LSD e cogumelos poderiam reduzir risco de diabetes e cardiopatias, sugere estudo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Investigando o uso de drogas psicodélicas, pesquisadores fizeram uma descoberta, no mínimo, curiosa: pode existir uma associação entre pessoas que experimentaram alguma dessas substâncias — como cogumelos, LSD ou ayahuasca — e menor probabilidade de doenças cardíacas e de diabetes. A relação direta não foi comprovada.
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Uma equipe de cientistas identificou essa tendência inesperada após analisar dados da Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde (NSDUH), feita com a população norte-americana entre os anos de 2005 a 2014. No estudo, foram considerados entrevistados que disseram ter experimentado psicodélicos pelo menos uma vez na vida. Segundo a atual pesquisa, estas pessoas tiveram um risco reduzido de desenvolver algumas doenças, como diabetes e outras condições cardiometabólicas.
Publicado na revista Nature Scientific Reports, o estudo sobre o uso de psicodélicos e os efeitos supostamente benéficos contou com a participação de pesquisadores de diferentes instituições, como o Imperial College London e a Universidade do Alabama em Birmingham, ambos no Reino Unido, e o Instituto Karolinska, na Suécia.
Vale destacar, no entanto, que os dados não permitem afirmar nenhuma relação de causalidade entre a duas questões. Em outras palavras, a pesquisa não demonstrou que usar psicodélico (causa) é a responsável por diminuir o risco das doenças (efeito). Por exemplo, outros fatores podem estar relacionados, incluindo a aleatoriedade.
Metodologia e resultados
Durante o estudo, os cientistas analisaram registros de 375 mil entrevistados. Aproximadamente 2,3% daqueles que já haviam usado algum psicodélico relataram doença cardíaca no ano anterior, em comparação com 4,5% daqueles que nunca usaram essas drogas. Além disso, 3,95% daqueles que fizeram uso de algum psicodélico relataram diabetes, em comparação com 7,7% daqueles que não usaram.
Na investigação, foram consideradas as seguintes drogas: dimetiltriptamina (DMT); ayahuasca; dietilamida do ácido lisérgico (LSD); mescalina e peiote, encontrada em cactos; e psilocibina, dos cogumelos.
Mais estudos são necessários
"As descobertas sugerem que o uso de psicodélicos clássicos ao longo da vida está associado a menores chances de ter tido doença cardíaca ou diabetes no ano passado", explicou o pesquisador do Instituto Karolinska, Otto Simonsson.
No entanto, “a direção da causalidade permanece desconhecida”, destacou Simonsson. “Futuros ensaios clínicos duplo-cegos, randomizados e controlados por placebo são necessários para estabelecer se o uso de psicodélicos clássicos pode reduzir o risco de doenças cardiometabólicas e, em caso afirmativo, por meio de quais mecanismos”, completou o pesquisador.
Para acessar o estudo sobre a associação dos psicodélicos e as doenças cardiometabólicas, clique aqui.