IA do Google busca diagnosticar doenças a partir do som da tosse
Por Fidel Forato |

Já pensou gravar o áudio de 10 segundos de uma pessoa tossindo e obter um possível diagnóstico do quadro respiratório? É basicamente isso que o Google planeja com o seu novo modelo de Inteligência Artificial (IA) baseado em bioacústica, apelidado de Heath Acoustic Representations (HeAR).
A IA do Google é baseada no conceito de que pistas sutis e imperceptíveis aos ouvidos humanos podem ser encontradas ao analisar um simples som de tosse. Se der certo, isso poderá revolucionar a forma como os diagnósticos são feitos e baratear os custos de atendimento médico, especialmente em casos de tuberculose.
Vale destacar que usar a IA para “escutar” os sintomas em uma busca de um diagnóstico não é algo totalmente inédito na medicina. Pesquisadores da Universidade Stanford (Estados Unidos) já investigaram essa relação associada à covid-19, por exemplo. Cientistas do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também realizaram estudos do tipo, buscando conexões secretas no som da tosse. Entretanto, o volume de dados usados pelo Google no treinamento impressiona.
Uso da IA do Google
Para treinar o HeAR, foram usados 300 milhões de fragmentos diversos de áudio, incluindo pessoas tossindo. Tamanho material analisado pela ferramenta garantiu uma "capacidade superior de capturar padrões significativos em dados acústicos relacionados à saúde", segundo o Google.
Entre os parceiros na empreitada, está a Salcit Technologies, uma startup indiana da área de saúde. A equipe explora como o HeAR pode expandir as capacidades de seus modelos de IA bioacústica já usados na triagem da tuberculose.
Além disso, o HeAR está disponível para o uso de pesquisadores interessados no desenvolvimento de novas ferramentas de triagem para o diagnóstico. Até o momento, não há planos de comercializar a tecnologia com IA do Google.
Doenças não diagnosticadas
No futuro, “soluções como o HeAR permitirão que a análise acústica com a tecnologia de IA inove a triagem e o diagnóstico da tuberculose, oferecendo uma ferramenta acessível e potencialmente de baixo custo para aqueles que mais precisam”, destacou Zhi Zhen Qin, especialista em saúde digital da Stop TB Partnership (entidade que luta globalmente contra a doença), em nota.
Novas formas de melhorar o acesso à saúde são fundamentais, ainda mais quando se considera que, por ano, 10 milhões de pessoas desenvolvem a tuberculose, mas de 3 a 4 milhões não são diagnosticadas. Sem o tratamento (que já existe), o risco de complicações é enorme.
Fonte: Google