Bactéria que causa tuberculose foi descoberta há 140 anos; conheça sua história
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Nesta quinta-feira (24), a descoberta da bactéria que causa a tuberculose (TB) completa exatos 140 anos. Em março de 1882, o médico alemão Robert Koch anunciou que a Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, era a responsável pela infecção. O cientista é também ganhador do Prêmio Nobel.
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A descoberta trouxe fim para o mistério de uma doença que acometia diferentes sociedades há milhares de anos. Enquanto a bactéria era desconhecida, a compreensão do porquê da doença e das suas formas de transmissão também eram limitadas. Atualmente, o Dia Mundial da Tuberculose é comemorado na data deste anúncio histórico.
Vale lembrar que, apesar de ser uma doença antiga, a tuberculose continua a ser uma importante questão de saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por ano em decorrência da bactéria, causando mais de um milhão de óbitos anuais. No Brasil, cerca de 70 mil casos são diagnosticados e 4,5 mil mortes contabilizadas.
Conheça a história da tuberculose
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, estima-se que a bactéria da tuberculose exista há cerca de 3 milhões de anos. Só que, neste longo período, o agente infeccioso passou por diferentes e significativas mutações até chegar na versão em que é conhecida.
Em humanos, o primeiro caso de tuberculose que se tem notícia aconteceu há cerca de 9 mil anos. A doença foi identificada por uma equipe de arqueólogos nos restos mortais de mãe e filho enterrados juntos em uma cidade na costa de Israel, a Atlit Yam. Atualmente, a região está submersa. Já as primeiras menções escritas têm cerca de 3 mil anos e foram encontradas na Índia. Na Grécia e na Roma antiga, também existiam relatados da infecção bacteriana.
Entre os anos de 1600 a 1800, a tuberculose foi responsável por 25% das mortes da Europa e uma porcentagem semelhante era relatada nos EUA, segundo o CDC. No período, a tuberculose era conhecida como a “peste branca” devido à palidez que os pacientes apresentavam. Sem a existência dos antibióticos, a bactéria era "tratada" com a ajuda de óleo de fígado de bacalhau, massagens com vinagre e inalação de cicuta ou terebintina.
Crença na causa por "vampiros"
Na busca por explicações para a origem da doença, a tuberculose foi associada com vampiros ao longo de sua história. Na região da Nova Inglaterra, nos EUA, a disseminação da doença causou pânico por causa desta suposta origem macabra.
"Quando um surto de tuberculose ocorreu em uma cidade, suspeitou-se que o primeiro membro da família a morrer de tuberculose voltou como um vampiro para infectar o resto dos parentes. Para parar os vampiros, as pessoas da cidade desenterravam suspeitos de vampiros da sepultura e realizavam um ritual", conta o CDC.
Como a bactéria é encarada hoje?
Passada a época dos misticismos, a ciência já descobriu que a tuberculose é uma doença infecciosa transmitida pelo ar. Assim, a transmissão ocorre quanto uma pessoa contaminada tosse, fala ou espirra, liberando partículas aerossóis da bactéria.
"Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, uma pessoa com tuberculose pulmonar e/ou laríngea ativa, sem tratamento, e que esteja eliminando aerossóis com bacilos [formato da bactéria], possa infectar, em média, de 10 a 15 pessoas", aponta a Saúde.
Pessoas com a infecção tendem a apresentar alguns sintomas bastante característicos, como tosses que duram por semanas. Isso porque a doença afeta principalmente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos. No entanto, estas outras formas da tuberculose são mais comuns em pessoas imunossuprimidas, como os indivíduos que vivem com o HIV.
Quando diagnosticada, a doença pode ser curada, através do uso de antibióticos, de forma prolongada. "O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses, é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS)", detalha a Saúde.
Para impedir casos graves da doença, existe a vacina BCG. A fórmula é composta pelo bacilo de Calmette-Guérin (BCG), que é obtido a partir do enfraquecimento (atenuação) de uma das bactérias responsáveis por causar a tuberculose. A fórmula é aplicada em recém-nascidos no Brasil.
Fonte: CDC e Ministério da Saúde