Colapso de população do Neolítico teria sido causado por peste
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |

Pesquisadores podem ter encontrado a causa de uma calamidade ocorrida na Idade da Pedra, há 5.000 anos, quando a população do norte da Europa sofreu uma queda brutal. No evento, diversas comunidades agrícolas desapareceram, o que é chamado de “Declínio do Neolítico”.
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Apesar de ter identificado o colapso populacional dos povos da época, os cientistas não sabem dizer o que causou o fenômeno. No novo estudo, liderado por especialistas da Universidade de Copenhagem e publicado no periódico científico Nature, foram analisados dentes preservados em tumbas na Escandinávia, descobrindo que doenças podem ter sido as responsáveis.
A Peste do Neolítico
Foram sete tumbas escavadas na Suécia, na região de Falbygden, uma na costa do país, perto de Gotemburgo, e outra na Dinamarca. Os locais megalíticos, formados por grandes pedras empilhadas, guardavam os restos de 108 pessoas da Idade da Pedra — 62 homens e 45 mulheres, 18 (17%) deles infectados pela peste bubônica (causada pela bactéria Yersinia pestis).
Para completar, foi possível estudar as árvores genealógicas de 38 dos enterrados em Falbygden por até seis gerações, com 120 anos de dados recuperados. Destes, 32% foram infectados pela doença, em três ondas diferentes de uma cepa antiga da peste na mesma comunidade. Com o genoma completo da bactéria sendo sequenciado, notou-se que a última leva era mais virulenta.
As teorias para o Declínio do Neolítico incluíam guerras com populações das estepes, crises agrícolas que teriam levado à fome e doenças, mas não havia sido encontrado um genoma da peste que comprovadamente tivesse infectado humanos.
A descoberta mostra que, de fato, a doença afetou as populações, embora não saibamos se os sintomas eram os mesmos da Peste Negra (séc. XIV) ou da Peste de Justiniano (séc. VI), já que a cepa era ancestral destas mais modernas. A bactéria pode ter sido a responsável por varrer as populações de outras partes do norte europeu.
À época, entre 3.300 a.C. e 2.900 a.C., toda a população nortenha acabou desaparecendo, sendo substituída pelos povos yamna, das estepes ucranianas. Em outras partes do mundo, como na Mesopotâmia e no Egito, já havia civilizações com cidades e tecnologias crescentes, enquanto os europeus aprendiam a domesticar animais e adotavam a agricultura definitivamente.
Fonte: Nature