Estudo faz alerta para pandemia silenciosa de resistência antimicrobiana
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A resistência antimicrobiana já está entre as principais causas de morte no mundo. Por dia, 3,5 mil pessoas morrem por essa causa em todo o mundo, principalmente em países de baixa renda. Segundo um estudo brasileiro publicado na revista científica Journal of Hospital Infection, as internações por covid-19 em UTIs do Paraná favoreceram o aumento na incidência de bactérias multirresistentes.
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O ocorrido também levou a um crescimento no consumo de antibióticos nas instituições de saúde, como observam os pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). A equipe analisou dados de 99 hospitais do estado, que notificaram 11.248 infecções associadas a dispositivos invasivos, como ventiladores mecânicos, cateteres e sondas, em 243.631 pacientes admitidos em UTIs entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020.
O estudo cita que em 2020 houve um aumento na densidade de incidência de uma bactéria chamada Acinetobacter baumannii resistente a antibióticos de amplo espectro, os chamados “carbapenêmicos”, em infecções relacionadas a dispositivos invasivos.
A infectologista Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias, pesquisadora da PUCPR, faz um alerta aos programas de controle de infecção hospitalar e de gerenciamento do uso de antimicrobianos em instituições de saúde, porque as contaminações por bactérias multirresistentes podem impactar na sobrevida dos pacientes.
“Entendemos que as informações resultantes de vigilância epidemiológica são de considerável valor para oportunizar melhorias nos hospitais, além de alertar as instituições de saúde. Por isso, a curto prazo, a pesquisa tem como objetivo servir como base para apoiar o plano estadual de prevenção e controle de infecções e resistência microbiana no Paraná”, afirma Viviane.
Resistência antimicrobiana
Entre janeiro e outubro de 2021, mais 3,7 mil amostras de bactérias resistentes a antibióticos foram identificadas pelo Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), sugerindo que a detecção de bactérias resistentes a antibióticos triplicou na pandemia.
Em 2020, primeiro ano da pandemia da covid-19, o número de amostras positivas para agentes resistentes aos antibióticos foi de quase 2 mil. Já na época, os especialistas ficaram intrigados. Uma das teorias que podem justificar o aumento nos casos de bactérias resistentes envolve o uso excessivo de antibióticos.
Com isso em mente, na época, a Anvisa chegou a divulgar orientações sobre prevenção e controle da disseminação de bactérias resistentes em serviços de saúde em meio à pandemia de covid-19.
Fonte: Journal of Hospital Infection, com informações da Anvisa