Cientistas misturam LSD e MDMA para ver possíveis benefícios terapêuticos
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Em novo estudo publicado na Neuropsychopharmacology, pesquisadores passaram a testar os efeitos terapêuticos da mistura de LSD e MDMA. A descoberta é que essa mistura pode aumentar os impactos positivos no humor e diminuir a ansiedade associada à resposta do LSD.
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Para chegar a isso, os autores contaram com a participação de 24 voluntários. Para contextualizar, vale enfatizar que a psicoterapia psicodélica, conduzida com base em dados científicos e por profissionais capacitados, tem se mostrado promissora como tratamento para depressão e outras condições de saúde mental, mas é importante destacar que o LSD também pode proporcionar experiências assustadoras e desagradáveis. Também é válido dizer que o uso recreativo de substâncias alucinógenas não é indicado pela comunidade científica.
De volta ao estudo: ao contrário do LSD, que gera viagens psicodélicas ao se ligar aos receptores de serotonina 2A no cérebro, o MDMA estimula a liberação de hormônios como norepinefrina, serotonina e oxitocina. Isso levou os pesquisadores a levantarem a hipótese de que adicionar MDMA ao LSD aumentaria os efeitos positivos, e, ao mesmo tempo, diminuiria os negativos.
Os pesquisadores notaram que os efeitos do LSD duraram mais quando combinado com o MDMA, provavelmente porque o último inibe uma enzima que decompõe as drogas psicodélicas. No entanto, a conclusão é que "provavelmente há pouco benefício em combinar MDMA e LSD na terapia psicodélica assistida”.
Benefícios terapêuticos do LSD
Não é de hoje que cientistas tentam descobrir benefícios terapêuticos desse tipo de substância. Anteriormente, um estudo da Experimental Neurology sugeriu que LSD pode reativar a cognição. Para conduzir a análise, os pesquisadores contaram com um modelo computacional e investigaram dados bioquímicos.
Na ocasião, os autores do estudo concluíram que a administração prévia de LSD aumenta a plasticidade neural nos organoides de neurônios humanos, aumenta a preferência por novos objetos em ratos e melhora a memória visuo-espacial em humanos.
Em outro artigo, pesquisadores descobriram que drogas psicotrópicas "reabrem" o cérebro para novos aprendizados, pois agem nos “períodos críticos”, que são janelas cruciais de desenvolvimento e aprendizado no cérebro que geralmente acontecem na adolescência. Durante períodos críticos, o cérebro é altamente capaz de aprender habilidades específicas, como a linguagem.
Para entender se a microdosagem de LSD poderia aumentar a produtividade e estimular a criatividade, cientistas expuseram peixes-zebra, ou paulistinhas (Danio rerio) à substância. Eles observaram uma significante redução da ansiedade durante o uso, bem como seu aumento durante a abstinência.
Fonte: Neuropsychopharmacology, IFL Science, Experimental Neurology, The BMJ, Psychopharmacology