Dia Mundial do Chocolate: quando o cacau faz bem para a saúde?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
No Dia Mundial do Chocolate, que é celebrado nesta sexta-feira (7), especialistas explicam que a sobremesa derivada do cacau tem inúmeros benefícios para o corpo humano, melhorando até a saúde do coração, além de ser irresistível — cientistas já investigaram o que leva ao desejo louco por chocolates. Só que nem tudo são doces, e alguns tipos de chocolate são mais benéficos que outros, quando adicionados na alimentação.
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Como regra geral, os chocolates mais saudáveis tendem a ser aqueles com maiores concentrações de cacau — os menos adocicados e com menos leite. No sentido oposto, está o chocolate branco, com baixa presença de cacau na sua composição, mas quantidades maiores de açúcar e gordura.
Chocolate faz bem para o coração?
De tempos em tempos, os usuários das redes sociais costumam eleger inimigos para a saúde. Na maioria das vezes, o chocolate passa ileso por esse tribunal, já que o alimento é bastante estudado por diferentes equipes de pesquisadores em todo o mundo.
Entre as principais evidências dos benefícios do consumo moderado do doce, está uma revisão sistemática e meta-análise publicada na revista científica British Medical Journal (BMJ). Basicamente, os autores revisaram pesquisas anteriores sobre o mesmo tema em busca de consensos referentes ao consumo de alimentos com cacau ou chocolate.
“Embora o consumo excessivo possa ter efeitos prejudiciais, os estudos existentes geralmente concordam com uma associação potencialmente benéfica do consumo de chocolate com um menor risco de distúrbios cardiometabólicos”, afirmam os cientistas da Universidade de Cambridge, no artigo. Em outras palavras, o alimento reduz o risco geral de doenças do coração. Além deste, outros estudos apontam para conclusões semelhantes, como o Canaltech já apontou.
Benefícios do chocolate para a saúde humana
Quando se pensa nos benefícios do doce, a maioria dos especialistas estão se referindo aos compostos encontrados no cacau, ou seja, na fruta que é a principal matéria-prima do chocolate, como explica Saman Khalesi, professor de nutrição na Universidade Central de Queensland, na Austrália. Por exemplo, "os grãos de cacau contêm minerais como ferro, potássio, magnésio, zinco e fósforo e algumas vitaminas”, afirma em artigo para o The Conversation.
Além disso, o professor lembra que os chocolates são ricos em polifenóis, também conhecidos como flavonoides. "Estes são ótimos antioxidantes, com potencial para melhorar a saúde do coração , aumentar o óxido nítrico — aquele que dilata os vasos sanguíneos —, reduzir a pressão arterial, fornecer alimento para a microbiota intestinal, promover a saúde do intestino, estimular o sistema imunológico e reduzir os níveis de inflamação”, complementa.
"No entanto, a concentração de polifenóis no chocolate que comemos depende muito das quantidades de cacau utilizadas no produto final”, alerta Khalesi. Neste ponto, são melhores opções os tipos com mais de 70% cacau, “darks” ou amargos.
Atenção com os ingredientes extras do chocolate
Indo além das quantidades de cacau presentes no chocolate, outro ponto importante é avaliar os ingredientes extras incluídos no produto, como explica Leonardo Oliveira, nutricionista e professor do Centro Universitário Fametro (Unifametro), no Ceará, em nota.
“É fato que o chocolate, a depender do tipo, é também um alimento rico em gorduras”, pontua o professor Oliveira. Desconsiderando as versões com maiores concentrações de cacau, “o chocolate ao leite e tipos similares, como chocolate com amendoim, castanha, além do branco, possuem altas quantidades de açúcar e gordura adicionada, tendo um impacto negativo na saúde”, comenta.
Por isso, o especialista explica que, na nutrição, deve-se adotar a máxima do consumo consciente e controlado. “O grande problema do consumo da maioria dos alimentos ditos ‘ruins para a saúde’ ocorre por conta dos excessos que as pessoas fazem”, afirma Oliveira.
Quantidade ideal de chocolate por dia
Para Oliveira, mesmo quem tem uma dieta alimentar muito restritiva, “pode pensar nesse alimento como uma das fontes de gordura daquela refeição e, nesse caso, refiro-me a 25g, por exemplo, o que não costuma passar de 2 quadradinhos de um tablete maior”. Para os outros, o importante mesmo é encontrar um meio termo e, mesmo que seja difícil resistir, não vale acabar com a barra de chocolate de uma única vez.
A história por trás da barra de chocolate
Aproveitando o Dia Mundial do Chocolate, é interessante perceber que, durante a maior parte da história do cacau relacionado com a humanidade, dentro das culturas asteca e maia, ele não foi consumido em barras, como aponta Liam Corr, pesquisador da Universidade de Huddersfield, na Inglaterra.
"O chocolate como é apreciado hoje é bem diferente de quando chegou à Europa vindo da América do Sul por volta do século XVI”, comenta Corr para o The Conversation. Dentro da cultura asteca, o cacau era consumido especialmente na forma de bebida, e tinha valores culturais e medicinais. Por exemplo, era associado com o tratamento da febre, fadiga e até mesmo diarreias.
“A crença asteca de que o cacau era um elixir divino provavelmente se devia à noção de que era um presente de Quetzalcoatl, o deus asteca do vento e da sabedoria”, acrescenta Corr. As mudanças no entendimento dessa fruta só vieram quando ela chegou à Europa e se espalhou para o mundo.
Inicialmente, os grãos de cacau eram amassados e misturados com mel e açúcar, tornando-se uma bebida popular entre a elite europeia. Só, no século XIX, é que as barras de chocolate se popularizaram, com a produção do britânico Joseph Fry. De lá para cá, muita coisa mudou, mas o chocolate continua a ser adorado, preservando inúmeros benefícios para a saúde.