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Estados brasileiros dão primeiros indícios de imunidade de rebanho contra COVID

Por| 21 de Agosto de 2020 às 20h30

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Fernando Zhiminaicela/Pixabay
Fernando Zhiminaicela/Pixabay

Mesmo que impacte o mundo todo, a pandemia da COVID-19 afeta os países e as regiões do globo de forma diferente, principalmente em países extensos. Essa é a situação do Brasil, onde estados enfrentam o novo coronavírus (SARS-CoV-2) de formas discrepantes, incluindo alguns que já dão sinais de terem alcançado a imunidade de rebanho contra a doença.

A imunidade coletiva ou de rebanho contra acontece quando o agente infeccioso não consegue mais se propagar de forma fácil e com força, porque não há mais tantas pessoas vulneráveis (que podem se contaminar) em número suficiente que sustente o crescimento da epidemia. Para isso, os números de casos diários deve cair e não voltar a crescer por mais de um mês, pelo menos.

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Possível imunidade de rebanho

Segundo a biomatemática portuguesa Gabriela Gomes, da Universidade de Strathclyde, na Escócia, as cidades de Nova Iorque, Londres e Mumbai parecem ter alcançado a imunidade de rebanho, depois de elevados casos da COVID-19. Agora, no Brasil, os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além da cidade de Manaus, caminham para essa situação.

Isso porque, com outros epidemiologistas, Gomes defende que o limiar da imunidade coletiva para o coronavírus é de cerca de 20%, e não de 70%, como indicam alguns modelos mais tradicionais. Isso significa um cenário no qual 20% das pessoas de uma região apresentem anticorpos. Entretanto, essa porcentagem pode não ser a mesma para outros os países e chega a variar até mesmo dentro deles.

Isso acontece porque o modelo de projeção usado se baseia na heterogeneidade da população, incluindo diferentes graus de exposição (mobilidade, atividade profissional) e de suscetibilidade (idade ou doenças pré-existentes).

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Não se pode olhar um país como um todo e cada região dentro dele terá um limiar próprio. "Só teremos imunidade coletiva ampla com vacina. Mas a força da pandemia já está reduzida em algumas partes do mundo, como na Europa e em parte da China. Também em regiões dos EUA e do Brasil, onde cada estado deve ser pensado como um país. Estamos mais próximos de voltar à normalidade. É importante que isso seja comunicado às pessoas", explica Gomes para O Globo.

Relaxamento da quarentena?

No entanto, a imunidade coletiva é apenas um indicador de tendências sobre o comportamento do vírus e não deve ser o único ponto a orientar políticas da autoridades públicas. Já que mesmo países mais afetados pelo coronavírus, como a Espanha e o Brasil, ainda não registram mais do que 10% da população infectada (na totalidade), o que faz com que o número de pessoas vulneráveis seja muito significativo.

"Em nenhum momento dissemos que distanciamento social e máscara são desnecessários. Sem eles, o sistema de saúde teria colapsado. Neste momento, tudo precisa ser feito com enorme cautela. A retomada precisa ser lenta e gradual para não expor todos os vulneráveis de uma vez, pois o vírus continua a circular", esclarece Rodrigo Corder, doutorando do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP).

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Em outras palavras, mesmo com a imunidade coletiva alcançada, pessoas ainda podem morrer em decorrência da COVID-19, porque os casos continuam a ocorrer, o que muda é a quantidade. Por exemplo, o Brasil começa a ver a doença se propagar mais entre os jovens, que saíram do distanciamento. Essa é a situação do estado de São Paulo, por exemplo, segundo pesquisas.

Também há o risco de ressurgência dos casos da COVID-19, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta semana, especificamente, para a Europa. De acordo com as estatísticas, nas duas primeiras semanas de agosto, o continente registrou 40 mil novos casos a mais do que nas duas primeiras semanas de junho.

COVID-19 no Brasil

A partir dos dados disponibilizados pelas secretarias de saúde dos estados, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) atualizou os números da COVID-19 na quinta-feira (20), dentro do território nacional. São 3.501.975 casos diagnosticados para a COVID-19, sendo que a média móvel de novas notificações dos últimos sete dias é de 39.586.

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No total, são 112.304 óbitos acumulados em decorrência da infecção causada pelo coronavírus, sendo que a média móvel de óbitos dos últimos sete dias é de 977 mortes. Com isso, a taxa de mortalidade no país é de 53,4 para cada 100 mil habitantes, enquanto a de incidência da infecção respiratória é de 1.666,4 para cada 100 mil pessoas.

Fonte: O Globo