COVID | Vacina chinesa promove produção de anticorpos em 90% dos pacientes
Por Fidel Forato |
Uma boa notícia chega para o combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). É que a Sinovac, empresa chinesa de biotecnologia, anunciou neste final de semana que sua vacina para a COVID-19, já em fase de testes em humanos, induziu a produção de anticorpos em mais de 90% dos pacientes que receberam uma dose. A fórmula também será testada por voluntários brasileiros pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
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Além da elevada taxa de resposta, não foram notados efeitos colaterais severos na medicação. Segundo nota da Sinovac, 600 pessoas participaram desta etapa — chamada de fase 2 no desenvolvimento do imunizante. No entanto, isso não significa que todas foram vacinadas, já que na pesquisa há o chamado grupo placebo ou controle, que não recebe nenhuma substância para fins comparativos.
Até o momento, a empresa não informou quantas pessoas, de fato, receberam a vacina, apelidada de CoronaVac, e nem quantas produziram os anticorpos. Isso porque ainda não foi publicado o estudo científico que deve detalhar essa etapa, descrevendo os resultados iniciais.
Etapas da vacina
Além dos testes da fase 2 para o desenvolvimento da vacina, a empresa já havia conduzido com sucesso os experimentos da fase 1. Na primeira etapa, a segurança da vacina foi testada com 143 voluntários homens, na China. Já na fase recém-concluída, os testes foram realizados em 600 voluntários escolhidos de forma aleatória, no mesmo país.
As etapas já concluídas para o desenvolvimento da vacina foram feitas de forma randomizada — quando as pessoas são selecionadas para os grupos de teste de maneira aleatória — usando metodologia de duplo-cego — quando nem os pesquisadores, nem os participantes sabem o que estão recebendo.
Agora, na fase 3, nove mil voluntários receberão a vacina — inclusive o Brasil participará dessa etapa. Com a parceria do Instituto Butantan, a ideia é verificar a eficácia e a capacidade de imunização em diferentes populações, por isso é importante a descentralização dos testes.
Bom sinal?
Segundo a empresa chinesa, os anticorpos neutralizantes contra a COVID-19 apareceram depois de 14 dias da aplicação da vacina. Questionada sobre os resultados iniciais pelo G1, a microbiologista Natália Pasternak, do Instituto Questão de Ciência, avalia que é "bastante provável" que essa vacina traga alguma imunidade contra o novo coronavírus.
"Anticorpos neutralizantes são protetores; mas não sabemos quanto tempo essa imunidade dura – isso só saberemos com o tempo, mesmo. Por isso testa contra um placebo, para ver se a vacina realmente está protegendo. Mas é justamente isso o que a fase 3 vai dizer. Parece ser uma boa vacina", explica Pasternak sobre os testes que ainda são necessários para a efetiva proteção da fórmula.
Até o momento, a microbiologista avalia que o "problema" dessa potencial vacina é que, por ser "antiquada" em termos de tecnologia, trabalha com o vírus "inteiro". Em outras palavras, significa que para sua produção é necessário, primeiro, cultivar o vírus e, depois, inativá-lo para cada dose.
Nesse sentido, se o novo coronavírus sofrer alguma mutação significativa, por exemplo, essa vacina não teria eficácia contra ele, explica. Por outro lado, "esse vírus não tem uma taxa de mutação alta, então isso é pouco provável, mas, se acontecer, essa vacina não vai mais servir, e não vai servir para outros vírus", alerta a pesquisadora.
Fonte: G1 e Governo de São Paulo