Filariose | Homem tem pênis e perna infestados de vermes há 17 anos
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela | •
Imagine ter uma dor contínua por simplesmente 17 anos! Esse é o caso de um paciente do University Hospital Basel, na Suíça. O homem de 72 anos viveu todo esse tempo com o pênis inchado, tal como as pernas, e só neste ano buscou ajuda. Ele foi diagnosticado com filariose linfática, mais conhecida como elefantíase. Conforme mostram os exames publicados na The New England Journal of Medicine, a região estava infestada de vermes.
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O paciente vive na Suíça há 20 anos, mas veio do Zimbábue. Como a filariose linfática é uma infecção parasitária transmitida por mosquitos e os sintomas começaram mais ou menos nessa época, os médicos responsáveis pelo caso têm a teoria de que tudo começou lá.
A filariose linfática é causada por vermes chamados nematóides, que invadem o sistema linfático — responsável por combater infecções e manter o equilíbrio de fluidos do corpo.
Durante os exames, os autores do estudo notaram que a contagem de eosinófilos do paciente era quase o dobro do normal, o que remete a uma infecção. Os eosinófilos são glóbulos brancos que se tornam ativos diante de algumas doenças alérgicas ou infecções.
O paciente foi submetido a ressonância magnética da pelve, o que ajudou a perceber melhor o inchaço dos tecidos escrotais dos dois lados, caracterizando a chamada elefantíase escrotal.
A próxima etapa foi fazer testes de anticorpos, que por sua vez deram positivo para Wuchereria bancrofti, vermes microscópicos semelhantes a fios.
Para combater a doença, os médicos prescreveram medicamentos parasitários. Dois meses após o término, a equipe voltou a verificar a situação do paciente e viu que os sintomas desapareceram por completo.
Filariose linfática (elefantíase) no Brasil
A filariose linfática (elefantíase) é definida pelo Ministério da Saúde como uma doença parasitária crônica, e considerada uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo prazo. O mosquito responsável pela transmissão é o Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita.
Os sintomas da elfantíase incluem acúmulo anormal de líquido nos membros, seios e bolsa escrotal, aumento do testículo (hidrocele) e crescimento ou inchaço exagerado dos membros, seios e bolsa escrotal. Mas é uma situação diferente do priapismo, que gera ereções involuntárias.
Segundo a Pasta, no Brasil, o perfil epidemiológico dessa doença foi estabelecido na década de 50, quando foram realizados inquéritos hemoscópicos em todo o país. Ao todo, 11 cidades em 6 estados foram considerados como os “focos de filariose” no país, e uma série de ações foram implantadas para combater essa endemia.
Após anos de esforços, a filariose linfática (elefantíase) está em fase de eliminação no Brasil. A área endêmica está restrita à Região Metropolitana de Recife, tendo o ano de 2017 como o último com identificação de caso confirmado.
Fonte: The New England Journal of Medicine, Ministério da Saúde