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Como o Brasil pode evitar quase 500 amputações de pênis por ano?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Fevereiro de 2023 às 19h15

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Towfiqu98/Envato
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Em decorrência do câncer de pênis, 486 homens têm o pênis amputado por ano no Brasil, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Entre 2007 e 2022, 7,7 mil cirurgias do tipo foram realizadas apenas no Sistema Único de Saúde (SUS). A questão é que a maioria desses casos são evitáveis e medidas simples, como a higiene diária, poderiam impedir este tipo de problema. Porém, falta conscientização.

“Infelizmente, o Brasil segue como uma das maiores casuísticas mundiais em câncer de pênis", afirma a médica Karin Jaeger Anzolch, diretora de comunicação da SBU, em nota. "Saber que é um dos cânceres mais preveníveis que existe, e que com medidas relativamente simples podemos fazê-lo, é um alento, porém a conscientização e o conhecimento ainda não chegaram a uma boa parte da população”, complementa.

Por isso, a nova campanha da SBU, lançada no mês de combate ao câncer de pênis, alerta para medidas "simples" como a importância da lavagem diária do falo e a conscientização sobre os riscos da fimose — esta ocorre quando não é possível puxar para trás a pele que recobre a glande.

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Como prevenir o câncer de pênis?

Confira as medidas que a SBU recomenda para reduzir o risco de câncer de pênis e, consequentemente, diminuir o número de amputações no Brasil:

  • Lavagem diária do pênis com água e sabão, incluindo a região entre o prepúcio e glande;
  • Limpeza do pênis deve ser feita após relações sexuais;
  • Uso de preservativo durante as relações sexuais, prevenindo inúmeras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como o papilomavírus humano (HPV);
  • Quando possível, homens devem tomar vacina contra o HPV. Imunizante é gratuito no SUS para meninos de 11 a 14 anos e para pacientes imunossuprimidos, como os indivíduos que convivem com o HIV;
  • Se necessário, o homem deve passar pela postectomia. A cirurgia de retirada do prepúcio é coberta pelo SUS e feita quando a pele impede a higienização correta do órgão;
  • Não se deve praticar zoofilia (sexo com animais). Além de ser altamente arriscada, prática é ilegal;
  • Evite fumar, já que o tabagismo é fator de risco para este tipo de câncer.
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"A higiene correta ajuda a evitar a doença, e o diagnóstico precoce ajuda na cura do câncer sem a necessidade de tratamentos mais radicais, como a amputação do pênis”, reforça Alfredo Felix Canalini, urologista e presidente da SBU. No entanto, ainda falta informação e muitos homens não buscam ajuda médica, quando identificam feridas e lesões que não cicatrizam no pênis — este é um importante sinal para a suspeita oncológica.

“A conscientização já deveria começar nos lares e nas escolas, iniciando com um exame simples para ver se o menino tem fimose, passando pelo aprendizado de uma boa higiene genital, vacinação para HPV, orientações contra o fumo e proteção contra as infecções sexualmente transmissíveis", pontua Anzolch.

Como é a lesão que indica câncer de pênis?

Não existe um único tipo de lesão no pênis associada com este tipo de câncer. “A lesão pode ser vegetante, ulcerada, plana, avermelhada ou um misto desses tipos. Costuma estar associada a coceira local, queimação, dor e odor desagradável", explica José de Ribamar Rodrigues Calixto, supervisor da Disciplina de Câncer de Pênis da SBU.

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Quando é necessário amputar o membro?

Se a doença é diagnosticada em fase muito avançada, o tratamento consiste na emasculação (castração) e implantação da uretra na região do períneo. Ou seja: na amputação do pênis. Além disso, Calixto explica que "o acometimento dos linfonodos inguinais determina a necessidade de retirada dos linfonodos dessa região, causando sequelas como linfedema (inchaço) dos membros inferiores, de bolsa escrotal e de pênis”.

Casos de câncer de pênis no Brasil

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Conforme os dados levantados pela Sociedade Brasileira de Urologia, através do Ministério da Saúde, até o mês de novembro de 2022 o Brasil registrou 1.933 casos de câncer de pênis e 459 amputações do órgão. Considerando a média dos últimos anos, são feitas 486 amputações por ano. É como, se a cada sete dias, nove homens tivessem o seu pênis amputado por uma doença que poderia ter sido evitada.

Abaixo, confira o número de casos de câncer de pênis nos últimos quatro anos em nosso país:

  • 2019: 2.156 casos;
  • 2020: 2.064 casos;
  • 2021: 2.072 casos;
  • 2022: 1.933 casos (até o mês de novembro).

Como muitos dos diagnósticos são tardios, o número de amputações do órgão é bastante elevado no SUS, como revela a SBU:

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  • 2019: 637 amputações;
  • 2020: 525 amputações;
  • 2021: 570 amputações;
  • 2022: 459 amputações (até novembro).

Fonte: SBU