Dieta rica em gordura e açúcar causa danos no cérebro a longo prazo
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Estudos ao longo da história já mostraram que o estilo de alimentação interfere diretamente na saúde do cérebro, e uma nova descoberta da University of Southern California reforça essa ideia: uma dieta baseada em junk food pode causar danos cerebrais a longo prazo.
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As informações publicadas no periódico Brain, Behavior, and Immunity mostram que o consumo de alimentos gordurosos durante os anos do desenvolvimento do cérebro (ou seja, na infância ou na adolescência) afeta a memória. Esse efeito é causado por um dos neurotransmissores.
Para chegar a esses dados, os pesquisadores norte-americanos fizeram testes com roedores, que foram alimentados com uma dieta rica em gordura e açúcar. Um dos grandes alertas desse estudo é que os efeitos negativos na memória não foram recuperados depois, nem quando os roedores aderiram a uma dieta mais saudável.
Uma das técnicas dos pesquisadores foi analisar as respostas cerebrais dos roedores a certas tarefas, como forma de testar a memória.
Os ratos que seguiram a dieta de junk food mostraram maiores dificuldades nos testes, de modo que não conseguiram lembrar o que precisavam.
Neurotransmissor pode ser a chave
Para os cientistas, o motivo ficou bem claro: o neurotransmissor acetilcolina. “A sinalização de acetilcolina é um mecanismo para ajudar a codificar e lembrar eventos. Esse sinal parece não acontecer nos animais que cresceram comendo uma dieta gordurosa e açucarada”, determina o estudo.
O lado bom é que a situação parece ser reversível, ainda que não apenas com a adesão a dietas saudáveis.
A equipe administrou nos roedores alguns medicamentos que induzem a liberação de acetilcolina, e descobriram que se a área do hipocampo (responsável por controlar a memória) for exposta a essas substâncias, a capacidade de memória pode ser restaurada.
Alimentação impacta o cérebro
Aquele ditado "você é o que você come" é um pouco verdadeiro no que diz respeito ao cérebro. Determinados alimentos podem ajudar ou atrapalhar o órgão.
Já está claro que alimentos processados aumentam risco de declínio cognitivo, por exemplo. Em um estudo da USP, quem consumiu mais de 20% das calorias diárias de alimentos processados teve um declínio 28% mais rápido na cognição.
Por outro lado, existem alimentos que melhoram a concentração e a produtividade, como peixes gordurosos, café e chocolate.
Nesse estudo da USC, os autores lançam uma preocupação sobre a alimentação dos adolescentes e a a maneira como isso pode impactar ao longo da vida, por causa dos possíveis danos no cérebro. O estudo mostrou as consequências em roedores, mas já é o suficiente para ficarmos de olho!
Fonte: Brain, Behavior and Immunity, USC