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Cirurgia robótica para controle do diabetes é feita pela 1ª vez no Brasil

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Agosto de 2021 às 14h00

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Acervo Pessoal
Acervo Pessoal

Descobertas no campo da robótica melhoram cade vez mais a precisão da medicina e afetam, positivamente, o resultado de cirurgias. Nesse cenário, foi realizado, pela primeira vez no Brasil, o tratamento cirúrgico do diabetes tipo 2, através de uma cirurgia robótica. A maior precisão da intervenção garantiu ao paciente uma recuperação mais rápida.

O primeiro procedimento deste tipo foi feito pelo médico e cirurgião do aparelho digestivo Alcides Branco, no início de julho, no Paraná. Com a assistência do robô da DaVinci, Branco ganhou uma visão tridimensional 20 vezes maior que a humana e pode realizar o procedimento com movimentos mais precisos e menos invasivos. Hoje, o paciente já está recuperado e mantém os resultados positivos.

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Para entender os detalhes da cirurgia inédita e que garante uma recuperação mais rápida para o paciente, o Canaltech conversou com o cirurgião sobre como o robô da DaVinci pode ser operado.

Vantagens da cirurgia robótica

Durante a cirurgia, Branco controlava o robô DaVinci e, consequentemente, os quatro braços mecânicos equipados com diversos instrumentos médicos da tecnologia. Este controle era feito através de um painel, presente na sala de cirurgia, mas o médico não precisava ficar frente a frente com o paciente, por exemplo. Afinal, a tecnologia já permite certo distanciamento.

Além disso, o equipamento possui câmeras que entregam imagens em 3D para turbinar os sentidos do cirurgião e os braços podiam girar em até 360º, o que permitia maior liberdade e controle dos movimentos. "O robô colabora para o procedimento por oferecer uma visão 3D, com uma precisão maior e com melhor ergonomia para o cirurgião e com trauma menor na parede abdominal do paciente", conta o médico sobre os benefícios do procedimento com auxílio da robótica.

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Em breve, esses procedimentos devem sofrer um novo salto, porque a tecnologia 5G deve permitir que as operações sejam realizadas a distâncias muito maiores, como entre cidades ou até mesmo continentes. "A ideia é que com o 5G isso possa acontecer, mas isso não é possível atualmente", explica.

Cirurgia para controlar o diabetes tipo 2

Antes de entrar na sala de cirurgia, o paciente do primeiro procedimento do tipo passou por uma série de exames que comprovou que ele estava, de fato, apto para a cirurgia metabólica e com o pâncreas — órgão responsável pela produção de insulina — "cansado", mas ainda saudável.

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"O objetivo maior da cirurgia do diabetes é estimular o pâncreas a produzir insulina. Ele também tinha uma obesidade característica da Síndrome Metabólica, com acúmulo de gordura visceral. A luta contra o diabetes é desigual. Ele estava se cuidando com dieta, comprimidos e insulina sem resultado. A cirurgia metabólica é uma excelente ferramenta para ajudar a salvar essas pessoas", explicou Branco.

"A cirurgia metabólica atua em três mecanismos. O primeiro diminui a quantidade de comida ingerida pelo paciente e com isso diminui a sobrecarga do pâncreas. O segundo isola o pâncreas e as vias biliares. O terceiro realiza um desvio intestinal", detalha o cirurgião.

Desde 2017, o procedimento é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Em alguns casos, a operação pode ser confundida com a cirurgia bariátrica, mas a bariátrica visa a perda de peso e a remissão de comorbidades como o diabetes e hipertensão, está em segundo plano. No caso da metabólica, o principal objetivo é, de fato, o controle do diabetes.

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Entendendo o caso

No caso da primeira cirurgia do tipo, o paciente era um homem, de 61 anos, que descobriu o diabetes de tipo 2 após sofrer um acidente e ser hospitalizado em 2005. Desde então, ele tentou controlar a doença com os medicamentos disponíveis e chegou a atingir a dose máxima de insulina diária, mas não conseguia resultados em níveis aceitáveis.

"Eu estava com os melhores medicamentos e insulinas existentes, mas não conseguia abaixar a glicemia glicada. Toda hora eu estava aplicando a [insulina] rápida para baixar a glicose. Não era vida. Até que chegou o momento em que meu endocrinologista disse 'daqui a alguns anos isso vai te cobrar'. Eu tive medo de perder o pé, ficar cego, perder o rim", comentou o paciente.

Após o procedimento, a glicemia do paciente já estava em níveis reduzidos e o indivíduo não precisou mais de aplicações de insulina e nem de medicamentos para controlar o diabetes tipo 2.