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Aplicativo promete simular efeitos do LSD usando apenas luz; veja como funciona

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 07 de Abril de 2021 às 15h19

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Goashape/Unsplash
Goashape/Unsplash

Você já imaginou como é uma “viagem” desencadeada pelo uso de drogas como o LSD? Ou como funciona o estado de pleno relaxamento que os monges budistas costumam alcançar? Se teve curiosidade, mas nunca experimentou nada assim, essa pode ser a chance de fazer isso com segurança e sem risco de dependência química.

É que um aplicativo para celular chamado Lumenate promete reproduzir efeitos similares na sua mente. O app usa luzes piscantes da câmera do flash do celular para desencadear sensações na mente e oferecer uma experiência no mínimo diferente.

Os desenvolvedores afirmam que a criação permite guiar o cérebro a um estado alterado de consciência, algo entre a meditação profunda e uma viagem ao mundo das drogas psicotrópicas clássicas. Dentre os efeitos benéficos estariam mais clareza no pensamento e uma noite de sono mais tranquila.

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Uma explicação básica do funcionamento: conforme a luz pisca em certa intensidade, o cérebro responde a este estímulo para tentar sincronizar as ondas. Segundo o app, isso vai se espalhando gradualmente até haver uma completa alteração da consciência.

“Desde entrevistar pessoas no Burning Man sobre o que a liberdade significa para elas até meses de monitoramentos cerebrais e eletrocardiogramas para desenvolver e otimizar nosso método de induzir estados alterados usando luz e som. Nossa jornada tem sido tudo, menos comum”, diz o site do aplicativo.

A famosa atriz vencedora do Globo de Ouro Rosamund Pike investiu na empresa e agora é a diretora criativa da marca. Usando seu reconhecimento, ela tem ajudado o Lumenate a ganhar popularidade e aumentar a base de usuários.

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Funciona?

É claro que o Canaltech testaria a novidade para dar o veredicto sobre o Lumenate. O experimento foi conduzido em uma sala com pouca luminosidade, silenciosa e com o uso de fones de ouvido para aprimorar o recurso auditivo.

O celular fica bloqueado na tela do aplicativo e a câmera deve ficar voltada para a direção do rosto. É preciso fechar os olhos e se posicionar de forma confortável. Quando o processo se inicia, a luz do flash pisca em diferentes velocidades e isso traz uma estranheza logo de início. O narrador explica que as pessoas experimentam sensações diferentes ao aproximar ou afastar o celular dos olhos, sendo o ideal algo entre 4 e 7 cm de distância.

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Como a frequência da luz muda, a percepção muda e dá para enxergar, mesmo de olhos fechados, formas geométricas se movendo: quadrados, triângulos, círculos parecem se fundir como se estivesse vendo um caleidoscópio. É preciso pressionar os olhos para não abri-los no início, já que a tendência do cérebro é querer interromper esta emissão constante. Depois de um tempo, tudo fica mais fácil e você passa a “curtir a viagem”.

Embora o repórter nunca tenha usado LSD, os efeitos são amplamente conhecidos: pupilas dilatadas, sudorese, batimentos cardíacos acelerados, excitação, aumento da pressão arterial, tremores, boca seca, insônia e falta de apetite. O que se pode dizer é que nada disso foi sentido durante a execução do app.

Por outro lado, as demonstrações disponíveis gratuitamente causaram um efeitos de tranquilidade e relaxamento, como em uma meditação. Há outras opções já presentes, como sessões para melhorar o sono, exploração meditativa ou até algo mais intenso, porém só estão liberadas para os assinantes do app. O pacote mensal sai por US$ 36,99 e o plano anual custa US$ 219,99.

Certamente, o Lumenate traz uma experiência curiosa, que deve gerar sensações diferentes em cada pessoa. Como o programa é em inglês, faz-se necessário compreender o idioma para seguir os comandos do narrador.

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O uso é recomendado apenas para maiores de 18 anos, que não apresentem reações epilépticas ou fotossensibilidade. Segundo o aviso médico no app, o uso pode causar dores de cabeça, náuseas e enjoos — se você tem enxaqueca ou costuma apresentar o terrível “motion sickness”, talvez seja bom não embarcar nessa “aventura”.

Sem comprovação científica

A ciência por trás de tudo isso ainda não é exatamente conclusiva. Diversos estudos falam sobre o uso de luzes para uma reprogramação cerebral ou alteração dos níveis de consciência, mas nunca houve nenhum tipo de comprovação irrefutável da sua eficácia.

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Uma pesquisa realizada em 2019 por uma equipe da Sussex University descobriu que “a estimulação estroboscópica [o nome dado ao uso de luzes piscantes] causou aumentos substanciais na intensidade e na gama de experiências subjetivas, com relatos de alucinações visuais simples e complexas”. O levantamento envolveu 19 alunos, mas não foi submetido a avaliação da comunidade científica, o que impacta na sua credibilidade.

O que se sabe amplamente na ciência é que este tipo de estímulo pode desencadear casos de epilepsia, tonturas ou outros sintomas. Há relatos de pessoas que passaram mal com luzes piscantes de árvores de natal, por exemplo, ou enquanto estavam dançando na pista de uma boate.

O episódio mais famoso até hoje ocorreu no Japão, em 1997, durante a exibição do desenho animado Pokémon. Cerca de 700 crianças foram parar no hospital após apresentarem casos convulsivos causados pelo excesso de luzes piscantes e coloridas em um episódio específico.

Ficou com vontade de baixar o Lumenate? O que achou da experiência? Compartilhe sua opinião.