COVID-19 | AstraZeneca pode ter usado dados desatualizados em ensaios da vacina
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 23 de Março de 2021 às 15h31
Uma das vacinas sendo aplicadas nos grupos prioritários nesta primeira fase do plano nacional de imunização é a Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela biofarmacêutica AstraZeneca. Na última segunda (22), por meio de testes clínicos realizados em pessoas dos Estados Unidos, Peru e Chile, as responsáveis pela vacina anunciaram eficácia de 79% na prevenção de infecções sintomáticas. No entanto, logo em seguida, as autoridades dos EUA apontaram que as informações podem estar incompletas, com dados de um mês faltando.
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De acordo com um comunicado, na noite de segunda-feira, um conselho de revisão independente que examinou os dados da AstraZeneca/Oxford revelou, ao governo e à empresa, estar "preocupado com as informações divulgadas pela AstraZeneca sobre os dados iniciais de seu ensaio clínico da vacina COVID-19". Esse grupo independente, denominado Data Safety Monitoring Board (DSMB), expressou preocupação de que a AstraZeneca possa ter incluído informações desatualizadas desse ensaio.
Isso seria capaz de trazer uma visão incompleta dos dados de eficácia. "Instamos a empresa a trabalhar com o DSMB para revisar os dados de eficácia e garantir que dados de eficácia mais precisos e atualizados sejam tornados públicos o mais rápido possível", apontou o grupo independente. Dr. Anthony Fauci, chefe da agência governamental que divulgou a informação, esclareceu que a AstraZeneca chegou a divulgar os dados disponíveis apenas até 17 de fevereiro, enquanto os apresentava como se fossem informações atuais.
A resposta da AstraZeneca
No entanto, ninguém sabe ao certo o quanto as informações atualizadas podem alterar a taxa de eficácia relatada anteriormente. De qualquer forma, em resposta ao ocorrido, a AstraZeneca disse nesta terça-feira (23) que divulgou uma análise provisória pré-especificada com um coorte de dados em 17 de fevereiro.
"Revisamos a avaliação preliminar da análise primária e os resultados foram consistentes com a análise intermediária. Estamos agora concluindo a validação da análise estatística", disse a empresa em um comunicado, acrescentando que pretende emitir os resultados dessa análise dentro de 48 horas.
O estudo divulgado na segunda-feira incluiu mais de 30 mil participantes, mostrando forte proteção contra COVID-19 em todas as faixas etárias e em condições de saúde, etnia e raça, e não relatou problemas graves de segurança, incluindo a ausência de coágulos sanguíneos e efeitos colaterais comparáveis a outras vacinas. A biofarmacêutica disse, na ocasião, que continuaria a analisar os novos dados obtidos para, nas próximas semanas, fazer o pedido de autorização de emergência do uso da vacina nos Estados Unidos.
Fonte: USA Today