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COVID-19 | Remédio citado por Marcos Pontes terá resultados apresentados em maio

Por| 20 de Abril de 2020 às 21h00

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Reprodução: Sérgio Lima
Reprodução: Sérgio Lima

Depois da cloroquina, um outro remédio vem chamando a atenção no possível tratamento contra a COVID-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Em entrevista recente à Band News, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, confirmou que experimentos vêm sendo feitos com o medicamento nitazoxanida, genérico do antiparasitário Annita.

O remédio de baixo custo, usado para tratamentos de gastroenterites virais, já foi mapeado pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), graças à inteligência artificial e biologia computacional junto a dois mil fármacos. Os resultados mostraram que, após 48 horas de uso in vitro, o medicamento apresentou eficácia de 93,4%. Essa informação foi divulgada ainda na semana passada, mas o nome Annita não havia sido citado para não acontecer o mesmo com a cloroquina, quando informações sobre seus testes levaram milhares de pessoas às farmácias.

Agora, com a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, mais de 30 pesquisadores brasileiros farão pesquisas com a nitazoxanida, com investimento inicial de R$ 2 milhões. O governo brasileiro também vem testando o princípio ativo para chegar aos melhores resultados. Nesta próxima etapa, os testes serão feitos com humanos.

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Laboratório do medicamento não tem relação com o governo

A empresa Farmoquímica, responsável por produzir o Annita, está trabalhando em um projeto paralelo para o tratamento e cura da COVID-19, e diz que as pesquisas incentivadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia são diferentes. Em nota ao UOL, Vinicius Blum, médico da empresa, reforça que a iniciativa do governo é independente.

"A Farmoquímica desconhece o estudo em questão e, por isso, não se manifestou de maneira alguma a respeito do andamento da pesquisa científica do ministério. Não há informação que o remédio seja eficaz e não estamos, de maneira alguma, estimulando ninguém a usar Annita para o tratamento de COVID-19", contou Blum ao portal.

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Com autorização do Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) para a Farmoquímica começar os testes com a nitazoxanida, 50 pacientes infectados e que não estão em estado crítico irão passar por um processo chamado prova de conceito, que dura cerca de 21 dias. O medicamento será fornecido a pacientes por sete dias, com observações sobre a evolução dos quadros por 14 dias. Outro grupo receberá remédios sem efeito, conhecidos como placebo, para comparação. Cinco hospitais de São Paulo farão parte da pesquisa, com os resultados ficando prontos no início do mês de junho.

Já os testes do governo irão envolver 500 pacientes com COVID-19 nas próximas semanas, em sete hospitais militares em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, com os resultados começando a ser apresentados ainda em maio. Os testes devem durar cinco dias, com o monitoramento da carga viral, sintomas, exames clínicos e de imagem, cardíacos e laboratoriais, por nove dias.

O que é o Annita?

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O medicamento Annita, que possui nitazoxanida em sua composição, é indicado para o tratamento de doenças causadas por rotavírus e norovírus, helmintíases, amebíase, giardíase, criptosporidíase, blastocistose, balantidíase e isosporíase, e é contraindicado para pacientes que possuem doenças hepáticas ou renais.

Disponível em comprimidos ou suspensão oral, o Annita custa entre R$ 20 a R$ 50, com dose médica prescrita previamente para sua efetividade já conhecida. Em relação ao tratamento contra o novo coronavírus, é preciso aguardar os resultados dos testes com seres humanos, uma vez que as pesquisas in vitro não garantem a efetividade para a nova doença.

Por mais que as expectativas pelo novo medicamento sejam positivas, não será tão fácil assim conseguir comprá-lo para a automedicação. A Anvisa já anunciou, no dia 15 de abril, que o remédio, seja Annita ou genérico, será vendido apenas com receita médica especial C1 de medicamentos controlados, que estão presentes no Anexo I da portaria 344/1998.

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Testes fora do Brasil

Mas não é só o Brasil, claro, que cientistas e médicos vêm pesquisando o remédio. No Egito, a nitazoxanida já foi testada de duas formas diferentes em humanos, e no México vem sendo feita a combinação com outras drogas, incluindo a cloroquina e a hidroxicloroquina. Lá, os experimentos já estão na fase 4, ou na última etapa, quando são coletadas informações adicionais sobre eficácia, segurança e uso ideal da medicação. Já nos Estados Unidos, as pesquisas devem começar apenas no dia 30.

"Nós estamos fazendo testes no Brasil e em outros países. Eu faço parte de um grupo de 15 ministros de ciência e tecnologia e essa informação já foi passada a esses outros países, que também estão iniciando protocolos semelhantes", diz Pontes, sendo otimista em relação aos resultados que estão por vir.

Vale reforçar que o uso da nitazoxanida no tratamento da COVID-19 ainda não foi provado, e que a automedicação não é recomendada.

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Fonte: O Tempo, PEBMED, Sputnik, UOL, Band News