comparou os resultados de inúmeros estudos sobre a medicação contra a covid-19, no que é chamado de revisão sistemática. Este estudo foi publicado na revista científica Clinical Infectious Diseases.

Para a revisão, os autores investigaram estudos já publicados sobre a ivermectina e a covid-19, utilizando uma ferramenta de metanálise. Foram incluídos apenas ensaios clínicos randomizados (RCTs) publicados e pré-impressos ​​até o dia 22 de março de 2021.

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Na conclusão da análise, os autores observaram que "em comparação com tratamento padrão ou placebo, a ivermectina não reduziu todas as causas de mortalidade, tempo de internação ou depuração viral em estudos controlados por placebo em pacientes com covid-19, principalmente com doença leve". Além disso, eles declaram que, até que se prove o contrário, a "ivermectina não é uma opção viável para tratar pacientes com covid-19 e só deve ser usada no contexto de ensaios clínicos".

Para acessar o artigo completo sobre a qualidade dos dados sobre ivermectina usadas em estudos, publicado na revista científica Nature Medicine, clique aqui. Agora, para conferir a metanálise sobre o uso de ivermectina contra a covid-19, publicada na revista Clinical Infectious Diseases, acesse aqui.

Fonte: Com informações: Gizmodo e R7