Alimentos fermentados podem ter aumentado cérebro humano
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 27 de Novembro de 2023 às 15h46
Em estudo publicado na revista Communications Biology, pesquisadores dos EUA descobriram que alimentos fermentados podem ter levado ao aumento do cérebro dos seres humanos ao longo dos séculos. Com o passar da evolução, o órgão simplesmente triplicou de tamanho, então os cientistas têm buscado entender os fatores por trás disso.
- Por que o cérebro humano é tão grande em relação ao de outras espécies?
- 10 mistérios do cérebro que ainda intrigam a ciência
No trato gastrointestinal humano, especialmente no cólon, bactérias simbióticas decompõem a matéria alimentar orgânica em nutrientes, como ácidos graxos — um processo denominado fermentação interna. Isso fornece energia adicional a partir de fibras não digeridas e melhora a absorção de vitaminas e minerais.
Por outro lado, a fermentação externa ocorre quando a decomposição dos alimentos é provocada por bactérias no ambiente ou na superfície dos alimentos. Esse tipo de fermentação melhora a saúde intestinal, contribuindo para a microflora, além de melhorar a absorção de nutrientes e melhorar a imunidade.
Segundo o estudo, o cólon sofreu uma redução significativa de 74% ao longo da evolução, indicando uma menor necessidade de decompor alimentos derivados de plantas. A mudança poderia ser potencialmente uma adaptação após a ingestão de alimentos fermentados externamente.
Como alimentos fermentados afetaram cérebro e intestino?
Antes de responder a essa pergunta, cabe explicar o que é fermentação: trata-se de um processo natural no qual microorganismos, como bactérias, leveduras e fungos, convertem compostos em outros, resultando, muitas vezes, em substâncias benéficas para o organismo.
Durante o processo de fermentação, algumas bactérias produzem compostos neuroativos (ácidos graxos de cadeia curta e aminas biogênicas). Isso pode trazer efeitos positivos para a saúde do cérebro, bem como para o sistema nervoso.
No intestino, a fermentação promove uma microbiota mais saudável. Você já deve ter ouvido por aí que o intestino é nosso segundo cérebro, certo? Pois bem: a comunicação entre o órgão e o nosso cérebro é essencial para a saúde mental e, graças aos alimentos fermentados, esse eixo intestino-cérebro pode ter sido beneficiado.
Fermentação pela humanidade
O artigo traz a hipótese de que os primeiros hominídeos podem ter transportado e armazenado alimentos, iniciando involuntariamente a fermentação externa. A preservação de alimentos desde a antiguidade permitiu que nossos antepassados tivessem acesso a alimentos nutritivos até mesmo quando havia escassez de comida fresca.
Apesar das evidências, vale notar que o impacto específico dos alimentos fermentados no desenvolvimento do cérebro humano pode ser difícil de determinar com precisão devido à complexidade de fatores envolvidos na evolução. A dieta humana ao longo do tempo evoluiu de maneira complexa, com várias práticas alimentares influenciando o desenvolvimento físico e cognitivo.
Fonte: Communications Biology