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Fatores de risco: como AVC e câncer podem agravar casos de COVID-19?

Por| 26 de Maio de 2020 às 15h17

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European Pharmaceutical Review
European Pharmaceutical Review

No mundo, já são mais de 5,5 milhões de infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), segundo os dados da plataforma Worldometer. Somente no Brasil, estão concentrados cerca de 6,5% do total de contaminados com a COVID-19, o que equivale a mais de 360 mil pessoas. Felizmente, a maioria desse grupo irá se recuperar da infecção respiratória, mas, para muitos, a realidade é bem diferente: até o momento, no globo, a doença fez mais de 345 mil vítimas fatais.

Entre os pacientes que foram a óbito estão, principalmente, idosos e pessoas com outras doenças pré-existentes, como cardiopatia, diabetes, imunodepressão ou obesidade, por exemplo. A orientação é que esses grupos de risco redobrem os cuidados nas medidas de prevenção ao coronavírus, ou seja, em hipótese alguma deve-se abandonar um tratamento em andamento por causa da COVID-19. Segundo o Ministério da Saúde, 69,3% tinham mais de 60 anos e 64% apresentavam pelo menos um fator de risco.

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De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, a cardiopatia foi a principal comorbidade associada e esteve presente em 5.236 dos óbitos, seguida de diabetes (em 4.035 óbitos), doença renal (917), doença neurológica (851) e pneumopatia (784). Isso considerando que, no levantamento, que foi até o dia 18 de maio, o Brasil tinha mais de 254 mil casos da COVID-19 e 16.792 óbitos pela infecção.

Cuidado com o AVC!

Mesmo com os sérios riscos à saúde, muitos pacientes interromperam (ou tiveram interrompidos) seus tratamentos para doenças crônicas durante a pandemia da COVID-19. Segundo a Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, houve uma queda de 50% no atendimento aos pacientes com doenças do coração.

No entanto, manter o tratamento prescrito pelo profissional de saúde é imprescindível para prevenir problemas cardiovasculares, o que incluiu o acompanhamento médico, como em casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral) em pacientes com fibrilação atrial. A doença se caracteriza por batimentos irregulares do coração, que tornam o paciente mais favorável à formação de coágulos sanguíneos, que podem se deslocar até o cérebro, causando acidente vascular cerebral — popularmente conhecido como derrame.

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Pacientes com esse quadro, por exemplo, devem ter atenção redobrada com o novo coronavírus, segundo a médica Sheila Martins, presidente da Rede Brasil AVC e vice-presidente da organização mundial de AVC. “Essas pessoas já têm uma fragilidade maior pelas doenças do coração, e a COVID-19 causa um estado inflamatório sistêmico, em todo o corpo, o que pode 'descompensar' a condição cardíaca”, explica Martins.

“Além disso, o coronavírus também aumenta a coagulação do sangue e, consequentemente, a formação de trombos, que podem obstruir vasos da circulação sanguínea, incluindo os do coração, causando infarto; e, se for no sistema nervoso, AVC. São esses os dois motivos, tanto o aumento da inflamação, quanto o aumento da coagulação”, esclarece a médica sobre a necessidade de cuidado redobrado com os cardiopatas durante a pandemia.

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Como apontado, outro sinal de alerta é que a infecção pode provocar a formação de microcoágulos nos vasos sanguíneos. Há relatos, inclusive, de pessoas jovens e saudáveis que tiveram AVC e, depois, tiveram diagnóstico confirmado para COVID-19. Nesse sentido, a cidade de Nova Iorque, um dos epicentros da doença nos Estados Unidos, registrou um aumento de 800% em mortes em casa por infarto desde o início da pandemia. Em outras palavras, há uma relação ainda pouco conhecida entre o coronavírus e pacientes que chegam nos hospitais com sintomas de AVC.

“Nos Estados Unidos, onde há um enorme número de casos e um alto nível de testes realizados, tem-se observado que o número de pacientes com AVCs mais graves aumentou, e que esses pacientes testaram positivo para o novo coronavírus. Há pessoas que chegam com AVC, sem sintomas respiratórios e, quando testadas, confirma-se o diagnóstico de COVID-19”, explica Martins sobre essa relação, que ainda deve ser melhor estudada.

Afinal, “ainda não se sabe se há uma relação direta do vírus causando esses AVCs ou se é uma consequência do estado inflamatório aumentado que ele causa”, conclui a médica.

Pacientes oncológicos X óbitos

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Um estudo publicado pela University College London em parceria com a Data-Can alertam para uma provável elevação do índice de mortalidade de pessoas com câncer em pelo menos 20%, durante a pandemia do coronavírus. O estudo analisou dados semanais de oito hospitais britânicos e constatou que houve redução de 76% nos encaminhamentos de pessoas com suspeita de câncer e de 60% nas sessões de quimioterapia, provavelmente ocasionadas pelo medo de contaminação.

Esse cenário também se repete no Brasil, isso porque, segundo estimativas das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica, ao menos 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer desde o início da epidemia no país. Além da necessidade de acompanhamento médico e do rápido diagnóstico que não devem ser interrompidos pela pandemia, é necessário que os pacientes oncológicos tenham cuidados redobrados.

Segundo o oncologista Raphael Brandão, que também é fundador do projeto Missão COVID, “sabemos que os pacientes oncológicos podem sofrer mais com a COVID-19. Um estudo Chinês que avaliou os desfechos de pacientes com câncer e COVID-19, provenientes de 14 hospitais, chegou à conclusão que, comparados aos pacientes sem câncer, os pacientes com câncer tiveram maior risco de morte pelo coronavírus, maior risco de entrada em UTIs e maior necessidade de ventilação mecânica invasiva”.

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Essa análise também demonstrou que os pacientes com câncer tiveram um tempo médio de internação mais longo, de cerca de 27 dias. Além disso, os pacientes que sofreram mais com a infecção foram os portadores de neoplasia hematológica, como leucemia, linfoma e mieloma múltiplo. Para este grupo, a taxa de letalidade chegou a cerca de 30%. Enquanto isso, o segundo pior tipo de tumor para a COVID-19 foi o câncer de pulmão, com 18% de letalidade.

“A principal hipótese é que, dependendo do tratamento, o paciente pode ter uma mudança no funcionamento do sistema imunológico. Por exemplo, pacientes em quimioterapia podem apresentar imunossupressão, que significa um pior funcionamento do sistema imunológico, surgindo a oportunidade para algumas infecções oportunistas, como o coronavírus”, alerta Brandão.

Outra hipótese é ainda que, dependendo do estágio da doença, “o paciente pode estar com deficit nutricional e perda de massa muscular, ou seja, fatores que podem prejudicar na recuperação dos pacientes com COVID-19”, explica o oncologista. Por isso, é tão importante manter bons hábitos de saúde e, principalmente, o acompanhamento médico, já que uma doença não descarta as outras.

Fonte: com dados do Ministério da Saúde