Estimulação elétrica cerebral mostra potencial contra Alzheimer
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Uma nova pesquisa publicada na revista Nature Neuroscience apontou a estimulação elétrica cerebral como uma alternativa em potencial para o tratamento contra a doença de Alzheimer, no futuro. A técnica utiliza campos elétricos de múltiplas frequências para estimular neurônios no hipocampo — região do cérebro envolvida na formação, armazenamento e recuperação de memórias.
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Conforme explicam os pesquisadores, os neurônios se comunicam por meio de sinais elétricos, e o Alzheimer tem impacto na comunicação entre os neurônios do hipocampo, inseridos nas profundezas do lobo temporal do cérebro.
A eletroestimulação cerebral profunda é uma forma de corrigir esses desequilíbrios da atividade elétrica e pode potencialmente tratar doenças cerebrais como o Alzheimer. O grupo defende que os eletrodos implantados podem monitorar a atividade e transportar pequenas correntes elétricas.
Antes de tentar atingir remotamente o hipocampo com campos elétricos, os pesquisadores usaram experimentos cerebrais post mortem para confirmar que isso era possível. Em seguida, usaram estimulação em 20 voluntários sem sintomas de Alzheimer enquanto memorizavam conjuntos de rostos e nomes, uma tarefa que requer a atividade do hipocampo.
Eles repetiram o processo em outros 21 voluntários por 30 minutos e descobriram que a técnica melhorou o desempenho da memória.
Estimulação elétrica contra Alzheimer
Agora a ideia dos pesquisadores é testar se o tratamento repetido com estimulação ao longo de vários dias poderia beneficiar as pessoas nos estágios iniciais da doença de Alzheimer. Para isso, um novo estudo vai contar com participantes a partir de 50 anos com comprometimento cognitivo leve.
O próprio grupo reconhece que esse conhecimento é fundamental para desenvolver melhores estratégias individualizadas para tratar ou retardar o surgimento de doenças. A expectativa dos autores é que o estudo ajude a aumentar a disponibilidade de terapias de estimulação cerebral profunda e reduza drasticamente custos e riscos.
Potencial da estimulação elétrica cerebral
Em 2021, um estudo da Universidade da Califórnia publicado na revista Nature Medicine apontou que a estimulação elétrica no cérebro pode ter um efeito antidepressivo profundo, desde que os choques sejam cuidadosamente adaptados ao humor e sintomas específicos de cada paciente.
Já em 2022, cientistas descobriram que é possível aumentar a memória através de estimulação elétrica, o que pode ajudar os pacientes com Alzheimer. As descobertas foram publicadas na Nature Neuroscience. O método envolve uma touca cheia de eletrodos e uma corrente elétrica usada para alterar as ondas cerebrais em regiões específicas.